Scientific
American Brasil traz na edição de dezembro um artigo sobre o ISON que
poderá ser o cometa mais brilhante dos últimos tempos. Cometas, no
entanto, são astros um tanto imprevisíveis e, neste caso, o ISON pode
tanto ser um astro muito brilhante, superando mesmo a penúltima passagem
do Halley, como frustrar os observadores. O cometa terá máxima
aproximação da Terra no final do ano que vem e poderá ser visto durante o
dia.
Desde
que os russos Vitali Nevski e Airtyonn Novichonok descobriram o cometa
batizado de ISON (C/2012 S1), em 24 de setembro passado, a expectativa é
grande, pois não é sempre que se pode avistar um cometa brilhante, a
olho nu. Na data que o “pontinho luminoso” foi descoberto, estava no
interior da constelação de Câncer, a 1 bilhão de quilômetros da Terra.
O que são cometas?
Segundo
o astrônomo Enos Picazzio, que assina o artigo de Scientific American
Brasil, cometas são corpos de pequena massa, compostos essencialmente de
gases congelados como água (80%), monóxido de carbono (10%), dióxido de
carbono (3,5%), compostos orgânicos ricos em carbono, CNONs (grãos
ricos em carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) e grãos de
silicatos. Ou seja, os cometas são formados por gelo, gases e poeira
cósmica.
Ao se aproximar do Sol, a radiação faz com que parte do cometa passe do
estado sólido diretamente para a gasosa. O gás expelido por esse
processo, na forma de jato, libera poeira impregnada no corpo do cometa
formando o núcleo e cauda desses astros. Na verdade cometas têm uma
cauda dupla bastante distinta: a produzida por gases e a formada por
poeira cósmica.
De onde vem o brilho?
O
brilho dos cometas depende muito da distância a que estão da Terra,
entre outras condições como a quantidade de material liberado na
aproximação com o Sol e o fato de ser um cometa periódico (com muitas
passagens pelas proximidades do Sol), ou se estiver fazendo esse
encontro pela primeira vez e talvez única vez, dependendo da órbita que
apresenta.
Assim,
ao menos em princípio, quanto mais próximo da Terra, mais brilhante
deverá ser. Por isso cometas periódicos brilhantes, como o Halley,
aparentemente mudam muito a cada passagem. Em 1910 a aparência do cometa
Halley foi magnífica, mas em 1985 foi uma decepção para o grande
público que esperava uma reedição da passagem anterior, em 1910. A
expectativa é que o cometa atinja magnitude - 10. Magnitude é a unidade
de brilho dos corpos celestes e quantio menor indica brilho maior. Para
se ter uma ideia, a lua cheia tem magnitude – 12,7.
Ison, o cometa
A
órbita preliminar do ISON indica que ele atingirá o periélio (ponto
maior de aproximação do Sol) em 28 de novembro de 2013 e talvez ele
possa ser visto mesmo durante o dia. A órbita preliminar do ISON sugere
que ele pode ter origem na Nuvem de Oort, berçário de cometas de longo
período. Cálculos preliminares indicam que, em 1º de outubro de 2013, o
ISON deve passar a apenas 10 milhões de km de Marte e, em 26 de
dezembro, a 60 milhões de km da Terra.
A órbita do ISON se parece um pouco com a do grande cometa de 1680
(1680 V1). Isso significa que, a princípio, pode haver uma ligação entre
ambos. Embora ainda seja cedo para tirar conclusões, não se deve
descartar a possibilidade de que ambos sejam o mesmo corpo, ou que
possam ter originado da fragmentação de outro cometa que existiu no
passado. Cometas são astros imprevisíveis, ao menos em relação ao brilho
que podem exibir, mas estão sujeitos às leis clássicas da física e foi
exatamente isso que permitiu que o astrônomo inglês Edmond Halley
fizesse acertadamente a previsão de seu retorno, quando aplicou ao astro
a gravitação então estabelecidade por Isaac Newton.
De
qualquer maneira, à medida que se aproxima do Sol, o cometa terá seu
brilho aumentado pela liberação de material (gases e poeira) que
refletem a luz solar no espaço como um espelho.
Pelas previsões o ISON será visível a olho nu entre meados de novembro e
dezembro. Uma boa referência, nessa época, é procura-lo nas
proximidades de marte, entre os meses de setembro e outubro. Entre 13 e
17 de outubro o cometa ISON, o planeta Marte, e a estrela Regulus (alfa
de Leão) estarão bem próximos no céu para um observador na Terra.
Se
ficar demonstrado que o ISON tem uma órbita parabólica, portanto
aberta, esta será a primeira e última passagem do ISON pelas
proximidades do Sol: ele estaria sendo gravitacionalmente expulso do
Sistema Solar.
==> Foto: Divulgação (Cometa Halley)
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