Depois do Pato que inaugurou as
publicações da Editora Abril completar sete décadas, é a vez do mais
célebre personagem de HQ já criado no Brasil virar setentão: Zé Carioca,
o mais clássico de todos comics tupiniquins, fez sua estreia no longa
dos Estúdios Disney “Alô Amigos” em 1942. Para comemorar essa data, a
Editora Abril fará uma coletânea de todas as histórias já publicadas ao
longo deste tempo, algo que nunca foi feito antes.
São dois volumes de 300 páginas cada,
sendo que o primeiro está nas bancas desde 30/10 — exatamente um mês
depois, a segunda edição desembarca. No total, 103 tiras serão
republicadas com as cores originais com que foram lançadas. A Abril
reuniu um time de especialistas que devotaram cerca de dez meses a uma
pesquisa minuciosa para conservar os mesmos tons vintage de gibis de
décadas passadas.
Zé Carioca viverá novas histórias
Decerto, a coleção encherá de
nostalgia gerações inteiras influenciadas pelos quadrinhos Disney, e
fará um importante trabalho em resgatar aos leitores mais jovens este
valioso legado da produção brasileira de HQ. Fato, porém, é que a
Editora Abril dará um passo adiante ao publicar as primeiras histórias
inéditas de Zé Carioca em mais de dez anos. Quem assina os roteiros são
dois desenhistas que escreveram algumas das mais célebres histórias no
apogeu do gibi de Zé Carioca aqui no Brasil, durante os anos 70, 80 e
90, Arthur Faria Jr. e Luiz Podavin. A Editora Abril passará a publicar
histórias inéditas da Vila Xurupita a partir do 1º trimestre de 2013.
Coleção traz curiosidades especiais
Como se trata de uma coleção especial,
o leitor é brindado com uma introdução que traz detalhes sobre a
fatídica viagem de Walt Disney ao Brasil em 1941 — como parte da
“Política da Boa Vizinhança” implementada junto à América Latina pela
CIA — e curiosidades sobre o processo de criação do personagem. Muito se
especula sobre qual brasileiro inspirou os estúdios Disney a
desenvolver a personagem; a hipótese mais surpreendente alega que, não
obstante seu nome, os desenhistas se basearam na figura de um paulista: o
músico José do Patrocínio Oliveira, o Zezinho, crucial para que fossem
elaborados os movimentos e trejeitos que seriam empregados na animação
“Alô Amigos”.
Zezinho tocou com Carmen Miranda em
vários de seus sucessos holywoodianos, e ela mesma o indicou a Walt
Disney para dublar Zé Carioca. Disney falava que o músico tinha até
“nariz de papagaio”; segundo ele, os artistas do estúdio pediam a
Zezinho andar, sambar e rebolar para estudarem seus movimentos — ao que o
músico respondia: “Mas eu não sei rebolar, eu sou paulista!”
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