Para a maioria dos atletas, o desafio é se manter abaixo do peso. Mas
esse não é o caso daqueles que competem nas categorias mais pesadas do
seu esporte e que podem se dar ao luxo de ter uma dieta mais elaborada. O
levantador de peso Fernando Reis, brasileiro que disputa na categoria
super-pesado, por exemplo, jamais seria retirado da mesa de jantar
enquanto se prepara para conquistar a primeira medalha olímpica do país
no esporte.
"Hoje peso 140kg, mas a minha meta é ganhar mais 10kg até 2016 para os
Jogos Olímpicos", conta o super-atleta. "Para os atletas super-pesados, a
dieta é tudo, é o nosso combustível para um bom rendimento. Ter massa
muscular ajuda no nosso desempenho", completa.
Para Reis, que ganhou o ouro na categoria acima dos 105 kg nos Jogos
Sul-Americanos Santiago 2014, as refeições são levadas a sério. E ele
não brinca em serviço, os trabalhos começam tão logo ele acorda. No café
da manhã, são pelo menos seis ovos, três fatias de pão, frutas e sucos à
vontade. O almoço e o jantar são verdadeiros banquetes: arroz, feijão,
salada, macarrão, batata, carnes... E, entre as principais refeições,
sanduíches e frutas, além de suplementos de proteína para reforçar a
dieta. No total, ele consome cerca de 8.000 calorias por dia.
Não é surpreendente, se você pensar que esses atletas, os mais fortes
do mundo olímpico, levantam o peso equivalente ao de animais como um
gorila ou um leão. Mas isso tudo só é possível com uma combinação
perfeita de força e técnica. E há apenas uma maneira de conseguir isso:
dedicação total a uma programação de treinamento exaustiva.
Na Seleção Brasileira, cabe a Dragos Stanica e Edmilson Dantas, técnico
e coordenador técnico, respectivamente, a missão de orientar os atletas
a superar seus limites. Eles treinam exaustivamente para,
diferentemente da maioria dos esportes, chegar à beira do limite durante
a preparação – e deixam para dar tudo de si somente na hora da
competição.
“Isso acontece justamente por conta da superação no calor da competição
e, claro, da resistência física do atleta. Seria como um ginasta fazer
salto duplo no treino e tentar o triplo na competição ou no judô lutar
com um adversário da categoria superior”, explica o romeno Dragos
Stanica, que faz parte da Seleção Brasileira desde 2003.
Nos movimentos de técnica, o atleta se prepara especificamente para as
duas provas olímpicas do esporte: o arranque e o arremesso. No primeiro,
o atleta precisa levantar o peso do chão e erguê-lo acima da cabeça em
um só movimento. Já no arremesso, o levantamento é dividido em dois
tempos, com a parada da barra na altura dos ombros para, depois,
posicionar o peso acima da cabeça.
“Os atletas focam em suprir suas deficiências nesses treinamentos.
Dentro das duas provas, há variantes que precisam ser aperfeiçoadas. O
arranque, por exemplo, pode ser realizado de diversos pontos de partida:
saindo do chão, abaixo do joelho, acima do joelho... O atleta repete
exaustivamente esses movimentos, sempre com o objetivo de diminuir ao
máximo suas falhas”, explica Edmilson, mais conhecido como Dimas entre
os atletas.
Nos treinos de força, os atletas exercitam a puxada, que é o esforço
para retirar a barra do solo, e o agachamento completo, tanto de costas
como de frente. O resultado é um movimento que permite ao atleta erguer
mais que o dobro de seu próprio peso corporal. Toda a preparação é
voltada para a realização de um movimento rápido e preciso.
“No levantamento de peso é necessário muita força explosiva, muita
técnica e muita velocidade. Quanto mais rápido o atleta conseguir
levantar determinado peso, mais apto ele estará a aumentar a carga que
consegue erguer. Essa velocidade é essencial para que ele consiga
melhorar seu índice e, por isso, o objetivo nos treinos é aumentar a
potência, ou seja, levantar o peso no menor tempo possível”, ensina o
coordenador técnico.
Desenvolver o poder de explosão dos atletas não é uma necessidade só do
levantamento de peso. Edmilson, que é ex-atleta e participou dos Jogos
Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996, hoje coordena um projeto que
leva o método de treinamento do levantamento de peso para vários outros
esportes.
“Nós já fizemos treinamentos com diversas equipes olímpicas, como os
atletas do judô, do polo aquático e da seleção feminina de vôlei que foi
medalha de ouro nos Jogos de Pequim. O próprio técnico José Roberto
Guimarães pediu para que levássemos o treinamento para as meninas, que
tiveram que suar bastante para levantar os pesos”, brinca Edmilson, que
esteve em Pequim 2008 como membro da coordenação técnica da Seleção
Brasileira de levantamento de peso e segue rumo à sua segunda edição dos
Jogos Olímpicos, nos bastidores do Time Brasil.
Fonte: Rio 2016
Ascom - Ministério do Esporte
==> Foto: Getty Images / Lars Baron
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