O filme não era inédito. Clássico no Paulistão. Pouco público. Nada de
gols. Dessa vez, os protagonistas foram Palmeiras e Santos. A partida
não foi ruim como os últimos embates entre os grandes na competição, mas
a falta de qualidade nas finalizações levou a mais um 0 a 0. Para não
ficar apenas nas coisas ruins, é possível tentar ver o lado bom do
empate.
O Palmeiras, ainda sob o fantasma de ter que disputar a Série B, vai
terminar a primeira fase do Campeonato Paulista sem perder para os
principais rivais. Também não ganhou, é verdade: 2 a 2 com o Corinthians
e 0 a 0 com o São Paulo. Mas para quem iniciou o ano considerado presa
fácil, sobretudo nos clássicos, a estatística aumenta a autoestima de
jogadores, comissão técnica e torcedores. Neste domingo, aliás, a equipe
não só não perdeu como foi melhor em campo. Faltou pontaria, faltaram
melhores jogadores, mas coletivamente o Palmeiras pode se orgulhar. Foi
superior ao time de Muricy Ramalho.
Já o Santos provou que até pode haver vida sem Montillo e,
principalmente, Neymar. Mas não é vida fácil. Com garotos no ataque,
volantes no meio e pouca criatividade, Muricy Ramalho até tentou optar
pela ousadia, mas logo percebeu que seria melhor proteger o meio-campo.
André não fez boa partida, Arouca pouco se soltou para criar, e a cada
lance os torcedores sentiam saudade das traquinagens do camisa 11, que
nesta segunda-feira tentará conduzir a seleção brasileira à sua primeira
vitória com Felipão, contra a Rússia. O garoto Giva, ao menos, com
erros e acertos, não sentiu o peso do clássico. Foi quem mais apareceu.
Com 25 pontos na tabela, o Verdão vai a Mirassol enfrentar a equipe do
interior na quarta-feira. O Peixe, com 28, a quatro do líder São Paulo,
que ainda tem um jogo a menos, vai receber o Mogi Mirim na Vila Belmiro,
quinta-feira, provavelmente com a volta de seus principais astros.
4 a 3 para o Verdão... No meio!
Para entender o primeiro tempo, o melhor é usar uma frase do volante
Arouca, do Santos, assim que o árbitro encerrou a etapa inicial:
- Eles estão com um homem a mais no meio-campo, sempre que a gente vai
dar o bote, sobra alguém. Tenho certeza que o professor Muricy já
percebeu.
O "alerta" de Arouca foi causado pela opção do técnico santista em
escalar o Peixe com três atacantes: Neilton na esquerda, André pelo
centro e Giva na direita. Com quatro volantes que, segundo Gilson
Kleina, sabem jogar (Marcio Araújo, Léo Gago, Charles e Wesley), o
Palmeiras dominou o setor durante boa parte do jogo, e as investidas
mais perigosas foram criadas por Wesley e Juninho. Pelo lado esquerdo,
ambos infernizaram a vida de Bruno Peres e abriram a marcação
palmeirense.
Com pouco mais de um minuto de jogo, Giva já havia dado uma perigosa
arrancada, e a resposta do Verdão quase foi fatal. Rafael largou chute
de Wesley, mas Leandro, no rebote, bateu por cima do gol. O goleiro
voltaria a ganhar duelo com o atacante quando ele finalizou de primeira,
após levantamento de Marcio Araújo. Mas a grande defesa do primeiro
tempo foi de Fernando Prass. Com reflexo puro, no chão, defendeu
cabeçada fulminante de Cícero, especialista no fundamento, após cobrança
de escanteio de Neilton.
O jovem atacante não teve boa atuação, errou passes, perdeu bolas. Já o
Verdão, mesmo sem brilho, esteve mais à vontade em campo. Caio e
Leandro tentaram boas tabelas. Não funcionou, mas é preciso insistir.
Faltou pouco. Os volantes também saíram com sincronia para o ataque, e
obrigaram Arouca, que poderia ser um foco de criação do Santos, a ficar
mais recuado. Com placar zerado, o primeiro tempo teve um tom mais
esverdeado.
Emoção no início, marasmo depois
Professor Muricy e Arouca estavam bem sintonizados. O Santos voltou
para o segundo tempo com Alan Santos no lugar de Neilton: 4 a 4 no
meio-campo. E, novamente, os primeiros minutos foram intensos,
emocionantes, não combinavam com o público pífio, a exemplo dos
clássicos recentes do Campeonato Paulista. 11.912 pessoas pagaram
ingresso no Pacaembu. No Morumbi, dia 3 de março, Santos e Corinthians
jogaram para 17.155 torcedores. No mesmo estádio, São Paulo e Palmeiras
tiveram 18.020 testemunhas.
Juninho recebeu de Léo Gago e bateu para fora. Do outro lado, Giva
ganhou presente de Arouca, mas Prass fez outra bela defesa na
finalização do atacante. E ainda contou com a sorte quando André, livre
na pequena área, não conseguiu desviar em cheio o cruzamento de Bruno
Peres. Kleina sentiu que precisava inibir o avanço dos volantes do
Peixe. A solução, ao menos a tentativa, foi a estreia do meia
Rondinelly.
Muricy e Kleina também se entendiam nas substituições, e trocaram seus
atacantes. André por Miralles; Caio por Vinícius. E nada do placar se
alterar. Para piorar, os times pararam de criar, se entregaram ao céu
nublado da cidade de São Paulo. O jogo também ficou nublado. O Verdão
continuou com mais posse de bola, mas parecia ter medo de finalizar. Uma
tabelinha de futevôlei entre Leandro e Rondinelly, dentro da área, foi a
clara manifestação do receio de errar.
Quem arriscava era Léo Gago. O volante assumiu a responsabilidade,
armou, chutou, errou, e se tornou o destaque entre os jogadores de
linha. Quando Wesley chutou e Rafael soltou, Vinicius não conseguiu dar
um simples toque para Leandro. E a última chance do jogo atravessou toda
área.
Ciente de que tudo é diferente sem Neymar, o Santos pareceu conduzir o
jogo até o apito final do árbitro. Cícero e Arouca estiveram muito
distantes dos atacantes, os laterais não apoiaram, e o empate parecia
ser o sonho dos comandados de Muricy.
Cansado, já que correu demais, Giva deu lugar a Victor Andrade, que
pouco pegou na bola nos últimos minutos. Mais um 0 a 0. Que os gols
estejam guardados para a fase final...
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Marcos Ribolli
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