A
estimativa é de que o Distrito Federal tenha 920 novos casos de câncer
de mama este ano, de acordo com a Secretaria de Saúde do DF. Taguatinga e
Ceilândia têm apresentado a maior incidência, cada uma com 12% dos
casos. No momento, 2,3 mil pacientes estão em tratamento.
De
acordo com a mastologista Carolina Fuschino, presidente da Sociedade
Brasileira de Mastologia no DF (SBM –DF), o Outubro Rosa é uma data de
grande valor porque “chama a atenção das mulheres para que elas tomem
consciência da necessidade da realização da mamografia”. Isso, segundo a
oncologista Andrea Farias, auxilia na prevenção, diagnóstico e
tratamento da doença.
Andrea
complementa que, quando detectado precocemente, as chances de cura do
câncer podem alcançar 95%. Dentre as pessoas que descobriram cedo a
doença, está a diretora de eventos Cleide Oliveira, de 52 anos. “Em
dezembro de 2012 eu percebi minha mama um pouco endurecida e fui fazer
logo uma mamografia. Me pediram pra voltar de seis em seis meses.
Acontece que essa mama a cada dia ficava mais rígida e percebi a
presença de nódulos”, contou Cleide.
Em
janeiro, Cleide procurou o mastologista, que ao examinar sua mama, a
encaminhou para realizar exames adicionais. “O nódulo que estava com um
centímetro em dezembro, já estava – 20 dias depois – com três
centímetros”, explicou Cleide. Em fevereiro ela já tinha realizado uma
mastectomia total.
Mas
a cirurgia não foi suficiente para curá-la. “Um mês após a cirurgia
nós começamos a fazer as sessões de quimioterapia, que se encerraram em
dezembro de 2013. Depois, ainda em dezembro, comecei a radioterapia”. A
sessões de Cleide terminaram apenas em fevereiro de 2014.
“Lembro
do oncologista dizendo: ‘Se você voltasse em seis meses como te
disseram, a gente não teria nada pra fazer (pra te salvar)’”, conta
Cleide. Ela explicou que teve o cuidado de se examinar e procurar ajuda
desde o início. “Só tem chance quando a gente corre e vai rápido. E se
eu não fizesse a mamografia de ano em ano? E se eu não tivesse me
apalpado? Eu teria morrido. Fui eu que descobri meu câncer!” E para as
mulheres, ela deixa um conselho: “Se toquem!”
Como funciona a cirurgia?
De
acordo com a Secretaria de Saúde do DF, no ano passado foram realizadas
aproximadamente 550 cirurgias para o tratamento do câncer de mama. O
mastologista Rodrigo Pepe explica, de maneira simplificada, como
funciona essa cirurgia, conhecida como mastectomia. “A gente pode
analisar dois tipos de cirurgia para o câncer de mama: a cirurgia
radical e a cirurgia conservadora”.
Cirurgia Radical: “Nas
cirurgias radicais, toda a mama é retirada. Existem algumas modalidades
de cirurgias radicais onde, apesar de retirar todo o conteúdo glandular
da mama, há possibilidade de preservar a pele e, eventualmente, também a
aréola e o mamilo”.
Cirurgia Conservadora: “Dentro
das cirurgias conservadoras, é retirada a quantidade de mama necessária
para que seja possível fazer um bom tratamento oncológico. Essa
quantidade vai variar conforme a proporção volume tumoral-volume da mama e
conforme a característica do tumor. Essas cirurgias podem inclusive
retirar aréola e mamilo ou não, dependendo da posição do tumor”.
Rodrigo
acrescenta que a cirurgia é apenas uma das modalidades de tratamento do
câncer de mama e que cada caso deve ser analisado cuidadosamente. “Em
alguns casos, por exemplo, a cirurgia precisa ser associada a outras
modalidades de tratamento, como a radioterapia, a quimioterapia,
tratamento com terapia alvo e tratamento a base de hormônio”
Entenda os tratamentos oncológicos
Entre
2012 e 2014, o DF registrou um número de 556 mulheres fazendo
tratamento de quimioterapia, 114 fazendo radioterapia e 1.633 fazendo
hormonioterapia, de acordo com dados fornecidos pela Secretária de
Saúde.
A
oncologista clínica Andrea Farias explicou que o câncer de mama é uma
doença multifacetária que pode ser tratada de diversas formas. Veja como
cada tratamento funciona:
Quimioterapia
Segundo a oncologista Andrea Farias, “A
quimioterapia, de uma maneira geral, são drogas que a gente aplica via
venosa, mas existe quimioterapia oral. A grande maioria dos pacientes
precisa ainda de quimioterapia, em geral, pacientes jovens, pacientes
que têm uma doença localmente avançada, tumores maiores do que um
centímetro e pacientes que tem mais de 55 anos com tumores grandes.”
Em
relação aos efeitos, a oncologista complementa que hoje, a grande
maioria das pacientes ainda perde o cabelo, “e ninguém gosta de perder o
cabelo”. Para Cleide, “esse processo de perder o cabelo é tão agressivo
quanto a retirada da mama e eu não imaginava que fosse assim”. Mas a
oncologista complementa que, devido ao avanço das drogas de suporte,
efeitos como náuseas, vômitos e mucosite oral foram minimizados.
Radioterapia
Conforme
Andrea Farias, a radioterapia é uma irradiação que pode ser feita ainda
na sala de cirurgia (intra-operatória) ou em sessões posteriores ao
procedimento cirúrgico. A paciente recebe irradiação diária de cinco a
sete semanas.
Durante
o tratamento, “a paciente vai ter uma pele mais escurecida e pode ter
alguns sintomas de queimadura. Mas o radioterapeuta, a cada cinco dias,
observa a pele da paciente e cuida dos efeitos colaterais”, explica
Andrea.
De
acordo com a médica, pacientes que tem tumores grandes, axila positiva
(linfonodo positivo), e pacientes que fazem a cirurgia conservadora,
obrigatoriamente precisam passar pela radioterapia.
Hormonioterapia/Hormonoterapia
De
acordo com Andrea, a hormonoterapia é uma segunda fase do tratamento
oncológico prescrita de acordo com o perfil da paciente. A medicação –
um comprimido diário usado entre cinco e dez anos – é diferenciada para
pacientes pré-menopausa e pós-menopausa.
Os
efeitos colaterais, segundo a oncologista, existem de acordo com a
medicação tomada. Em geral são: varizes, maior chance de trombose,
diminuição da densidade óssea e dores articulares. “Esses sintomas são
bem controlados e nenhum paciente desiste do tratamento por conta disso”
complementa Andrea.
Aline do Valle
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