Cinco
anos depois, o rapazote de 15 anos já era atração turística do CTG. Com 16
anos, subia profissionalmente a um palco pela primeira vez. O palco, no caso,
era de um dos tantos festivais nativistas que efervesciam no Rio Grande dos
anos 80. E foi justamente neles que Renato Borghetti primeiro fez
sua fama. Tocava como um possuído, o que causava ainda maior impressão em quem
conhecia as imensas limitações do seu instrumento, a gaita-ponto.
Além
disso, ele era (e é) uma figura fascinante: alto, cabeludo, tímido e dono de
uma beleza encantadora para as moças que conseguissem divisar alguma coisa
debaixo daquele chapéu invariavelmente inclinado sobre seu rosto. Somado às
bombachas surradas e às indefectíveis alpargatas de corda, era uma figura mista
de roqueiro e gaudério, tão autêntica que demolia a resistência de eventuais
inimigos vindos de ambas as frentes.
O
primeiro disco foi gravado de favor, em madrugadas ociosas de um estúdio local.
Quando saiu, em 1984, ninguém imaginaria que ia vender mais que mil cópias.
Vendeu mais de 100 mil, transformando Borghetti não só num fenômeno como
também no primeiro disco de ouro conseguido pela música instrumental
brasileira. Relançado em CD, caminha pra outro recorde: 250 mil cópias e disco
de platina.
O
que havia ali era uma música ainda muito tradicional - principalmente se
comparada a seus lançamentos posteriores - e com uma formação também bastante
convencional. O diferencial estava na paixão e no fogo que faiscavam na
gaita-ponto do ainda garoto. A partir de então, embora nunca tenha repetido a
vendagem do primeiro disco, o prestígio e o renome de Renato Borghetti
só tem crescido. Alternando trabalhos mais simples e gauchescos com momentos de
maior sofisticação e acenos para o jazz e a música erudita, ele tem sabido se
cercar de grandes músicos, sem nunca perder a rédea do que quer.
Já
na década de 80, depois de perder a conta dos prêmios ganhos em festivais, deu
canjas com gente como Leon Russel e Edgar Winter, arrebentou no Free Jazz
Festival e fez shows em cidades que vão de Munique e Stuttgart a Maceió. Entra
a década de 90 tocando no S.O.B.'s de Nova York e estabelecendo uma frutífera
parceria com a Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, que logo geraria novos
trabalhos nessa fronteira erudito-folclórica com a OSPA (Orquestra Sinfônica de
Porto Alegre), a Orquestra Unisinos e orquestras de todo o Brasil.
Em
91, as duas primeiras mostras definitivas de reconhecimento: o prêmio da
Associação Paulista de Críticos de Arte pelo melhor disco do ano na categoria
Regional e o convite para integrar o Projeto Asa Branca, com quem vai
seguir fazendo shows por toda a década, ao lado de Sivuca, Dominguinhos, Elba
Ramalho e Alceu Valença, entre outros.
Entre
95 e 96, já respeitadíssimo, toca por todo o país como representante sulista no
projeto Brasil Musical, de igual para igual com gente como Paulo Moura, Hermeto
Pascoal, Wagner Tiso e Egberto Gismonti. Também começa a estabelecer uma ponte
consistente com o Uruguai e a Argentina, tocando e armando parcerias com
artistas de ambos os países. Assim como tem cada vez mais sucesso em investidas
européias, chegando a gravar e lançar por lá discos seus e participações em
trabalhos de outros artistas.
Arthur
Bonilla
As
notas rápidas, a forma firme de tocar e a precocidade são características
marcantes de Arthur Bonilla, tido por muitos como um virtuoso do violão
brasileiro. Fez seu primeiro acorde com apenas 3 anos e meio de idade –
segundo seu Pai, um Sol maior com todos os dedos errados, mas o som certíssimo
– e desde então jamais parou de tocar.
Teve
como principal referência as orientações e o estilo forte e veloz do
grande
violonista argentino Lúcio Yanel, radicado no Rio Grande do Sul desde os anos
80. Outra característica marcante de Arthur Bonilla é a capacidade de
desempenhar solos rápidos e duetados, como se fosse mais de um violão,
habilidade que desenvolveu ainda menino.
O
contato com a música latino-americana, sobretudo do Uruguai, que usava muito os
trios ou quartetos de violões, com um violão mais grave (chamado Guitarrón) de
base e dois ou três solos duetando, e o acompanhamento de cantores como Alfredo
Zitarrosa, Amalia de La Vega e Nora Galán, o levaram a criar uma forma muito
particular de execução: enquanto o Pai (que, por vezes, o acompanhava) fazia o
violão base, Arthur Bonilla fazia os dois (às vezes três) solos
duetados, copiando o arranjo original. Muitas vezes eram frases rápidas e de
difícil execução para um único instrumentista, numa só vez.
Seguindo
o caminho da música como profissão, logo começou a acompanhar cantores de
expressão na música regional gaúcha (a exemplo de João de Almeida Neto, com
quem toca até hoje) e a participar dos festivais nativistas do RS. Inúmeras
vezes premiado como melhor instrumentista nos mais importantes festivais
gaúchos, Arthur Bonilla dedica-se a música instrumental, apresentando
trabalho solo ou com outras formações, tendo, no repertório, composições de
autoria própria, clássicos da MPB, Choro e música gaúcha, com breve passagem
pela música erudita.
Tem
dividido o palco com grandes nomes da música instrumental do Brasil, como
Dominguinhos, Hamilton de Holanda, Arismar do Espírirto Santo, Alessandro
“Bebê” Kramer, Oswaldinho do Acordeom, Yamandu Costa e Renato Borghetti,
tendo, com este último, trabalho de duo que realiza freqüentes apresentações
por todo o Brasil e também no exterior, em países como Alemanha, Bélgica,
França, Holanda, Itália, Portugal e Canadá.
As apresentações acontecem dias 31.10, 01 e 02 de Novembro de
2012 – Quarta, Quinta e Sexta-Feira a partir das 21:00 horas.
Ingressos a R$20,00(inteira) e R$10,00 (meia).
Informações: Tel.: 3224.0599. Ingressos:
Clube do Choro de Brasília – SDC BLOCO “G” - Funcionamento da bilheteria: 2ª a 6ª
feira: 10:00 às 22:00 horas. Sábado a partir de 19:00 as 21:30 horas, ou
através do site: www.clubedochoro.com.br
O Clube do Choro de
Brasília fica entre a Torre de TV, o Centro de Convenções e o Planetário.
Produção: Marco Guedes (0xx-61-3225-1199 / 0xx-61-7816-5341-ID
97*-50701).
Contato artista: Oxx-51-8123-8956
Não recomendado para menores de 14 anos
==> Foto: Marcos Borghetti


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