No duelo entre os artistas do Barcelona e os operários do Milan,
melhor para os rossoneri. Enquanto transpiração não faltou aos donos da
casa, a típica inspiração blaugrana não deu o ar da graça. Como
resultado, os italianos, com uma estratégia impecável, anularam as
estrelas da equipe catalã e venceram o adversário por 2 a 0 nesta
quarta-feira, no estádio San Siro, pela partida de ida das oitavas de
final da Liga dos Campeões. De quebra, os milanistas quebraram um jejum
de sete jogos sem vitória sobre os rivais na competição. Os gols foram
marcados por Boateng e Muntari.
O triunfo deixou a equipe italiana em ótima situação no torneio. Na
partida de volta, marcada para o dia 12 de março, os rossoneri podem
perder por até um gol de diferença que se classificam. Caso balance as
redes pelo menos uma vez no duelo na Catalunha, o Milan pode ser
derrotado por até dois gols. Ao Barcelona, resta vencer por 2 a 0 para
forçar a prorrogação ou triunfar por uma diferença de três gols.
Força na marcação e fé em El Shaarawy
No quebra-cabeça para deter Messi,
o técnico Massimiliano Allegri dispensou o conselho do presidente
Silvio Berlusconi e abriu mão de uma marcação individual no craque
argentino. Ainda assim, foi nas raízes do futebol italiano, resgatou o
velho "catenaccio", como é conhecido o estilo de jogo defensivo do
esporte na Bota, e soube organizar a retaguarda do Milan. Desde o
início, ficou claro que os donos da casa não se lançariam ao ataque. Sem
Balotelli, que não está inscrito na competição, mas foi ao estádio
acompanhar a partida, a prioridade era negar espaços aos catalães.
E a proposta rossonera foi cumprida de forma irretocável na primeira
etapa. Como de costume, o Barcelona controlou a posse de bola – foram
67% de domínio sobre a pelota nos 45 minutos iniciais. No entanto, não
ameaçou em nenhum momento o Milan, que rechaçava como podia qualquer
ataque que ultrapassasse a primeira linha de marcação.
Por outro lado, tanto esforço na defesa cobrou seu preço no ataque. Com
um meio-campo mais combativo que técnico, o Milan tinha dificuldades
para articular suas jogadas. A estratégia era lançar El Shaarawy, mas o
jovem pouco podia fazer sozinho contra um mar de camisas laranjas, já
que não contava com alguém para ajudá-lo. Em sua melhor oportunidade,
aos 15 minutos, ele recebeu ótimo passe de Boateng e invadiu a área, mas
adiantou demais a bola, e Puyol cortou o perigo. Na cobrança de
escanteio, Boateng bateu livre, dentro da área, mas mandou para fora.
Diante da forte marcação adversária, restou ao Barça tocar a bola.
Isolado na frente, Messi procurava espaços em todos os lugares. Recuava
para o meio, trocava passes com Xavi, mas era barrado na frente. Caía
pela direita, entortava Constant, mas não conseguia dar continuidade à
jogada. Mesmo com a bola na maior parte do tempo, o time catalão e seu
principal craque não encontravam solução para furar a retranca.
Boateng não perdoa
Após o intervalo, o Barcelona continuou sem imaginação, enquanto o
Milan seguia insistindo nas jogadas em velocidade com El Shaarawy,
posicionado pela esquerda para aproveitar os avanços de Daniel Alves. E
assim surgiu o gol do Milan.
Aos 11 minutos, o Faraó foi derrubado pelo lateral brasileiro quando
tentava arrancar. Na cobrança, Montolivo bateu forte, mas, no meio do
caminho, a bola bateu no braço de Zapata e sobrou para Boateng, que não
titubeou: girou bonito e, de canhota, chutou no canto esquerdo de
Valdés: 1 a 0 Milan.
Abbiati, um torcedor privilegiado
Precisando de mais força ofensiva, o técnico Jordi Roura trocou
Fàbregas por Alexis Sánchez, que foi atuar como centroavante, mais fixo,
algo que faltou ao time na etapa inicial. Entretanto, a alteração não
teve grande impacto. Com Messi apagadíssimo, o Barcelona mal chegava à
área do Milan, e Abbiati era um mero espectador da partida.
Como o plano A não funcionava, os catalães até mudaram suas
características. Aos 30 minutos, talvez cansado de tocar a bola, Iniesta
cortou para dentro e chutou de fora da área, mas a bola passou ao lado.
Logo depois, em cobrança de falta, Xavi bateu por cima do gol.
O Milan, por sua vez, continuava bem postado e ameaçava cada vez mais
nos contragolpes. Em um deles, definiu a vitória e coroou o sucesso de
sua estratégia. Aos 35 minutos, Niang ganhou de Puyol pela direita e
tocou para El Shaarawy, que percebeu a chegada de Muntari e tocou pelo
alto para o ganês. O volante nem deixou a bola cair e bateu firme, de
canhota, novamente sem a menor chance para Valdés, ampliando o placar.
No fim, o Barcelona, abatido, ainda ensaiou uma pressão para diminuir o
prejuízo, mas era tarde demais. O momento era de festa para a torcida
do Milan e para Balotelli, que junto com seus amigos - entre eles o
brasileiro Robinho - comemorou pulando o importante triunfo rossonero.
Abbiati, Abate, Zapata, Mexès e Constant; Ambrosini, Muntari, Montolivo e Boateng; El Shaarawy (Traoré) e Pazzini (Niang). | Valdés, Daniel Alves, Pique, Puyol (Mascherano) e Jordi Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Fàbregas (Alexis Sánchez), Messi e Pedro. |
Técnico: Massimiliano Allegri | Técnico: Jordi Roura |
Gols: Boateng, aos 12 minutos do segundo tempo, e Muntari, aos 35 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Mexès e Traoré (Milan); Busquets e Piqué (Barcelona) | |
Árbitro: Craig Thomson (ESC) Auxiliares: Derek Rose (ESC) e Alasdair Ross (ESC) |
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Local: San Siro, em Milão (Itália) |
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: AP


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