Pouca gente sabe que no dia 31 de outubro comemora-se o Dia do Saci, um
dos mais populares personagens do folclore nacional.
A data foi instituída oficialmente no Estado de São Paulo em 2004, e
por várias cidades, com objetivo explícito de diminuir a importância
crescente que se dava ao Halloween, o tradicional Dia das Bruxas
norte-americano. Foi uma iniciativa de entusiastas da cultura brasileira
para convidar as pessoas a conhecer e celebrar as criaturas míticas
nacionais em vez das estrangeiras. Há projetos de lei para instituir a
data no calendário nacional, mas permanecem arquivados. É hora de se
retomar a questão.
Em tempos de globalização e de forte
interferência da televisão, com uma programação em grande parte
estrangeira, acabamos esquecendo nossas próprias origens e tradições. Tão
grave como a perda da memória é a valorização crescente do que vem de fora
e a consequente desvalorização do que é nosso.
Precisamos resgatar nossas raízes, para
mantermos
viva nossa própria identidade como povo.
As crianças nascidas nos anos
anteriores à era da tecnologia da informação ainda tiveram a oportunidade
de vivenciar as brincadeiras do nosso folclore, contos, lendas, músicas
que fizeram parte do universo infantil, que por sua vez, refletiam na
conduta humana. O problema é que as crianças atualmente não têm a
oportunidade de brincar nas ruas. Mas com a ajuda do computador podem
rever brincadeiras e músicas que fizeram parte da infância de seus pais e
avós. O que falta para aumentar a valorização da cultura popular é unir
tecnologia com tradição. Os jogos eletrônicos, por exemplos, poderiam
conter brincadeiras populares, como desfrutar uma partida de bola de gude
no computador, entre outras.
Precisamos resgatar nossas raízes, para
mantermos viva nossa própria identidade como povo. É triste vermos
que a cultura popular é vista por muitos como subcultura. Mas esse cenário
pode mudar. Ao poder público cabe desenvolver projetos de políticas
culturais que tenham como foco a valorização das manifestações populares,
de modo que nossas crianças tenham orgulho do saci, curupira, boitatá,
mula sem cabeça e outros incríveis personagens da cultura brasileira.
Jean Gaspar, mestre em Filosofia pela PUC/SP, é
apresentador do programa Filosofia no Cotidiano (TV
Cantareira) e presidente da Liga do Desporto, entidade
que promove atividades físicas e desportivas como instrumento de educação
e formação da cidadania.
==> Foto: Divulgação
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