O Instituto Cervantes
Brasília encerra a temporada, nesta semana, com o filme El
somni (2008). A película representa o documentário de caráter
intimista e de resgate da memória. O diretor Christophe Farnarier apresenta uma
interessante abordagem à história de um pastor que ainda percorre os campos com
as suas cabras, um trabalho milenar, e que reflete sobre o tempo e possível
futuro da nossa cultura.
Farnarier
fala do pastor nômade que pertence ao nosso imaginário
coletivo. Joan Pipa é um dos últimos representantes de uma
tradição milenar e sua última viagem conduzindo o rebanho em direção aos
Pirineus da Catalunha é registrada. Dia após dia, a intimidade é compartilhada
e são revelados o passado e o presente de um homem que ama o seu ofício e que
respira a alegria de conviver livremente com a natureza. Mas o abandono da
terra, a industrialização e o crescimento desenfreados, a febre da urbanização,
a multiplicação de novas infraestruturas e, agora, as mudanças climáticas vão
pondo fim a esse sonho, que leva a todos à uma direção e ao um futuro incertos.
O desaparecimento da transumância é um
sinal de progresso ou a morte da nossa civilização?
El Somni é livre para todos os públicos,
legendado em português e será apresentado em sessão única, nesta sexta-feira
(2), às 19h, no Instituto Cervantes. Entrada franca.
Cinema documental na Espanha
Na década de noventa, vários diretores espanhóis elaboraram diversas
propostas para resgatar a produção de documentários como forma de expressão
natural do cinema espanhol. Impulsionada por diretores do porte de Basilio
Martín Patino e Joaquim Jordá, a possibilidade retórica de abordar temas
sociais, históricos ou políticos a partir das convenções da "não
ficção" começou a mostrar o potencial de um cinema que buscava recapturar
o espírito artístico de referenciais como Victor Erice.
Nessa transformação, a obra de José Luis Guerín se apresentará como
emblemática e será o resultado de um enorme esforço para legitimar outras
formas de se abordar as narrativas sobre a realidade. Seu filme En
construcción(2000) conseguirá chegar a todos os públicos, um documentário
sobre a reurbanização do bairro de Raval, em Barcelona. Seu trabalho docente
universitário abrirá caminho para outros cineastas, como Mercedes Álvarez ou
Isaki Lacuesta, dois novos documentaristas que assumiram o gênero como lócus de
criação fazendo uso dos seus recursos de maneira muito diferente.
O ensino formal de produção e criação de documentários fala, na verdade,
do auge atingido nos últimos anos pelo gênero, como uma especificidade na forma
de produzir relatos. Também contribuíram para isso a facilidade de acesso a
câmeras leves, a qualidade visual das gravações feitas com celulares ou a
velocidade em que se distribui o conteúdo através da internet e das redes
sociais, fazendo com que a realidade seja compartilhada de forma complexa. Nesse sentido, o trabalho feito sobre materiais de arquivo, sobre fundos
audiovisuais antigos e canônicos ou sobre filmes familiares já se tornou um
ponto de partida habitual para a criação. Os filmes found footage,
feitos a partir de montagens, passaram a representar uma nova forma de lidar
com a reelaboração de relatos que se pretendem ensaísticos, informativos ou
apenas documentários.
Nesse âmbito, e como elemento contemporâneo, destacam-se as produções
que buscam refletir sobre a possível narração do eu como sujeito histórico e
também individual. A facilidade do acesso à gravação digital permitiu inaugurar
toda uma tendência em que as histórias de família ou os relatos intimistas se
apossam de um espaço onde a sua proximidade reside na capacidade de a mídia se
aproximar de um narrador que, por outro lado, também se desfez em pedaços
diante da impossibilidade de organizar retratos inequivocamente consolidados.
Contudo, o gênero documentário é tão antigo quanto o próprio
cinema. As primeiras paisagens captadas pelos pioneiros, os mensageiros dos
Lumière e de Edison, pioneiros como Edwin Rousby... todos eles tentaram
imprimir às suas tomadas o imediatismo dos mundos com que se deparavam nas suas
viagens e dar seu testemunho de novas realidades. De alguma forma, a expressão
por meio do documentário permanece fiel a essa necessidade de se encontrar com
o imediato, de dar conta do que é relevante e digno de ser levado em conta,
quer cultural, histórica ou socialmente. Assim, o documentário continua sendo
preciso ao aproximar os elementos mais etno-culturais que compõem nossas
sociedades. E também se constituiu como elemento fundamental para dar roupagem
à história oral e constituir relatos que reforçam a memória necessária para
construir as tradições que compõem nossa identidade.
Na Espanha, sem dúvida, todas essas vertentes receberam atenção. O
documentário tornou-se um dos fóruns mais sugestivos e criativos da produção
audiovisual contemporânea. Continua sendo, desde a década de noventa, uma das
vertentes mais criativas e pujantes da cinematografia espanhola. Seu
compromisso com a criação e a utilização de novas linguagens discursivas,
muitas vezes próprias do cinema experimental mas também da mídia informativa,
faz dos seus filmes um verdadeiro catálogo da atualidade, visto a partir de um
olhar absolutamente íntimo, com personagens que formam de outra maneira o
espaço público.
Serviço:
Territórios do documentário espanhol
Dias: 12, 19, 26/07 e 02/08
Horário: às 19h
Dias: 12, 19, 26/07 e 02/08
Horário: às 19h
Local: Salão
de Artes do Instituto Cervantes
CI : Livre
CI : Livre
Entrada Franca
Informações: 3242-0603
Site: http://brasilia.cervantes.es
Informações: 3242-0603
Site: http://brasilia.cervantes.es
Programação da Mostra
·
Dia 12/07, às 19h, entrada franca
Espanha, 2011. Documentário. 61 minutos
Produtor: Eddie Saeta S. A. e Getsemani
Direção e roteiro: Óscar Pérez e Mia de Ribot
Fotografia: Mia de Ribot
Música: Taku Sugimoto
Sinopse: Com o advento do
cinema falado em 1927, um grupo de jovens atores espanhóis parte rumo à América
para trabalhar nas versões em espanhol das grandes produções, sonhando com o
estrelato. Com o surgimento da dublagem, a solução encontrada para chegar a
todos os mercados tornou-se muito cara e a maioria deles caiu no esquecimento,
com a exceção de artistas como Edgar Neville, Enrique Jardiel Poncela ou
Imperio Argentina, que retornaram para a Espanha. Este documentário,
apresentado no Festival de Veneza, resgata sua memória.
Indicação etária: Indicado para todas as idades
Formato e legendas: DVD
(português)
·
19/07, às 19h, entrada franca
Espanha/México/Estados Unidos, 2011. Documentário. 89 minutos
Produtor: 212 Berlin, Mallerich Films e TVE
Direção e roteiro: Trisha Ziff
Fotografia: Claudio Rocha
Música: Michael Nyman e
Gerard Pastor
Sinopse: Este documentário conta
a história dos 4500 negativos feitos pelos renomados fotógrafos Robert Capa,
Gerda Taro e David Chim Seymour durante a Guerra Civil
Espanhola, que desapareceram e foram recuperados setenta anos depois, na Cidade
do México. Descobre, ainda, o papel desempenhado pelo México durante a Guerra
Civil e o seu apoio à República no exílio, e revela a maneira como a Espanha
enfrenta o seu próprio passado, trinta anos após a Transição.
Indicação etária: Indicado para todas as idades
Formato e legendas: DVD (português)
·
26/07, às 19h, entrada franca
Espanha,
2011. Documentário. 85 minutos
Produtor: Tiempos
Difíciles Films
Direção e
roteiro: Vicente Pérez Herrero
Fotografia: Vicente Pérez Herrero
Música: Juan Parrilla
Intérpretes: Álvarez El Canijo, Olga Pericet, María Juncal, Candy
Román, Concha Jareño, José Luis Montón, Talegón de Córdoba, Antonio
Moya, Marco Flores, Carmela Greco, Ramón Soler Díaz, José Luis Rodríguez,
Antonia Jiménez, Juan Parrilla, Pakete, Rafael Riqueni e José
Luis Montón
Sinopse: Um documentário sobre as raízes antropológicas do flamenco. Um olhar
sobre o sentir e o ser flamenco em todas as suas manifestações, tanto pessoais
como profissionais, tanto do flamenco que agita a indústria cultural como do
feito no ambiente familiar. Um documentário sobre o flamenco que surge nas ruas
e nas festas particulares. Uma aproximação ao flamenco dos que vivem do seu
canto e dos que cantam para vivenciá-lo, dos bailaores e dos
que o dançam, dos músicos e dos que o musicam dia após dia.
Indicação
etária: Indicado para todas as idades
Formato e
legendas: DVD (português)
·
02/08, às 19h, entrada franca
Espanha,
2008. Documentário. 77 minutos
Produtor: Eddie Saeta S. A. e Zip Visión
Direção: Christophe Farnarier
Roteiro: Christophe Farnarier e Roger Biosca
Fotografia: Christophe Farnarier
Música:
Vários
Sinopse: Desde a alvorada dos tempos, um homem caminha
tocando o seu rebanho ao ritmo das estações. O pastor nômade pertence ao nosso
imaginário coletivo. Joan Pipa é um dos últimos representantes
de uma tradição milenar. Nós o acompanhamos na sua última viagem conduzindo o
seu rebanho em direção aos Pirineus da Catalunha. Dia após dia, compartilhamos
com ele sua intimidade, descobrimos o passado e o presente de um homem que ama
o seu ofício e que respira a alegria de conviver livremente com a natureza. Mas
o abandono da terra, a industrialização e o crescimento desenfreados, a febre
da urbanização, a multiplicação de novas infraestruturas e, agora, as mudança
climáticas vão pondo fim a esse sonho e nos levando em direção a um futuro
incerto. O desaparecimento da transumância é um sinal de progresso ou a morte
da nossa civilização?
Indicação
etária: Indicado para todas as
idades
Formato
e legendas: DVD (português)
==> Foto: Divulgação
![](http://starcopos.com.br/esportecultura/dalton.png)
![](http://starcopos.com.br/esportecultura/linha_autor.png)
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