O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria
Marin, anunciou, nesta quinta-feira (17.07), na nova sede da entidade no
Rio de Janeiro, o novo coordenador de seleções da Seleção Brasileira. O
ex-goleiro integrante da equipe tetracampeã mundial Gilmar Rinaldi foi o
escolhido.
“Ele vai coordenar todas as seleções, inclusive a feminina, e será o elo da presidência com os treinadores. Escolha do Gilmar não foi feita apenas pelo momento. Estamos visando um projeto a curto, médio e longo prazo”, afirmou Marin, que prometeu anúncio do novo técnico da equipe para terça-feira (22.07). “Nesta nova configuração, o treinador jamais será absoluto, seja qual for o escolhido. Mas ele será uma peça muito importante.”
Rinaldi já terá papel crucial na escolha do profissional que ficará à frente da Seleção Brasileira depois da campanha na Copa do Mundo. “O treinador escolhido vai fazer algumas coisas que eu gosto: estudar, se atualizar. Vamos viajar muito para ver não só jogos como treinamentos. Vamos interagir com outros treinadores. Não vamos precisar copiar ninguém, mas adaptar métodos bem sucedidos do mundo para o nosso futebol”, explicou o novo coordenador.
De antemão, Rinaldi e Marin já descartaram a contratação de um técnico estrangeiro. “Acho que não é o momento. Temos que buscar em nossa própria casa um treinador que tenha conhecimento grande do nosso futebol”, disse o coordenador.
Trabalho de base
O coordenador das categorias de base da Seleção Brasileira, Alexandre Gallo, também foi chamado para o anúncio e deu uma apresentação preliminar sobre o trabalho que vem sendo feito desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2013. Sua ideia é levar maior profissionalização às categorias de base do futebol brasileiro.
Gallo afirmou que foram realizados dois encontros técnicos com os 45 principais clubes do país para alinhamento de objetivos e que a CBF já entrou em contato com o Ministério do Esporte para tentar alterar o artigo 3 da chamada Lei Pelé, que prevê que os jovens jogadores podem assinar seu primeiro contrato apenas com 15 anos.
“Isso ocasiona que os clubes não expõem seus jogadores antes desta idade para não correrem risco de perdê-los e eles não ganham experiência com a Seleção Brasileira antes desta idade”, contou o coordenador da base. “Na Argentina, a preparação é feita a partir dos 13 anos. Então enquanto um jogador nosso da categoria sub-15 passa 27 dias com a seleção, um argentino passa 120 dias. Os jogadores dos Estados Unidos desta idade vivem num alojamento da confederação e treinam juntos 300 dias por ano. No sub-15 nós já temos muita dificuldade para enfrentá-los.”
A principal mudança, no entanto, ocorrerá na fase de transição entre as categorias de base e o futebol profissional. Gallo explicou que muitos jogadores deixam as seleções de base e não são aproveitados na principal, o que cria um espaço para que acabem se transferindo para o exterior e integrando equipes nacionais de outros países – como o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa e tantos outros que participaram da última Copa do Mundo. O coordenador da base prega que o novo treinador da Seleção Brasileira principal deverá privilegiar em suas convocações pelo menos 30% de jovens atletas capazes de integrar um time olímpico (sub-23).
“Gostei muito do que vi com o Gallo, o trabalho das categorias de base é de vanguarda. O jogador que está se formando é o que vai estar na linha de frente em breve. Os jogadores estão chegando no ápice de suas carreiras cada vez mais cedo”, avaliou Rinaldi, que privilegiará o foco no coletivo em sua passagem pela CBF. “A nova filosofia vai partir da seleção do Galo. É uma filosofia muito simples: prioridade é da base, priorizar coletivo ao individual.”
Rinaldi lembra que o exemplo foi dado pela própria equipe da Alemanha, que bateu o Brasil de forma acachapante por 7 a 1 na semifinal e se sagrou campeã mundial pela quarta vez com uma vitória sobre a Argentina no último domingo (13.07). “O maior exemplo que a seleção alemã me deu foi contra Portugal. Tinham no conjunto deles um jogador que podia bater recorde de gols em Copa do Mundo do Ronaldo e mesmo com a goleada assegurada o técnico Joachim Löw não colocou o Klose. Ele quis deixar claro que coletivo estava acima do individual. É isso que precisamos deixar muito bem definido. Nós vamos ter sempre o recurso do craque, ele é o nosso diferencial, mas precisamos valorizar também a parte coletiva.”
Giuliander Carpes, do Portal da Copa no Rio de Janeiro
==> Foto: Mowa Press
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