Luis Fabiano, Guerrero, Jadson, Sheik, Ganso, Danilo, Osvaldo, Pato,
Rogério Ceni, Paulinho... Se em um domingo de Páscoa um clássico com
tantos bons jogadores terminasse 0 a 0, o Paulistão teria de ser
benzido. Mas inesperado mesmo é que a vitória fosse decidida por um
erro, em vez do talento de um deles. Rafael Toloi recuou a bola de
maneira absurda para Rogério Ceni, que teve de dividir com Alexandre
Pato. E aí? O goleiro chutou o pé do atacante, ou o atacante entrou de
sola no goleiro? O árbitro deu pênalti.
Pato bateu e decidiu. Virada do Corinthians, que nem foi melhor no
jogo, não foi brilhante, mas não perdeu as oportunidades que teve, e
errou menos. Vitória que mantém uma escrita de sete anos sem perder para
os donos da casa no Morumbi. E que coloca o Timão em situação de menos
aperto na tabela do Paulistão. O Tricolor segue líder, seis pontos à
frente do rival e com um jogo a menos.
O São Paulo foi melhor no primeiro tempo, criou ótimas jogadas e contou
com talento e dedicação de seus jogadores. Jadson marcou logo no
início, e o time controlava o jogo até Danilo, sempre ele, letal nos
Majestosos, acertar um lindo chute de pé direito e salvar sua má
atuação. Na etapa final, fez diferença a consistência do Corinthians,
que nem se esforçou muito para ganhar, mas não cometeu nenhum erro grave
como o de Toloi.
Pausa no Paulistão. A Libertadores vem aí! O São Paulo está em situação
muito ruim. Vai jogar na quinta-feira na tão temida altitude de La Paz
contra o The Strongest. Se não vencer, corre o risco de ir para a última
rodada precisando derrotar o Atlético-MG no Morumbi, e ainda dependendo
de outros resultados para se classificar. Já o atual campeão
Corinthians, em posição mais confortável, terá o Millonarios pela
frente, na quarta, em Bogotá. Se vencer, praticamente carimba sua vaga.
Do contrário, ainda poderá fazer isso diante do frágil San José, na
última rodada, no Pacaembu.
Chuta, Ganso? Chuta, Danilo!
Paulo Henrique Ganso fez um bom primeiro tempo. Com movimentação,
dedicação de saltar aos olhos na marcação, ótimos passes, inteligência,
mas... Teve três chances para chutar a gol, e em todas preferiu tentar
encontrar um companheiro. Danilo, por outro lado, tinha atuação pífia
até receber com liberdade do lado esquerdo, ajeitar para o pé direito
e... Gol! Golaço! Não era o pé bom, mas não importa. Danilo tem talento,
tem estrela nos duelos entre São Paulo e Corinthians, onde já fez
muitos gols com as duas camisas. Ganso também tem talento. Precisa
usá-lo mais.
Quem chutou, e também marcou, foi Jadson, o melhor jogador do São Paulo
desde que Lucas se foi. Logo no começo do Majestoso, para afastar
qualquer suspeita de um novo 0 a 0 em clássicos no Paulistão. Uma jogada
ótima, que teve o drible e o passe de Osvaldo, a visão de Ganso ao
deixar a bola passar, e a calma do camisa 10. Com um sistema de marcação
frágil, apenas Denilson como volante e Maicon mais recuado, o Tricolor
foi melhor, muito por conta da dedicação dos homens de frente.
Luis Fabiano, por exemplo, apareceu em duas boas finalizações que
Cássio defendeu, mas também em desarmes e entradas firmes. Firmes, não
violentas! Leais. Mas o Timão, sabendo de sua fama, fez de tudo para
enervá-lo e jogá-lo contra o árbitro. Por sinal, choraram demais os
corintianos, que cercaram Leandro Marinho em dois lances: pediram falta
em Alessandro no lance que originou o gol são-paulino, e reclamaram do
empurrão de Gil no Fabuloso. Em nenhum deles tinham razão.
Tite começou a partida com Romarinho na direita, Danilo centralizado e
Sheik na esquerda. Nenhum deles ia bem, o que comprometia também a
atuação de Guerrero. A versatilidade dos atletas permite ao técnico
invertê-los. De repente, Emerson estava na direita, Romarinho pelo meio e
Danilo na esquerda, onde recebeu para fazer um senhor golaço. Quando
recebeu, aliás, o lateral-direito Paulo Miranda, que joga porque é
marcador, estava voltando lentamente no meio.
Na jogada mais bonita do primeiro tempo, a bola passou pelos pés de
Ganso e Paulo Miranda até chegar em Jadson, e o meia fazer lindo passe
para Osvaldo, que bateu de primeira, para fora. Paulinho e Romarinho
também tiveram chances pelo Timão. Um clássico cheio de ótimos
jogadores, muito melhor do que os outros do Paulistão.
Falta ou pênalti? Pênalti!
Ritmo mais lento. O segundo tempo não teve a intensidade do primeiro.
Um vai viajar para a Colômbia, o outro para a Bolívia. Era esperado.
Ainda assim, a qualidade dos jogadores em campo fazia com que chances
fossem criadas. Luis Fabiano recebeu dois bons passes e finalizou com
perigo, mas em ambas estava impedido.
O banco do Corinthians era melhor. Sai Guerrero, entra Pato. Que time
tem esse privilégio? Foi o jovem quem ajeitou de cabeça para Paulinho e
causou o lance mais inusitado do jogo. Rogério Ceni, goleiro mais
talentoso com os pés, furou, mas se recuperou a tempo de evitar o
segundo gol corintiano.
Com a formação inicial, o São Paulo não tinha outra proposta além de
tentar a vitória. São jogadores fadados ao ataque. O contra-ataque,
então, ficou para o Timão. Mas nenhum time cumpriu sua proposta com
apetite suficiente. Por falar em apetite, uma cena que deve ter enchido
os dirigentes tricolores de orgulho: Ganso deu um carrinho, levantou
socando o ar de raiva pela marcação da falta, e levou cartão amarelo.
Corre sangue nas talentosas veias do meia.
Tudo parecia caminhar para o quinto empate consecutivo em clássicos
quando Toloi, que havia acabado de desarmar Sheik e Pato com maestria,
errou o recuo para Rogério Ceni. O goleiro dividiu com Pato, ficou
caído, e ainda teve de amargar o pênalti e um cartão amarelo. Foi a vez
dos tricolores reclamarem demais com todos os árbitros possíveis.
Queriam uma falta do atacante, que antes do choque entre sua chuteira e a
do capitão são-paulino, já havia tocado na bola.
Sem pressão, o anfitrião tentou empatar no fim. Não conseguiu. Vitória
do Corinthians num bom jogo, que poderá se repetir na fase final.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Reprodução Sportv
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