A
CAIXA, com seus mais de 150 anos de história, muito se orgulha do trabalho à frente
da administração das Loterias Federais, que em 2012 completam 50 anos. Para
esta comemoração, a CAIXA Cultural lançou o livro Sorte da Arte - que traz
exatos 13 capítulos – numa alusão ao número da sorte – resgata
curiosidades históricas, como o primeiro sorteio de uma loteria no Brasil,
quando ainda colônia de Portugal, em 1784.
A
exposição Sorte a Arte é composta de 29 obras de artistas que ilustraram
bilhetes da Loteria Federal entre 1968 e 1986, sendo o primeiro com o tema
Independência, de 1968, com autoria de Djanira, e depois seguiram Aldemir
Martins, Di Cavalcanti, Carybé, Glênio Bianchetti, Sclyar, Glauco Rodrigues,
Darel, Rebolo entre outros. Ao todo, 86 obras ilustraram os bilhetes e, dentre
estas, foram selecionadas 30 pelo curador Cézar Prestes.
Esta
mostra é uma rara oportunidade de apresentar ao público brasiliense um esforço
de popularização da arte brasileira num conjunto tão expressivo de arte que
integra o acervo da Caixa.
CAIXA CULTURAL – GALERIA
ACERVO
Lançamento do catálogo
da exposição SORTE DA ARTE, dia 22/01 às 16h na Caixa Cultural.
Visitação: Até 03 de
março de 2013, e terça a domingo - das 10h às 21h.
SORTE
DA ARTE
Loteria
e Caixa Econômica Federal formam a esquina da sorte grande deste país desde
1962. Seis anos depois de a CEF criar a Loteria Federal, os encontros marcados
entre a população brasileira com a esperança da fortuna passaram a proporcionar
uma imediata sorte extra, a da contemplação de obras de arte temáticas. Era a
popularização de ícones do fazer artístico brasileiro de uma forma inédita,
como se ocorresse uma mostra simultânea e móvel país afora.
Em
uma iniciativa pioneira, ilustravam os bilhetes dos grandes prêmios da Loteria
de então obras que falavam do Brasil aos brasileiros. Os apostadores de Norte a
Sul, em um perímetro descrito pelas agências da instituição, passaram a
desfrutar do convívio com a arte. Estava inaugurado um ciclo de criação
artística com valor avaliado com a clareza do distanciamento não do espaço, mas
do tempo. Valorizar a história e a cultura popular seria objetivo suficiente,
mas a ação da Loteria Federal do Brasil transcendeu essa causa e adentrou as
artes plásticas.
Depois
dos primórdios da coleção, em resposta a uma necessidade financeira da pintora
Djanira, manifestada à Caixa no final de 1967, a acumulação do acervo foi
norteada por encomendas de criações em referências a datas comemorativas a mais
de três dezenas de artistas. A quase totalidade das obras festejava as quatro
grandes extrações: Inconfidência Mineira, São João, Independência e Natal, em
manifestações sobre tela, papel e madeira, mas o Carnaval também mereceu
ilustrações assinadas.
Imagens
de criações como as da pioneira Djanira e Di Cavalcanti, Glauco Rodrigues,
Abelardo Zaluar, Carlos Scliar, Aldemir Martins e Carybé, em forma de pinturas,
desenhos e gravuras, ganharam as ruas reproduzidas nos bilhetes de grandes
prêmios. Concepções em geral figurativas com narrativas explícitas ou
referências aos fatos revelavam os estilos e os momentos da obra de cada
artista destacado para interpretar cada evento com suas paletas particulares –
como as de Glênio Bianchetti, Antonio Poteiro, Darel Valença Lins ou João
Câmara.
A
identidade nacional é a matéria prima da coleção formada passo a passo.
Conforme transcorriam os anos país afora cresciam as versões sobre os temas
propostos. Trabalhos marcados por traços fortes, com tinta a óleo, ou com a
delicadeza extraída do guache conviviam com pinturas acrílicas e versáteis
técnicas de gravura a revelar criadores e criaturas. Fatos do passado eram
trazidos para a ótica daquele presente sob o ponto de vista da arte.
Essa
grande ação de mecenato da Loteria por décadas impulsionou a evolução da obra
de artistas tal como ocorria quando monarcas encomendavam retratos de si e dos
seus, revelando ao mundo contemporâneo os cenários e personagens de outrora. A
Loteria instigava criadores que hoje temos como intérpretes da nossa história
da arte em um grande ateliê brasileiro.
Dentro
da Caixa, uma instituição financeira, o capital simbólico da Loteria semeou a
criação de uma pinacoteca. Os originais daquele diálogo entre arte e cidadão,
relíquias até da memória afetiva da instituição, convergiram para a grande ação
batizada de Caixa Cultural. Chega a 1.900 obras o acervo criado a partir daquelas
peças encomendadas para marcar os grandes prêmios de datas comemorativas nesta
vertente de cultura da instituição, hoje uma referência nacional e
internacional, com espaços de preservação, divulgação e intercâmbio da arte
brasileira.
Nos
anos 1980 foi incorporado à Caixa o acervo do Banco Nacional da Habitação, a
coleção Brasília – declarada então Patrimônio Cultural da Humanidade –, as
obras dos prêmios aquisições em salões promovidos e apoiados pela instituição
nos estados brasileiros e as criações patrocinadas pela Caixa. Esse reforço de
novas vertentes do fazer artístico ampliou as técnicas do conjunto original com
tapeçaria e escultura em criações figurativas e abstratas. A mais antiga é a
histórica Valência, pintura de Anita Malfatti datada de 1927, concebida
em Paris. Essa referência demonstra o porte da coleção unificada, atribuído ao
resultado de ações culturais de fomento no terreno das artes visuais iniciadas
pela Loteria.
É hora de festejar a união do talento artístico à vocação da Loteria, a
de dividir a sorte grande. Ao percorrer a história da arte de 1968 a 1989 por
meio do acervo temático das extrações especiais na Coleção Loterias, fica
explícita a diversidade do pátio cultural brasileiro, preservada em um recorte
singular. Cabe à arte comemorar os 50 anos da Loteria.
==> Foto: Tomás Faquini
0 comments:
Postar um comentário