Continua no CCBB, Mostra Alfred Hitchcock

Foi entre pássaros, loiras dissimuladas, homens que sabiam demais, psicopatas, ladrões de casaca, corpos em queda, janelas indiscretas, vertigem, frenesi, pactos sinistros e festins diabólicos que Alfred Hitchcock (1899-1980) construiu sua trajetória e se transformou num dos maiores nomes da história do cinema. O diretor é tema de mostra que leva seu nome e ocupa o CCBB Brasília entre 2 de julho e 4 de agosto. Durante este período, o Centro Cultural Banco do Brasil coloca em cartaz uma parte considerável da cinematografia de Hitchcock, com 35 longas-metragens e 20 curtas (18 deles da série Alfred Hitchcock apresenta). Também estão na programação o remake de Psicose, realizado por Gus van Sant em 1998, e Psicose 2, dirigido por Richard Franklin e lançado em 1983. As projeções serão feitas com filmes em película de 35mm e 16mm, DVD e Blu-Ray.

Cineasta britânico que fez carreira na terra natal e também nos Estados Unidos (onde filmou suas obras-primas), Hitchcock é um exímio contador de histórias, um advogado do suspense, da reviravolta surpreendente, um expositor despudorado (ainda que discreto quando convinha) do lado mais obscuro da alma humana e também um inovador da linguagem cinematográfica, tendo explorado em seus filmes novos recursos visuais, narrativos e técnicos.

Além de poder conferir tudo isso nos filmes da mostra, os interessados poderão explorar ainda mais o universo hitchcockiano no curso Hitchcock e a ilusão do cinema, composto por três aulas (dias 11, 18 e 25 de julho) ministradas pelo professor de cinema Ciro Inácio Marcondes. Nelas, serão abordadas a formação de Hitchcock, a linguagem cinematográfica do diretor e os temas recorrentes em sua obra.

A trilha sonora, elemento marcante dos filmes do cineasta – e parte imprescindível na construção de cenas inesquecíveis, como o assassinato da personagem interpretada por Janet Leigh em Psicose – será tema de aula magna, em 13 de julho, conduzida pelo maestro Júlio Medaglia.

A programação estará completa com a exibição, em 27 de julho, do filme mudo O inquilino (1926), acompanhada de música executada ao vivo pelo pianista Antonio Carlos Bigonha.

A mostra Alfred Hitchcock tem curadoria de Arndt Roskens e antes de chegar em Brasília passou com sucesso pelas unidades do CCBB do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Partindo da ideia de que o importante era o que aparece na tela, o diretor esmerou-se em criar narrativas imagéticas. Ali, potencializava o uso de recursos visuais sobre o que chamava de ‘tapeçaria’, isto é, o domínio pleno de imagens, sons, figurinos, montagem, luz e câmera para compor o filme”, comenta Roskens sobre o cineasta. “Deve-se, por bem ou por dúvida, sempre contestar as unanimidades. Algumas delas, entretanto, tornam o exercício da contestação mais árduo, senão impossível de ser feito. Eis o caso de Alfred Hitchcock, um mestre do cinema, considerado por muitos o diretor mais completo da história da linguagem”, atesta o curador.

AULA MAGNA
13 de julho, às 15h30, no Teatro do CCBB. As trilhas sonoras nos filmes de Alfred Hitchcock. Palestrante: Júlio Medaglia.

O maestro e arranjador paulistano Júlio Medaglia acumula cinco décadas de atuação musical, tendo dirigido importantes orquestras no Brasil e fundado a Filarmônica Amazonas. Medaglia é autor de arranjos de composições emblemáticas da música brasileira, como Tropicália, de Caetano Veloso. Em sua palestra, Medaglia abordará o uso da trilha sonora como elemento cênico nos filmes de Alfred Hitchcock.  www2.uol.com.br/juliomedaglia

CURSO
Dias 11, 18 e 25 de julho, no Teatro do CCBB. Curso gratuito Hitchcock e a ilusão do cinema. Professor: Ciro Inácio Marcondes. Inscrições limitadas (sujeitas a lotação da sala) até 7 de julho em www.alfredhitchcock.com.br. Os alunos receberão certificado de participação ao final do curso.

11 de julho, às 16h: A formação de Hitchcock – filme Pacto sinistro (Strangers on a train). A partir dos primeiros filmes de Hitchcock, faremos uma imersão nos primórdios do mestre, verificando sua relação com o cinema britânico e o cinema silencioso. Realizaremos uma primeira abordagem sobre as características temáticas de seus filmes, e como elas embrionariamente já carregavam as ideias do Hitchcock maduro. O filme Pacto sinistro nos servirá como ponto de culminação desse processo.

18 de julho, às 16h: A linguagem cinematográfica de Hitchcock – filme Festim diabólico (Rope). Hitchcock possui um vasto vocabulário dentro das possibilidades expressivas do cinema, que inclui estilemas de linguagem, técnicas de filmar, jogos específicos com a mise-en-scène, além de uma forma autoral de lidar com a decupagem e o posicionamento dos planos. A partir do filme Festim diabólico, um de seus filmes mais trabalhados, pensaremos o mestre do ponto de vista da linguagem.

25 de julho, às 16h: Os temas de Hitchcock – filme Os pássaros (Birds). Dentre os temas principais de Hitchcock estão uma certa obsessão pelo olhar (de maneira voyerística), uma curiosidade pelos aspectos mais obscuros dos fenômenos violentos, e uma sexualidade de alguma maneira perversa e velada. A partir do filme Os pássaros (e outros), falaremos sobre como Hitchcock aloja estes e outros temas de maneira complexa em seus filmes, sem torná-los herméticos ou não-acessíveis ao público, realizando uma costura precisa entre os cinemas clássico e moderno.

Ciro Inácio Marcondes é mestre em Teoria Literária pela UnB e é doutorando na linha Imagem e Som na Faculdade de Comunicação da UnB. Atualmente dá aulas de cinema no IESB. Publicou em revistas como Cinequanon, Cerrados, Jungle Drums, Correio Braziliense, Cadernos de Semiótica Aplicada, Revista da Socine. Traduziu o livro A narrativa cinematográfica, de François Jost e André Gaudreault, publicado pela Editora da UnB, e publicou no Dicionário de Comunicação da Ed. Paulus. Trabalha também como crítico de cinema e de histórias em quadrinhos.

EVENTO
27 de julho, às 21h, no Teatro do CCBB
Exibição especial do filme O inquilino com acompanhamento musical ao vivo do pianista Antonio Carlos Bigonha.

Antonio Carlos Bigonha é pianista e compositor nascido em Ubá, Minas Gerais, está radicado em Brasília há mais de trinta anos. O músico é formado em piano clássico pela Escola de Música Lorenzo Fernandes. Em 2004, Bigonha foi vencedor do IV Festival BDMG Instrumental, ano em que lançou seu primeiro CD, intitulado Azulejando, com a participação de grandes músicos mineiros, como Toninho Horta, Juarez Moreira e Marina Machado. Seu mais recente CD, Urubupeba teve direção musical, arranjos e regência de Dori Caymmi e mereceu a indicação na categoria melhor arranjo no 24º Prêmio da Música Brasileira. Parceiro de Simone Guimarães, com quem co-produziu o CD Flor de pão, indicado para o Grammy Latino no ano de 2009, Bigonha teve sua valsa Confissão gravada em recente CD da diva Nana Caymmi.

==> Foto: Divulgação

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