Não podia ser melhor para a torcida do Vasco e o aniversariante de
domingo, o técnico Gaúcho. Na véspera de completar 60 anos, o treinador
vascaíno mostrou estrela ao mexer bem na equipe no segundo tempo e ver
sua equipe devolver às arquibancadas, na noite deste sábado, no
Engenhão, os gritos da torcida de "o Vasco é o time da virada, o Vasco é
o time do amor". Numa partida emocionante, em que chegou a estar
perdendo - também de virada - por 2 a 1 aos 34 minutos do segundo tempo,
a equipe reagiu e chegou aos 3 a 2, com direito a gol de um outro
Romário.
O primeiro tempo terminou 0 a 0, o que já dava ao Vasco a vaga na final
da Taça GB, por melhor campanha no primeiro turno. Mas o grande
destaque ficou por conta da segunda etapa, quando Bernardo abriu o
placar aos 24 minutos. O Flu reagiu e fez 2 a 1. Fo quando Gaúcho,
ex-jogador do clube nos anos 1970 e 1980, lembrou da velha garra
cruz-maltina e injetou sangue novo. Dakson, 25 anos, e Romário, 20,
entraram. O primeiro cruzou para o outro empatar. Depois, coube a Dedé,
zagueiro como Gaúcho já fora um dia, fazer o gol da vitória com sabor
especial.
O zagueiro cruz-maltino foi um dos destaques desse triunfo que deixa o
time na briga para encerrar um jejum de nove anos sem conquistar um
turno sequer. O time, após assegurar vaga na final da Taça Guanabara no
próximo domingo, agora aguarda o vencedor de Flamengo x Botafogo, que se
enfrentam neste domingo..
Ao Fluminense, resta seguir na Libertadores antes de estrear na Taça
Rio. Na próxima quarta-feira, o Tricolor volta a jogar na competição
sul-americana contra o Huachipato, do Chile, que derrotou por 2 a 1
semana passada fora de casa. Agora, a partida será no Engenhão.
Flu começa melhor
Num primeiro tempo em que o Fluminense teve o domínio da partida mas
não contava com noite inspirada de seus principais jogadores, o Vasco,
com a vantagem do empate, deu mostras desde o começo de ter entrado em
campo com o regulamento debaixo do braço. E acabou já sendo o vitorioso
com o 0 a 0 nos primeiros 45 minutos. O time usou a estratégia de chamar
o Fluminense para depois tentar decidir nos contra-ataques. O técnico
Gaúcho não esperava, no entanto, ter uma defesa tão confusa na marcação e
na saída de bola. A equipe tricolor, apesar dos sinais de cansaço por
conta da viagem e do jogo pela Libertadores no meio da semana, procurou
se aproveitar disso. E por pouco não mudou o panorama logo na primeira
jogada.
Renato Silva começou a complicar a defesa do Vasco antes de o ponteiro
chegar a um minuto de partida ao jogar a bola desnecessariamente para a
lateral. Thiago Neves, armando pela direita, se aproveitou da situação e
tabelou com Fred. O camisa 10 tricolor recebeu e mandou o cartão de
visitas tricolor na trave de Alessandro, já batido no lance. O tempo
cravava 55 segundos
Com dois volantes se complicando na marcação e nas saídas de bola, o
Vasco sofria com a apatia de Pedro Ken e Carlos Alberto, homens de
criação da equipe sem espaços para produzir. Resumo: Bernardo e Eder
Luis mal participavam da partida. Melhor para o Flu.
Vasco recuado
Pior para o Vasco é que os erros da defesa se repetiam. Em escanteio
pela direita, uma falha de posicionamento deixou o zagueiro Anderson
livre para marcar. Por sorte do time, o zagueiro tricolor bateu em cima
de Alessandro, que no reflexo salvou em cima da linha. Tudo isso em
menos de dez minutos.
A equipe tricolor viu que, se forçasse, poderia tirar partido. Se a
equipe saía lentamente da defesa para o ataque, tinha um jogador no
meio-campo capaz de mudar o ritmo com um simples toque. Esse cara era
Deco. O camisa 20 deu uma linda virada de bola para a esquerda.
Carlinhos arrancou como ponta, cortou Eder Luis, mas bateu também em
cima de Alessandro. O lateral-esquerdo tricolor começou a ser mais
acionado na partida. E foi dele o centro que Fred poderia ter
aproveitado melhor. O camisa 9 tricolor cabeceou para o alto, e a bola
subiu.
Para infelicidade do Flu, Deco não teve outro momento de inspiração
como aquele. Acuado, o Vasco precisava acordar ao menos nos
contra-ataques. Só aos 34 minutos o time tentou encaixar a jogada veloz
com Eder Luis. Mas Pedro Ken lançou com força, e o goleiro Diego
Cavallieri saiu bem e evitou o pior. No fim da primeira etapa, coube a
Dedé o melhor momento do time na partida. O zagueiro arrancou da defesa e
deu o passe certo para o veloz ponta-direita. Eder Luis fez tudo certo.
Mas Carlos Alberto, não. Ao receber a bola, abusou do preciosismo. Quis
fazer fila e desperdiçou uma boa jogada de ataque, irritando a torcida.
Mas o primeiro tempo acabou sendo bom com o 0 a 0.
Mudanças e gols
No vestiário, o técnico Abel Braga resolveu mexer no Flu. Trocou o
lateral-direito Bruno por Wellington Silva. Mas foi o Vasco empolgado
pela garra de Dedé no fim do primeiro tempo que voltou melhor no começo
do segundo tempo. E teve mais uma vez nos pés de Carlos Alberto a chance
de abrir o placar. Numa falha de Wellington Nem, apagado em campo, o
camisa 10 cruz-maltino arrancou com a bola do meio-campo e, quando tinha
Eder Luis pela direita e Bernardo e Wendel pela esquerda, com apenas
dois tricolores na marcação, preferiu tocar para o camisa 31. Bernardo
bateu, Cavalieri defendeu.
Deco já dava sinais de cansaço. Abel o trocou por Wagner. O Flu dava
mais sinais ainda de desgaste. O Vasco, ao contrário, explorava mais os
espaços para o contra-ataque. Com Pedro Ken mais ligado, Bernardo e Eder
Luis mais efetivos, o time cresceu em relação à primeira etapa. O
Fluminense já começava a olhar para o relógio.
Tenso, o time tricolor acabou falhando na defesa. E aos 24 o
contra-ataque cruz-maltino foi letal: Gum rebateu mal de cabeça um
lançamento, a bola sobrou para Eder Luis. O centro do camisa 7 para
Bernardo foi na medida. O camisa 31 bateu de canhota, de prima. A bola
passou por baixo de Diego Cavallieri: 1 a 0 para o Vasco. Na
comemoração, atropelou um radialista...
O tempo passava, e o Fluminense, agora, precisava de dois gols para
sair com a vaga para a final da Taça GB. Abel, no desespero, sacou o
zagueiro Anderson para pôr o atacante Rhayner, que não faz um gol há
mais de dois anos. E o atacante acabou ajudando no empate. Num cochilo
da defesa do Vasco em cobrança de lateral tricolor, o camisa 22 tentou
matar a bola, que sobrou para Thiago Neves mandar para o fundo das
redes, aos 32 minutos.
Duas viradas
Era o combustível que o tricolor precisava. E outro jogador que Abel botou na partida participou da virada tricolor: Carlinhos avançou pela esquerda e cortou para o meio. Bateu com força. Alessandro espalmou, e Wellington Silva tocou para Wellington Nem, num balaço, virar a partida, aos 34 minutos.
Se Abel Braga mexeu bem no time, o técnico Gaúcho mostrou que os
cabelos brancos da terceira idade contam a favor num momento crítico.
.Na véspera de completar 60 anos, pôs dois jogadores que mudaram a
partida. Dakson entrou no lugar de Eder Luis e Romário no de Thiago
Feltri. E foi Dakson que centrou para Romário empatar, aos 38.
A partida estava emocionante. Os dois times buscavam o gol. Mas o Vasco
justificou os gritos da torcida de ser o time da virada.. Dessa vez,
foi Bernardo quem cruzou. E Dedé, aquele chamado de Mito, que no fim do
primeiro tempo tirou o time do sufoco, se aproveitou da falha de
marcação de Gum e bateu por baixo das pernas de Diego Cavallieri, aos
41. O presente de aniversário para Gaúcho foi em alto estilo. De
zagueiro para ex-zagueiro.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Yahoo! Esportes / Estadão
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