O trombonista Raul de Souza é um herói
brasileiro. Um lendário instrumentista reconhecido mundialmente pela sua
genialidade.
A consagração maior nos anos 1970 é a
inserção do seu nome em The Encyclopedia of Jazz in the Seventies, dos críticos
Leonard Feather e Ira Gitler, com direito a foto ostentando uma cabeleira afro,
e ao verbete de 21 linhas, DE SOUZA,
JOÃO JOSÉ PEREIRA (RAUL), com a data
de nascimento correta, 23/8/1934. João José? O nome artístico foi dado por Ary
Barroso, em cujos programas de calouros ele brilhava: “João José não é nome de
trombonista. Já temos o Raulzão (Raul de Barros). Você vai ser o Raulzinho.”
O coração sempre falou mais alto na vida do Raul. Em 1980, veio ao Brasil com uma
banda de all stars para o Festival Rio-Monterey no Maracanãzinho e, uma vez
mais, sentiu o calor do reconhecimento de seus conterrâneos. Divorciado da
mulher americana em 1986, voltou ao Brasil. Um álbum mediano de 1993, The Other
Side of the Moon (em que toca saxofones alto e tenor e dá até uma de crooner
cantando Abraço vazio) é plenamente compensado pelo jazzístico Rio, de 1998, em
que reedita, com o trombonista Conrad Herwig, os fabulosos duetos do duo
J.J.&K (J.J. Johnson e Kai Winding) nos anos 1950.
O fim do século e do milênio propiciam
outra mudança de coração. O encontro com Yolaine leva Raul para Paris, onde forma uma banda familiar, fazendo mais ou
menos o que Miles Davis tentou em sua fase final: um jazz mais descontraído
numa atmosfera pós-fusão, ou neo-fusão.
Nesta viagem em ziguezague pelo tempo — como nos filmes da série De
volta para o futuro — não podemos deixar de visitar o fascinante Elixir, de 2004,
em que Raul faz na última faixa,
Terra, uma declaração de amor ao Brasil, “terra de samba e pandeiro”, antes de
embarcar num dionisíaco solo de trombone de seis minutos que é uma autêntica
síntese de sua arte — bela, apaixonada e complexa. Impossível rotular sua
música. Samba? Choro? Jazz? Talvez um samba mitológico, dentro da sua cabeça
(como aquele dentro da cabeça de João Gilberto), uma espécie de jazzfieira, ele
que gravou pela primeira vez com Altamiro Carrilho e a Turma da Gafieira. Ou,
atando as duas pontas da sua carreira fonográfica, e incorporando o verdadeiro
achado que é o título de seu último CD — e da sua composição que abre o disco —
a Bossa Eterna de Raul de Souza.
No Clube do Choro de Brasília Raul de Souza terá o acompanhamento de
Glauco Solter (contrabaixo), Leander Motta (bateria) e Flávio Silva (piano).
As apresentações acontecem
dias 04, 05 e 06 de Junho de 2014 – Quarta, Quinta e Sexta-Feira a partir das
21:00 horas. Ingressos: R$ 10,00 (meia) e R$20,00 (inteira)
Informações: Tel.: 3224.0599. Ingressos: Clube do Choro de Brasília – SDC BLOCO “G” - Funcionamento da bilheteria: 2ª a 6ª feira: 10:00 às 22:00 horas. Sábado a partir de 19:00 as 21:30 horas, ou através do site: www.clubedochoro.com.br
O Clube do Choro de Brasília fica entre a Torre de TV, o Centro de Convenções e o Planetário.
Não recomendado para menores
de 14 anos
==> Foto: Silvio Aurichio
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