Artista plástica, arquiteta e
escritora, Renata Bueno foi a primeira colocada no 55º Prêmio Jabuti na
categoria Didático e Paradidático, com o livro Poemas
Problemas, publicado pela Editora do Brasil e que, entre
charadas, enigmas e contas, transforma problemas matemáticos em poemas e
vice-versa. Nesta entrevista, ela fala sobre o processo de criação da
obra, sua relação com as linguagens escrita e imagética, com a literatura
e muito mais.
Como foi o processo de elaboração de Poemas Problemas? Como surgiu a ideia do livro?
Poemas Problemas é um livro muito
especial pra mim porque ele está totalmente ligado a minha
história. Minha mãe (Ana Maria Bueno) é professora de matemática e,
quando eu estava na quarta série (hoje, quinto ano), ela foi professora da
minha turma! Na época, ela fazia uma atividade junto com outra Ana,
querida professora de português. As crianças criavam problemas de
matemática com rimas! Quando minha mãe me mostrou isso, muito tempo
depois, aqueles papéis amarelados me encantaram... Que ideia maluca
e, ao mesmo tempo, deliciosa! Passei a criar, já adulta, muitos e
muitos problemas com rimas. Daí surgiu a ideia do livro e do nome:
Poemas Problemas. Claro que minha mãe leu e releu cada
problema e deu muitas sugestões também!
Além de escrever, você é também
ilustradora. Como funciona essa dupla linguagem? O que vem antes: o texto
ou a imagem?
Considero-me uma artista visual. Sempre gostei das imagens. Pintar, desenhar, recortar, carimbar, serigrafar. Divirto-me muito com as cores, as formas, as linhas. Quando percebi que também podia brincar com as palavras, foi uma descoberta muito importante. Hoje escrevo e ilustro, mas gosto de trabalhar com projetos em que as duas coisas conversam e uma enriquece a outra, criando novos significados. Na concepção de Poemas Problemas, por exemplo, as rimas, recheadas de dados (coleção da minha mãe), foram nascendo junto com as ilustrações.
Considero-me uma artista visual. Sempre gostei das imagens. Pintar, desenhar, recortar, carimbar, serigrafar. Divirto-me muito com as cores, as formas, as linhas. Quando percebi que também podia brincar com as palavras, foi uma descoberta muito importante. Hoje escrevo e ilustro, mas gosto de trabalhar com projetos em que as duas coisas conversam e uma enriquece a outra, criando novos significados. Na concepção de Poemas Problemas, por exemplo, as rimas, recheadas de dados (coleção da minha mãe), foram nascendo junto com as ilustrações.
Quais foram suas maiores
inspirações para iniciar a carreira de escritora e de artista
plástica?
Inspirações? Ai... Difícil dizer que se
inicia qualquer carreira por inspiração. Admiro muitos e muitos
artistas plásticos, ilustradores, escritores: o grupo Cobra, Klee, Louise
Bourgeois, Isidro Ferrer, Sara Fanelli; as poesias de Manuel de Barros,
Cecília Meireles; adoro arte indiana; máscaras africanas; tecidos da
Guatemala; cuias pintadas na Amazônia brasileira. Viajar pra mim é sempre
inspirador. Comecei ilustrando e hoje ilustro, mas também escrevo e
faço esculturas, serigrafias, projetos de intervenções na cidade.
O que a levou a escrever livros
para o público infantil?
Sempre fui louca por livro infantil. Aliás,
livro infantil? Que coisa esquisita, né? Pra mim, livros lindos não
têm idade. Quando meu filho nasceu, a aproximação com esse universo
se ampliou. Ler com ele, viver a experiência de participar das descobertas
de uma criança, é uma delícia!
Na descrição que faz no final do
livro, você conta que os materiais didáticos inventados por sua mãe,
professora de matemática, serviram de inspiração. O livro é também uma
homenagem a ela? Ela ajudou na produção dos poemas ou exercícios
suplementares?
O livro é dedicado a minha mãe. Sem ela,
ele não seria possível. Foi a partir de uma ideia dela que tudo surgiu. E
não parou por aí... Em cada pedacinho do livro, ela esteve presente
opinando, relendo, cuidando. Um carinho de mãe que tornou esse trabalho
tão especial. Depois que o livro estava pronto, ela escreveu um
material complementar que ajuda professores e alunos a usarem o livro em
sala de aula de maneira criativa.
O livro foi concebido inicialmente
apenas para divertir as crianças ou o objetivo foi também ensinar
matemática?
Minha mãe sempre me mostrou como é
importante ensinar divertindo. Jogando, brincando... Educar com prazer! As
crianças nos ensinam muito e sempre. Nos meus livros, tento trocar
experiências com elas. A matemática na minha casa sempre foi divertida,
fez parte do nosso dia a dia. Jogos, brincadeiras, charadas. No Poemas
Problemas, tentei transmitir essa diversão também.
Você já escreveu mais de dez livros
infantis. Há algum tema que você goste mais de tratar nas
obras?
Hoje tenho mais de 20 títulos publicados e
não canso de criar... Outros vêm por aí. Adoro quando a imagem e a
palavra fortalecem o projeto. Tema? Acho que não. Dedico-me a livros que
me dão prazer! Meu filho está sempre me dando ideias também...
Escrever para leitores iniciantes
implica algum tipo de restrição em termos de linguagem, assunto, enfoque
etc.?
Até hoje não usei nenhum tipo de restrição
em função do público. Como disse, livros não têm idade! Escrevo e desenho
o que tenho vontade.
Sabe-se que no Brasil lê-se pouco.
Em sua opinião, como a leitura poderia ser mais
estimulada?
Ler com nossos filhos, compartilhar esse
momento que é tão especial, trocar livros na escola e nas praças, ampliar
o repertório do professor.
Qual é o significado do Prêmio
Jabuti para você?
O prêmio vem como reconhecimento do meu
trabalho. Importante, sem dúvida. Estimulante, também, para continuar
produzindo e tentando sempre me redescobrir!
Confira aqui
mais informações sobre o livro Poemas Problemas, primeiro colocado na
categoria Didático e Paradidático do 55º Prêmio Jabuti, outorgado
pela Câmara Brasileira do Livro.
==> Foto: Divulgação
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