CAMPEONATO MUNDIAL: Ricardo e Álvaro Filho são vice-campeões mundiais na Polônia

Até então, em oito edições do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia, o Brasil tinha sido campeão cinco vezes, um domínio absoluto. Mas, neste DOMINGO (07.07), em Stare Jablonki, na Polônia, o título ficou com os holandeses Alexander Brouwer e Robert Meeuwsen, que derrotaram os brasileiros Ricardo e Álvaro Filho na decisão, subiram ao pódio pela primeira vez na carreira e somaram mais 1.000 pontos no ranking mundial.

Depois de desbancarem os atuais campeões mundiais Alison e Emanuel na semifinal, havia uma grande expectativa pelo título de Ricardo, campeão mundial em 2003 ao lado de Emanuel, e Álvaro Filho, que debutava na competição. E a final valia como um tira-teimas, já que brasileiros e holandeses só tinham se enfrentado duas vezes, justamente nos dois últimos Grand Slams do Circuito Mundial. Em Haia (HOL), vitória holandesa por 2 a 0. Em Roma (ITA), vitória verde e amarela por 2 a 1.

No primeiro set, Ricardo e Álvaro jogaram o tempo todo atrás do placar. Chegaram a tirar uma diferença de três pontos e empatar a partida em 14/14. Mas numa boa sequência de saques de Meeuwsen, os adversários abriram 15/10 e acabaram fechando em 21/18. A história se repetiu no segundo set. Com um bom volume de jogo, os holandeses não davam chance para a reação dos brasileiros. No fim, 21/16 e o inédito título mundial para a Holanda. Alvinho, porém, foi eleito o jogador mais valioso da competição, com a dupla contabilizando mais 900 pontos no ranking.

"Nós nos superamos nesse campeonato. Dentre tantos grandes times, ficamos entre os dois melhores do mundo. Estou muito feliz por conquistar uma medalha de prata na minha primeira participação como profissional em um Mundial. Que venham mais pódios para a nossa dupla. Esse resultado serve de aprendizado para os próximos torneios", desabafou Álvaro Filho, que não se esqueceu de levar seu chapéu de cangaceiro para o pódio, o que virou sua marca.

"É claro que buscávamos o título, mas estou feliz por ter chegado longe mais uma vez aqui na Polônia, jogando nesse evento maravilhoso. Espero poder voltar mais vezes para sentir toda essa vibração. Queria parabenizar o Alvinho, que me motiva muito durante os jogos. Os holandeses estiveram mais ligados do que nós e mereceram", analisou Ricardo, campeão mundial em 2003 ao lado de Emanuel.

Antes da grande decisão, porém, é preciso que seja relatado em detalhes o que aconteceu numa semifinal de arrepiar entre duas duplas brasileiras. Um grande jogo, que empolgou mais o público do que a própria final. E o público, que lotou os nove mil lugares da arena, se mantinha dividido na torcida entre Ricardo/Álvaro Filho e Alison/Emanuel.

O brilho de um paraibano na semifinal entre gigantes brasileiros

Quando jogavam juntos e formavam a dupla número 1 do país, conquistando todos os títulos possíveis nas areias, Ricardo e Emanuel foram campeões em Stare Jablonki nas etapas de 2004, 2006, 2007 e 2008 do Circuito Mundial. Mas, desta vez, a história era bem diferente. De lados opostos, valendo vaga na decisão do Campeonato Mundial, principal torneio do ano, os poloneses e o mundo estavam de olhos atentos para saber quem levaria a melhor na Polônia. A resposta viria com grande atuação de um estreante.

Seu nome? Álvaro Filho. Em seu primeiro Mundial como profissional, o paraibano, de 1,85m, foi o pequeno gigante em meio aos grandes. Com a tática de forçar o saque o tempo todo em Alison, ele e Ricardo deram um show no primeiro set. E com muita técnica e habilidade para fugir da marcação, ninguém colocou mais bolas no chão do que o canhoto Alvinho. A vitória por 21/14, na primeira vez que as duplas se enfrentavam, mostrava que o dia poderia ser promissor para a parceria formada há apenas quatro meses.

Alison e Emanuel só foram ficar à frente do placar na partida ao fazerem 6/5 no segundo set. E logo abriram quatro pontos (13/9). Parecia que o jogo seguiria para um nervoso tie break. Parecia. Extremamente concentrados e se cobrando o tempo todo, Ricardo e Álvaro chegaram ao empate em 20/20 e fecharam em 22/20. Se o baiano nem sequer cometeu um erro na semifinal, o paraibano foi o grande destaque, com 20 pontos, sendo 18 de ataque e dois de saque, fora as 13 defesas que realizou.

"Não tenho palavras, eu ainda não acredito, é como se fosse um sonho. O Ricardo é o parceiro com quem sempre quis jogar, ele é espetacular. Nunca pensei que fosse chegar a ser um atleta profissional um dia e hoje estou aqui, na final do meu primeiro Mundial. Meu pai sempre disse para eu acreditar nos meus sonhos e em mim mesmo. Paraíba, essa é pra você", desabafou Álvaro Filho, de 22 anos, que não conteve a emoção após a semifinal e chorou nos braços de Ricardo. No mesmo instante, o reconhecimento da torcida, que gritou em alto e bom som o seu nome.

Alison e Emanuel perdem a decisão pelo terceiro lugar

Fora da briga para defender o título conquistado em 2011, em Roma (ITA), ainda restava a Alison e Emanuel a luta pela medalha de bronze, o que deixaria o pódio mais verde e amarelo. Até então, em 13 confrontos contra os alemães Erdmann e Matysik, eles tinham vencido oito e perdido cinco. Foi em Stare Jablonki, pelo Circuito Mundial de 2011, por exemplo, que eles também se encontraram na disputa pelo terceiro lugar e deu Brasil. Mas a história agora foi outra.

Assim como no último jogo entre eles, há duas semanas, pelo Grand Slam de Roma, os alemães voltaram a vencer por 2 a 0, com parciais de 21/17 e 21/19, e levaram o bronze desta vez. Destaque absoluto para Erdmann, que só faltou fazer chover, com 24 pontos, sendo 16 de ataque, um de saque e impressionantes sete bloqueios, anulando completamente qualquer reação dos brasileiros. A dupla alemã soma mais 800 pontos no ranking mundial, enquanto Alison e Emanuel contabilizam mais 700.

"São muitos anos jogando aqui na Polônia e sempre tive um enorme apoio dessa torcida. Mas dessa vez não deu. Os alemães jogaram um grande voleibol e mereceram a vitória. Foi um torneio fantástico, e infelizmente não chegamos bem nessa reta final. Antes, pela semifinal, não conseguimos fazer o jogo que queríamos. Demos o nosso máximo, usando até mais da nossa experiência do que da força física", disse Emanuel.

TODOS OS CAMPEÕES MUNDIAIS:

2013 - Polônia - Brouwer/Meeuwsen (HOL)
2011 - Itália - Alison/Emanuel (BRA)
2009 - Noruega - Brink/Reckermann (ALE)
2007 - Suíça - Dalhausser/Rogers (EUA)
2005 - Alemanha - Márcio/Fábio Luiz (BRA)
2003 - Brasil - Ricardo/Emanuel (BRA)
2001 - Áustria - Baracetti/Conde (ARG)
1999 - França - Loiola/Emanuel (BRA)
1997 - Estados Unidos - Guilherme/Pará (BRA)

TABELA E RESULTADOS:
http://www.fivb.org/EN/BeachVolleyball/Competitions/WorldChampionships/2013/Results.asp?TournCode=MSTJ2013&Phase=2

GALERIA DE FOTOS (competição):
http://www.fivb.org/EN/BeachVolleyball/Competitions/WorldChampionships/2013/Photos.asp?TournCode=MSTJ2013&Phase=2

GALERIA DE FOTOS (premiação):
http://www.fivb.org/EN/BeachVolleyball/Competitions/WorldChampionships/2013/PhotoGalleryAwarding.asp?TournCode=MSTJ2013
 
==> Foto: Divulgação / FIVB

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