Embora possa soar estranho para alguns, a cultura é um direito humano fundamental.
Abraçada por nossa Constituição de 1988, esta ideia já habitava a
Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. Escrita num mundo
pós-guerra, envergonhado pela barbárie que ultrajava os mais fracos e
enaltecia a ferocidade e indiferença dos mais fortes, a
Declaração expressava a busca por caminhos humanizados, desejosos de
novas formas de relação entre nações e entre pessoas. Sendo portanto a
cultura um direto humano fundamental, não deveria o acesso à arte ser
saqueado em decorrência do pouco dinheiro que tenho, do local onde moro,
da roupa que visto. Tão pouco do tipo de função que desempenho ou ainda
da escolaridade que me falta. A arte não deveria fluir de forma
diferente nas passarelas da high society, nas calçadas da classe
média ou nas vielas das periferias. Deveria simplesmente estar e
acontecer na vida da gente, de qualquer gente, em qualquer lugar.
Por esta lente de Direito, Liberdade e Transgressão se
materializa a obra de Thays Tyr. Multiartista, dedicada à observação e
apreensão do mundo urbano como simultaneamente o maior fenômeno da
humanidade e o maior concentrador de desigualdades, Tyr expressa em
GEOMETRISCHEN, a provocadora heterogeneidade geométrica, espacial e
social das cidades, pedindo passagem para a cidadania cultural.
GEOMETRISCHEN, assim, se coloca em curso para muito além de uma
exposição. Instala-se como manifesto pelo acesso à arte e transgride o
formato mercantil que coloca a produção artística, especialmente das
artes plásticas, numa perspectiva de artigo de luxo.
Luxo não é e não deve ser direito humano. Arte SIM.
A
exposição-manifesto GEOMETRISCHEN, que será aberta neste 20 de junho na
Galeria Objeto Encontrado, apresentará 16 obras da última série
produzida por Tyr. Todas elas à exceção de uma única obra, A Cidade de Antônia, poderão ser adquiridas por R$ 1.000,00 parcelados em até 10 vezes.
A artista convida a criar janelas de acesso à arte :
A
aquisição de uma obra é parte do projeto. A ideia central é a de que,
quem tem capacidade financeira de adquirir uma obra, ajude a criar
janelas de acesso para quem deseja ter uma e é excluído por suas
condições sociais ou econômicas.
As
obras, com valor entre R$ 2.800,00 e R$ 20.000,00, poderão ser
adquiridas pelo valor de R$1.000,00. Quem se propuser a pagar R$
2.000,00, por exemplo, abrirá duas janelas para que duas pessoas
diferentes possam adquirir uma obra cada uma por R$ 500,00 e assim
sucessivamente.
A obra A Cidade de Antônia estará
exposta para que se apresentem propostas de aquisição a partir de R$
5.000,00. A cada proposta acima do valor inicial, outras obras se
tornarão mais acessíveis.
Uma ciranda pela cidadania cultural vai se formando com esta e outras iniciativas do projeto.
Serviço: Geometrischen- Exposição-NManifesto de Thais Tyr
Local: Objeto Encontrado (CLN 102, Bloco B)
Visitação: Até 18 de julho
Informações: 61 3081-8383 ou 61 8141-4881
Classificação Indicacativa: Livre
==> Foto: Divulgação
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