Brasileiros e mexicanos não mereciam um empate por 0 a 0. O resultado
da partida entre Brasil e México, nesta terça-feira, na Arena Castelão,
em Fortaleza, pela segunda rodada do Grupo A da Copa do Mundo, foi até
justo pelo que as equipes mostraram dentro de campo. Mas pelo que os
torcedores fizeram na arquibancada, ir embora para casa sem a vibração
ímpar de um gol talvez tenha sido uma injustiça muito grande. Quem
estava de verde pode culpar a falta de pontaria. E quem estava de
amarelo só tem um nome para apontar como culpado: Ochoa. O goleiro parou
a Seleção.
As três defesas do mexicano em conclusões de Neymar e numa cabeçada de
Thiago Silva foram decisivas para o placar não ser alterado. Um show à
parte, à altura daquele protagonizado pelos torcedores na arquibancada
da Arena Castelão.
Desde muito cedo, brasileiros e mexicanos dividiram as ruas de Fortaleza
esbanjando simpatia e alegria. A capital nacional do humor ganhou esse
presente. Visualmente era possível ver que havia mais brasileiros do que
mexicanos entre os mais de 60 mil presentes, mas sonoramente a briga
foi grito a grito.
Foi preciso até mesmo os brasileiros imitarem o grito de “p..” no tiro
de meta adversário para igualar a briga. Olé, vaias, aplausos, músicas
bem-humoradas, “sou brasileiro com muito orgulho”... não faltou agitação
no público. Uma pena que o 0 a 0 prevaleceu.
A seleção brasileira volta a campo pela Copa do Mundo na próxima
segunda-feira, dia 23 de junho, contra Camarões, no estádio Mané
Garrincha, em Brasília.
Ochoa frustra Neymar
O desafio na arquibancada já estava lançado havia tempos, desde que os
portões do Castelão foram abertos. Restava saber como os jogadores se
comportariam dentro de campo, tamanha a agitação dos torcedores.
Destemido, o México foi para o ataque nos primeiros minutos. Foi também
para cima de Neymar, caçado pelos rivais.
A iniciativa mexicana fez a Seleção, ainda lenta, buscar rapidez.
Dependente das boas jogadas de Neymar ou das armadas por Oscar, o Brasil
chegou com perigo aos dez minutos. O meia recebeu de Marcelo e tocou
para Fred finalizar. A bola bateu na rede pelo lado de fora e enganou o
auxiliar – ele chegou a correr para o meio como se sinalizasse gol, mas
depois marcou impedimento.
Enquanto mexicanos e brasileiros disputavam grito a grito e hegemonia
da arquibancada, dentro das quatro linhas o Brasil cresceu de produção.
Mas ainda longe de levar muito perigo a Ochoa. No primeiro lance mais
agudo, o goleiro mexicano protagonizou uma das defesas mais lindas da
Copa até aqui, após cabeçada de Neymar.
Sem Hulk, poupado por causa de um problema na coxa esquerda, Felipão
iniciou com Ramires pelo lado direito do ataque. Mas o inverteu com
Oscar na metade final do primeiro tempo. Ficou claro, no entanto, que
faltava algo à Seleção. Monotemático, o México só arriscava de longe.
Também faltava algo.
Ao menos no primeiro tempo, a criatividade dos torcedores na arquibancada não transferiu para dentro de campo o mesmo clima.
Alegria se transforma em frustração
Para que a euforia da torcida se fizesse presente dentro do gramado,
Felipão apostou no garoto que, segundo ele, tem "alegria nas pernas".
Bernard entrou na vaga de Ramires no intervalo. Logo em seu primeiro
lance, o atacante fez a massa verde-amarela se levantar. Mas sua
arrancada, seguida de cruzamento para Neymar, não deu certo.
Não deu certo também a tentativa do Brasil de pressionar o México. Pelo
contrário. Foi o time adversário que empurrou a Seleção para o campo de
defesa. Mesmo que com sua única jogada de perigo (o chute de fora da
área), os mexicanos fizeram Felipão parar com os braços cruzados na área
técnica e olhar de reprovação ao time.
Foi preciso uma cobrança de falta para dar fôlego novamente ao Brasil.
Aos 17 minutos, depois de incômoda pressão mexicana, Neymar bateu
colocado, assustando Ochoa. Era preciso mais. Felipão, então, resolveu
mudar o centroavante: saiu Fred para a entrada de Jô. Aplausos e vaias
se misturaram na saída do camisa 9.
Na base da correria, a Seleção continuou tentando. Mas parou em Ochoa.
De novo. O goleiro mexicano defendeu outro chute de Neymar e frustrou a
torcida cearense. Sozinho diante do camisa 1, Jô se precipitou ao
receber de Bernard livre dentro da área e concluiu torto.
Felipão fez a última substituição, trocando Oscar por Willian. Mas
Ochoa continuou em campo e parando a Seleção. Aos 40, buscou outra
cabeçada certeira, de Thiago Silva, em cobrança de falta pela ponta de
Neymar. E os mexicanos ainda assustaram a torcida brasileira duas vezes
antes do apito final, em chutes cruzados de Guardado e Jiménez. Mas
Julio César também apareceu bem.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Reuters
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