Miranda marca, Atlético bate Real, quebra jejum e leva a Copa do Rei

Na última vez que o Atlético de Madri havia vencido o Real Madrid, o zagueiro Miranda tinha apenas 15 anos e se limitava a sonhar em atuar na Europa. Pois coube ao defensor brasileiro a honra de quebrar o jejum dos colchoneros contra o maior rival. E em grande estilo: com um gol de cabeça na prorrogação, o brasileiro garantiu a vitória por 2 a 1 sobre os merengues, que deu o título da Copa do Rei, em pleno Santiago Bernabéu, nesta sexta-feira.

Os 14 anos de sofrimento da torcida colchonera sem vitória no clássico – o triunfo mais recente foi em outubro de 1999 – foram recompensados com juros em apenas 120 minutos. Além do fato de ganhar um título na casa do rival, o Atlético quebra um jejum de 25 jogos sem derrotar o Real. De quebra, ostenta um retrospecto impressionante no estádio merengue: nas últimas seis vezes que disputou uma final no Santiago Bernabéu, o time vermelho e branco saiu vencedor. Ao todo, já são 10 títulos da Copa do Rei.

Miranda, porém, não foi o único protagonista de uma partida tensa, repleta de faltas e cartões. José Mourinho, com sua saída do Real cada vez mais desenhada, foi expulso no segundo tempo por reclamar do árbitro. Diego Costa e Falcao brilharam no ataque colchonero, enquanto Cristiano Ronaldo levou perigo, quase decidiu o jogo para os merengues, mas perdeu a cabeça no fim da partida e recebeu o cartão vermelho após um entrevero com Gabi, dando início a uma rápida confusão fora dos gramados. Courtois, por sua vez, fez uma defesa espetacular no fim, em chute de Özil quase na pequena área, sacramentando o triunfo do Atlético.

Real aproveita nervosismo rival e sai na frente

A princípio, parecia que o longo jejum do Atlético atrapalharia novamente os jogadores da equipe. Muito nervosos, os colchoneros mal conseguiam trocar passes no início da partida e eram pressionados pelo Real Madrid. Cristiano Ronaldo, em particular, estava à vontade em campo. Com espaço, o craque deu o primeiro susto em Courtois num chute de fora da área, que foi desviado pela zaga e quase encobriu o arqueiro.

Aos 13 minutos, porém, não teve jeito. Após escanteio cobrado da direita, CR7 subiu livre, sem ser incomodado por Godín e Falcao, e cabeceou no canto direito do gol, abrindo o placar para os merengues. Àquela altura, a hegemonia blanca não dava sinais de acabar.

El Tigre e Diego Costa despertam o Atlético

O Atlético, porém, acordou. Mais ligado no jogo, o time, na base da raça, conseguiu equilibrar as ações, embora a falta de criatividade ainda atrapalhasse na hora de criar jogadas. Entretanto, a nova postura foi suficiente para os colchoneros voltarem à partida. Bastou um momento de inspiração de Falcao, até então isolado na zaga merengue.

Aos 34 minutos, o artilheiro colombiano resolveu surpreender. Em vez de esperar a bola no ataque, recuou ao meio de campo. Seu perseguidor Albiol veio atrás, mas em vão. Após deixar o zagueiro na saudade, Falcao deu um belo passe para Diego Costa, que bateu na saída de Diego López para deixar tudo igual e se garantir como artilheiro isolado da Copa do Rei, com oito gols.

Segundo tempo movimentado

O empate tirou o medo do Atlético. No segundo tempo, mais solto, o time colchonero abdicou da postura mais recuada para encarar o rival. Com isso, a partida ficou movimentada, com chances de gol dos dois lados.

Pelo Atlético, Filipe Luís acertou um belo chute de primeira, após cruzamento de Gabi, que passou perto do gol de Diego López, aos 14 minutos. Mas foi o Real que assustou mais. Primeiro, aos 16, Cristiano Ronaldo fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Benzema, que acertou a trave. No rebote, Özil tentou a finalização, mas Juanfrán tirou em cima da linha. Depois, aos 23, CR7, à la Ronaldinho Gaúcho, mandou a bola na trave após cobrança de falta.

Aos poucos, porém, a tensão tomou conta da partida. Em vez de lances de gol, o jogo passou a se resumir a faltas no meio de campo e cartões amarelos. Özil chegou a dar uma bolada no bandeirinha, enquanto Diego Costa foi advertido, levando o técnico Simeone ao desespero. Para completar, Mourinho foi expulso aos 31 minutos, ao deixar a área técnica para criticar o árbitro. O Atlético ainda ensaiou uma pressão no fim, mas, com o futebol esquecido, o duelo se encaminhou naturalmente para a prorrogação.

Miranda vira herói

No tempo suplementar, as forças mudaram de lado de vez. O Real Madrid fez logo três alterações, tentando minimizar o cansaço, mas foi o Atlético, com a mesma equipe que iniciou a partida, que dominou as ações e se aproximou do gol. Primeiro, Diego Costa recebeu ótimo passe de Arda Turan, mas chutou fraco, para boa defesa de Diego López.

Entretanto, a torcida colchonera não precisou esperar muito para soltar o grito redentor de gol. Aos oito minutos do primeiro tempo da prorrogação, Koke cruzou da direita, e Miranda se antecipou a Diego López no primeiro pau para empurrar a bola para as redes, libertar o Atlético do jejum e garantir a festa do lado vermelho e branco de Madri.

Depois disso, o futebol deu lugar às polêmicas. Cristiano Ronaldo se desentendeu com Gabi e foi expulso. Do lado de fora, Diego Simeone e Diego Costa partiram para cima do banco de reservas do Real, com Pepe e seus colegas exaltados. Em campo, faltas, cartões amarelos e vermelhos - Gabi foi o agraciado - e discussões. Mas o torcedor do Atlético não deve ter visto. Estava muito ocupado comemorando nas arquibancadas.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: EFE

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