Exposição Circuladô na Galeria Fayga Ostrower da Funarte

O Ministério da Cultura e a Fundação Nacional de Artes (Funarte) apresentam: Circuladô – exposição do artista e teórico do cinema e das novas mídias, André Parente. De 14 de fevereiro a 16 de março na Galeria Fayga Ostrower da Funarte (Brasília-DF). No dia da abertura, que acontece 13 de fevereiro, às 19h, haverá visita guiada com o artista. A exposição poderá ser visitada de segunda a domingo, das 9h às 21h. A entrada é gratuita.

Circuladô é uma videoinstalação interativa e imersiva feita a partir de imagens de arquivo. O espectador se coloca diante de um totem sobre o qual há um controlador de multimídia (giroscópio) com o qual o espectador faz a imagem e o som se mover para frente ou para trás, ao mesmo tempo em que controla a velocidade do giro dos personagens.  As imagens são projetadas em círculo, de tal forma que o espectador se sente como dentro de um gigante Zoetrope. O Zoetrope é um dos mais antigos dispositivos de imagem em movimento, inventando em 1834 por William Horner, que o batizou originalmente o  “Daedalum” ou  “roda do diabo”.

Cada espectador poderá interagir com o “giroscópio” imprimindo-lhe um ritmo singular na imagem e no som. A instalação tenciona fazer o espectador vivenciar, por meio de uma imagem híbrida, esta experiência de suspensão, bastante hipnótica, que envolve um espaço circular, um dispositivo que gira, e que faz rodopiar os personagem, produzindo, assim, uma isomorfia entre o conteúdo e a forma.

As imagens que compõem o trabalho são loops extraídos de  filmes. Nelas, vemos personagens girar em torno do seu próprio eixo, em situações limites de loucura, transe, morte, destino. No filme “Édipo Rei” (1967), de Pier Paolo Pasolini, cada vez que Édipo chega em uma encruzilhada, coloca a mão nos olhos, gira, e segue o caminho na direção em que ele parou, como uma forma de não escolher o destino previsto pelo oráculo. No filme de Glauber Rocha,  “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1967), Corisco abre os braços e gira, antes de cair morto. No filme “Decasia” (2002), de Bill Morrison, vemos uma imagem de arquivo de um Dervish, que gira – giro sufi é uma das técnicas mais antigas e vigorosas de meditação e transe.

“Circuladô” combina o pré e o pós-cinema, o cinema e a instalação, mídias novas e antigas, e sugere que os espectadores possam experimentar os poderes de hipnose e encantamento das imagens em movimento com seu corpo como um todo. Existe uma certa atemporalidade nessas imagens, de antigos ritos e tradições orais. Essas experiências extáticas são uma homenagem não só à história do cinema, mas também às experiências, centradas no corpo, do canibalismo, carnaval e fome que foram centrais aos movimentos brasileiros da antropofagia, Neoconcretismo, Cinema Novo e Cinema Marginal. Em “Circuladô”, as manifestações do primal, do transitório e do efêmero estão conectadas por meio da participação do espectador, radicalizada por Lygia Clark e Hélio Oiticica na década de 1960. Oiticica certa vez adotou o êxtase do samba como um modo de transformar a informação em conhecimento. Essas são algumas das experiências circulares sugeridas por “Circuladô”, um título que adicionalmente faz referência à cultura oral por meio da poesia de Haroldo de Campos e da música de Caetano Veloso, uma obra que é, em si mesma, um tipo de giro cinemático, pois o compositor muitas vezes cria imagens em movimento com palavras, melodia e ritmo.

Atividades educativas

- Haverá uma visita guiada com o artista no dia da abertura.
- No dia do Encerramento, será lançado o catálogo da exposição, contendo um texto de Ismail Xavier, teórico e crítico do cinema.

Biografia do Artista

André Parente é artista e teórico do cinema e das novas mídias. Em 1987 obtém o doutorado na Universidade de Paris 8 sob a orientação de Gilles Deleuze. Em 1991 funda, juntamente com Rogério Luz, o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1977 e 2007, realiza inúmeros vídeos, filmes e instalações nos quais predominam a dimensão experimental e a conceitual. Seus trabalhos foram apresentados no Brasil e no exterior (Alemanha, França, Espanha, Suécia, México, Canadá, Argentina, Colômbia, China, entre outros). É autor de vários livros: Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade (2000), Tramas da rede (2004), Cinéma et narrativité (L’Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Letícia Parente: arqueologia do cotidiano (2011), Cinema em trânsito (2012), Cinema/Deleuze (2013), Cinemáticos (2013), entre outros. Nos últimos anos obteve vários prêmios: Prêmio Transmídia do Itaú Cultural (2002), Prêmio Petrobrás de Novas Mídias (2004), Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2005), Prêmio Petrobrás de Memória das artes (2007), Prêmio Oi Cultural (2010), Prêmio da Caixa Cultural Brasília (2011), Prêmio Estímulo de Produção Artística da Funarte (2012), Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2013).

Confira no arquivo, no arquivo em anexo, trechos de teóricos e críticos sobre a obra.

Assista ao vídeo da instalação exibida no  Museu da Imagem e do Som de São Paulo: http://vimeo.com/25965458 

Serviço
Exposição Circuladô
Abertura: 13 de fevereiro de 2013
Visitação: 14 de Fevereiro a 16 de março de 2014
De Segunda-feira a Domingo, das 9h às 21h
Entrada Gratuita
Local: Galeria Fayga Ostrower
Complexo Cultural Funarte Brasília
Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, Brasília-DF
(entre aTorre de TV e o Centro de Convenções)
Informações (61) 32333076/ 33222029

==> Foto: Everton Ballardin

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