“Não quero
que me imitem. Não quero ninguém atrás de mim. Tenho muito medo de ser
porta-voz de qualquer coisa”. Nesta
declaração de 1988, Cazuza já profetizava o inevitável. O
talento instintivo e avassalador, o temperamento explosivo, a linguagem única e
libertária fizeram dele um ícone sem precedentes na cultura contemporânea
produzida no Brasil. Muito mais do que isso: ainda que à revelia, foi, mesmo
sem pretender sê-lo, o grande cronista da juventude brasileira dos anos 80. Morto
em 1990, aos 32 anos, no auge da carreira, foi alçado a precoce e definitivo mito
no imaginário brasileiro. E que pela primeira vez tem sua breve e trepidante
trajetória contada nos palcos, através de ‘Cazuza
Pro Dia Nascer Feliz, o Musical’, de Aloísio
de Abreu, com direção de João
Fonseca. Com realização da Vision Produções e CHAIM Produções, em Brasília,
o musical acontecerá entre os dias 8 e 10 de maio, às 21h, no NET Live
Brasília, com duas horas de apresentação.
A venda dos ingressos na capital começa
amanhã, 03 de abril, às 10h, na Central de Ingressos do Brasília Shopping, no
site ingressorapido.com.br ou
pelo telefone 4003-1212. O valor dos ingressos variam entre R$ 90,00 e R$
110,00 a meia entrada.
Localizado na orla do Lago Paranoá, no
terreno do antigo Ópera Hall, o NET Live Brasília é um espaço totalmente novo que foi
concebido para ser um espaço moderno e tecnológico, com infraestrutura para
receber grandes atrações nacionais e internacionais.
O espetáculo ‘Cazuza Pro Dia Nascer Feliz, o Musical’ reúne alguns dos maiores
clássicos de Cazuza em carreira solo ou no Barão Vermelho, como “Pro Dia Nascer
Feliz” e “Codinome Beija Flor”. Canções como ‘Bete Balanço’, ‘Ideologia’, ‘O Tempo
não para’, ‘Exagerado’, ‘Brasil’, ‘Preciso dizer que te amo’, ‘Faz parte do meu
show’ estão presentes no roteiro, que reserva espaço também para composições de
Cazuza que ele nunca chegou a gravar, como ‘Malandragem’, ‘Poema’ e ‘Mais
Feliz’.
O elenco é encabeçado pelo músico e ator Emílio Dantas, de 30 anos, que faz sua
segunda incursão em musicais. Susana Ribeiro, Marcelo Várzea, André Dias, Fabiano Medeiros, Yasmin Gomlevsky, Thiago Machado, , Bruno
Fraga, Bruno Narch, Bruno Sigrist,Saulo Segreto,Dezo Mota, Sheila Matos, Juliane
Bodini, Oscar Fabião e Osmar
Silveira completam a escalação. Dando vida a nomes como Lucinha e João Araújo , Ney Matogrosso, Bebel
Gilberto, Frejat,Caetano Veloso, Dé Palmeira, entre vários outros personagens
que gravitaram no universo de Cazuza.
Para
a construção do texto, Aloísio de Abreu
partiu das conversas com pessoas próximas a Cazuza e fez uma ampla pesquisa
para acriação da estrutura dramática do espetáculo. “Apesar de frequentar os
mesmos lugares, eu não conhecia o Cazuza. Entretanto, sempre tive uma profunda
identificação com a obra dele, que tem um quê de crônica da nossa época,
revelando de forma rasgada comportamentos típicos dos jovens que todos éramos
nos anos oitenta”, explica Aloísio.
Como
a vida do personagem foi curta e, ao mesmo tempo, muito intensa, o autor procurou
contar a história de forma ágil, avançando sempre a partir dos momentos de
virada na carreira e na vida dele: a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o
momento em que resolve cantar, montar uma banda, se profissionalizar, o
estouro, as brigas, a mudança no estilo de sua obra, o estrelato solo, a
descoberta da doença, a urgência poética no fim das forças. Enfim, momentos que
levam a história adiante. “As músicas se inserem quase como parte do texto.
Estrutura de musical mesmo. Claro que tem momento show, mas a trajetória do
Cazuza é contada através das letras e da poesia dele. Tudo no texto ‘faz parte
do show’“, complementa.
A
montagem dá continuidade à pesquisa desenvolvida por João Fonseca de uma cena musical brasileira mais despojada e
teatral. “Este espetáculo é mais um passo do trabalho que comecei com ‘Gota
d’água’ e que culminou no ‘Tim Maia’. É uma nova possibilidade de desenvolver e
aperfeiçoar uma linguagem muito autoral de musical iniciada há alguns anos”. O
diretor conta que os depoimentos de Lucinha Araújo foram fundamentais na
estruturação cênica do espetáculo: “A partir das lembranças dela, vamos conhecendo
a vida e a obra desse artista e, tal como sua obra, a peça alterna momentos
exagerados e de puro rock'n’roll a
mais intimistas e delicados”, finaliza.
A
cenografia de Nello Marrese traz
elementos fundamentais do universo de Cazuza. “Pensei num cenário poético e
limpo. O espaço cênico é formado por seis praticáveis que representam
palafitas. O chão, areia. É a representação do Arpoador, um dos lugares
preferidos do personagem. O único elemento fixo é uma mesa que se desdobra em
diversas representações: bar, o quarto onde ele compunha (sempre usando uma
máquina de escrever), hospital, e por aí vai…”. Para o cenógrafo, desta
neutralidade cênica partirá o jogo teatral, e completa: “Concebemos três telas
onde haverá projeções não realistas que remetem às cenas e canções, brincando
com a estética da época. Imaginei um grande clipe, representando de maneira
lúdica e simbólica a sucessão de acontecimentos na vida do Cazuza”.
Um amplo trabalho de
pesquisa também foi essencial para a concepção musical do espetáculo. Os
diretores musicais Daniel Rocha e Carlos Bauzys conceituaram a sonoridade
em quatro situações: Barão Vermelho não produzido; a gravação do primeiro disco;
e depois do sucesso, já consolidados. A banda solo de Cazuza também será
reproduzida com fidelidade. “Adaptar a obra dele tornando-a cênica e,
ao mesmo tempo empolgante e reconhecível ao público, foi nosso maior desafio. Usamos
teclados programados com samplers e
sintetizadores usados nas gravações do Barão. Dois guitarristas se revezam
também entre violão de nylon, de aço e bandolim; além de um contrabaixo
elétrico e uma bateria eletrônica programada com os timbres da década de
oitenta”, define Daniel.
A escolha de Emílio
Dantas para o personagem título foi imediata, segundo João Fonseca. “Trabalhei recentemente com Emílio
em outro musical e o considero um talento extraordinário. Desde o começo,
achava que ele era o ator ideal para o personagem, o que foi comprovado durante
as audições com a aprovação unânime de toda a equipe e da família do Cazuza”. Emílio, que além de ator também é
cantor – foi vocalista da banda ‘Mulher do Padre’- foi pego de surpresa com a escolha: “Quando
vi que a Lucinha estava no teste, fiquei desesperado. Não queria fazer feio na
frente dela. João me mandou quatro
cenas, mas só decorei duas. A saída foi incorporar a vibe do Cazuza, já entrei meio como naquela loucura dele no palco,
fui sincero e falei que não tinha preparado nada. Busquei captar a essência do
artista, sua postura na vida”, relata. O resultado, desde então, foi uma
relação de total simbiose entre ator e personagem. “Vi muito vídeo, os
bastidores, assisti a várias entrevistas, antes e depois da doença, doidão,
sóbrio, prestei atenção na questão das gírias. Fui para São Paulo e voltei de carro
ouvindo e cantando Cazuza, captando o jeito dele cantar, o carioquês, a língua
presa… “.
O ator precisou emagrecer cinco quilos para o
personagem: “Estava predisposto até a perder mais, mas chegamos ao consenso de
que não seria necessário, porque há toda a fase dele saudável. Então, para
representar a doença, vamos usar uma energia física mais baixa, maquiagem, luz
e figurino”, finaliza.
Completando a ficha técnica, Paulo Nenem e Daniela Sanches (iluminação), Carol
Lobato (figurinos) e Alex Neoral
(coreografia). A banda que se apresenta ao vivo é formada por Marcelo Eduardo Farias e EvelyneGarcia(teclados), Bernardo Ramos e Daniel Rocha (guitarras), Raul
D’Oliveira (baixo), Rafael Maia
(bateria) eHebert Souza
(programação).‘Cazuza pro dia nascer feliz, o musical’ é apresentado pelo Ministério da Cultura, com patrocínio da Sulamérica, Sem Parare Mills.
E assim, uma das trajetórias mais impressionantes
da música brasileira é recriada pela primeira vez nos palcos. Aliás, nada mais
oportuno, num momento em que se reascende no país, como poucas vezes se viu,
articulações e movimentos em torno da ética, de transparência pública, de
honestidade em diversos planos, de dignidade. “Não
sei quem foi o ufanista que jogou essa bandeira. É uma pessoa louca, porque o
Brasil não está em condições de receber manifestações como essa. Inflação de
900%, um monte de denúncias de irregularidades, fora o assassinato do Chico
Mendes. Eu estou é triste! Desiludido!”, disse Cazuza para mãe, após cuspir na
bandeira pátria durante um show em 88. Hoje, 15 anos depois, “eu vejo o futuro
repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades…”, Cazuza estaria se
perguntando: mas, afinal, cadê o Amarildo?
FICHA TÉCNICA
Texto de Aloísio de Abreu
Direção Geral João Fonseca
Produção Geral Sandro Chaim
Direção Musical Daniel
Rocha
Supervisão Musical Carlos Bauzys
Preparador Vocal Felipe Habib
Coreografias Alex Neoral
Cenário Nello Marrese
Figurino Carol Lobato
VisagismoJuliana Mendes
Design de luz Daniela Sanches e Paulo Nenem
Design de som Gabriel D´Angelo
Apresentado pelo Ministério
da Cultura
Realização: Miniatura
9, Chaim XYZ Produções
Patrocínio: Sulamérica, Sem Parar e Mills
Elenco:
Emílio Dantas
(Cazuza), Susana Ribeiro (Lucinha Araújo), Marcelo Várzea (João Araújo), André
Dias (Ezequiel Neves), Fabiano Medeiros (Ney Matogrosso), Yasmin Gomlevsky
(Bebel Gilberto), Thiago Machado (Frejat), Bruno Fraga (Maurício Barros), Bruno
Narch (Serginho), Bruno Sigrist (Guto Goffi), Saulo Segreto, (Dé Palmeira), Dezo
Mota (Caetano Veloso), , Juliane Bodini (Swing feminino), Oscar Fabião (Swing
masculino), Osmar Silveira (sub Cazuza e Swing masculino) e Sheila Matos (sub
Lucinha e Swing feminino).
Serviço
O Que: MUSICAL CAZUZA PRO DIA NASCER FELIZ
Quando: 8 a 10 de maio de 2014
Onde: NET LIVE BRASÍLIA (SHTN Trecho
2, Conjunto 5, Parte A, Próximo ao Baypark)
Horários: 8 a 10 de maio, às 21h
Duração: 2h
Classificação: Não
recomendado para menores de 14 anos
Valores dos ingressos (meia entrada e 1° lote):
Setor 1
R$110,00 (meia/promo)
Setor 2 R$100
(meia/promo)
Setor 3 R$90
(meia/promo)
Setor Extra
R$25 (meia/promo)
Venda dos ingressos: Central de
Ingressos Brasília Shopping (Piso G2)
Acessibilidade: Sim
Patrocínio: Claro, Sabin, Budweiser,
Sem Parar
Transportadora oficial: Avianca
Realização: Vision Produções e CHAIM
Produções
==> Foto: Leo Aversa
0 comments:
Postar um comentário