Imagine a sensação de abrir seis pontos de vantagem na liderança do
Campeonato Brasileiro. Imagine alcançar esse conforto ao vencer
justamente um clássico - e que clássico!. Imagine, de quebra, ver o
rival voltar a olhar com desconfiança para a tabela de classificação. Ou
pergunte a um torcedor do Fluminense. Com a vitória de 1 a 0 sobre o
Flamengo neste domingo, no Engenhão, ele sabe muito bem como é.
Golaço de Fred no primeiro tempo, de voleio, imunizou o controle que o
Flamengo teve em uma partida emocionante ao extremo. A maior posse
rubro-negra revelou-se inútil. Chance clara desperdiçada por Cleber
Santana e pênalti perdido por Bottinelli completaram o domingo ruim para
a equipe de Dorival Júnior. E permitiram que o Tricolor repetisse o
placar do primeiro turno - a equipe de Laranjeiras não vencia as duas
sobre o rival desde o Brasileiro de 2004.
A rodada deu peso maior ao triunfo da turma comandada por Abel Braga. O
Atlético-MG, vice-líder, não conseguiu vencer a Portuguesa – empatou
por 1 a 1 no Canindé. O Fluminense agora tem 59 pontos, contra 53 do
Galo. Já o Flamengo foi prejudicado pela vitória do Bahia, mas pelo
menos viu o Coritiba empatar em casa com o São Paulo e o Sport perder
fora para o Corinthians. Está em 11º, com 34 pontos – sete a mais do que
os pernambucanos, que abrem a zona de rebaixamento.
O primeiro colocado do Brasileirão volta a campo no sábado, em clássico
contra o Botafogo no Engenhão. Dois dias antes, no mesmo estádio, o
Rubro-Negro recebe o Bahia.
Golaço
A diferença entre Flamengo e Fluminense no primeiro tempo não esteve na
posse de bola, tampouco na capacidade de tramar jogadas, muito menos no
interesse em vencer o jogo. Nada disso. Se o Tricolor pulou na frente,
foi porque teve brilho individual. Pois perceba-se: o gol do Flu saiu em
uma das jogadas mais difíceis, mais improváveis, daquelas que exigem
perícia extrema, e o gol do Fla não nasceu mesmo com o time rubro-negro
tendo duas oportunidades vivas – bem mais simples do que aquela do gol
do adversário.
É que o Fluminense tem jogadores superlativos. Tem Deco. Tem Thiago
Neves. E tem Fred, sobretudo Fred. O gol tricolor é exemplar para se
analisar a capacidade técnica da equipe de Abel Braga. Aos 17 minutos,
enquanto a defesa do Flamengo se arrumava depois de Wellington Nem quase
marcar por cobertura, Deco se apressou e bateu escanteio curto para
Thiago Neves. Num piscar de olhos, a jogada voltou para o camisa 20, que
olhou para a área e já percebeu a movimentação do centroavante. E aí
era tudo com Fred.
Enquanto a bola viajava, ele deixava a marcação a ver navios. Frauches
ficou no meio do caminho. E Fred teve espaço para apresentar ao Engenhão
toda a qualidade que emana de suas chuteiras. Ele arremessou seu corpo
no ar e pegou de primeira, com a perna direita acima da esquerda, de
voleio. Gol de quem tem noção de espaço, técnica e potência. Golaço.
Justiça seja feita ao Flamengo. Com Cleber Santana e Léo Moura no
meio-campo, o time rubro-negro conseguiu ter a bola sob seu controle em
boa parte do primeiro tempo – a etapa terminou com 55% de posse de bola
para o time comandado por Dorival Júnior. É um sinal de que a equipe já
consegue criar ações coletivas, algo tão raro no decorrer da temporada.
Mas faltou o gol.
E não foi por falta de oportunidades que ele não veio à luz. Ibson teve
duas oportunidades. A primeira foi de cabeça, logo depois de Fred abrir
o placar. A segundo foi um pouco mais tarde, quando ele recebeu na área
e, frente a frente com Cavalieri, parou no goleiro tricolor.
O Fluminense, depois de marcar seu gol, conseguiu equilibrar o controle
do jogo – a posse beirou os 70% para o Flamengo no terço inicial da
partida. Cabeceio de Fred para fora e chute fraco de Wellington Nem
foram as demais tentativas do líder do Brasileirão no primeiro tempo.
Thiago Neves assusta, Cleber Santana e Bottinelli perdem
Uma, duas, três vezes. Faltou pouco para Thiago Neves ampliar para o
Fluminense no segundo tempo. Ele acertou a trave, carimbou o travessão e
obrigou Felipe a espalmar em três conclusões diferentes. Quase.
Em um segundo tempo de desespero para o Flamengo, o meia foi a válvula
de escape do Tricolor. Mais uma vez, o time rubro-negro conseguiu ter
maior posse de bola, mas demorou para criar. Quando criou, jogou as
chances no lixo.
Cleber Santana perdeu um daqueles gols que é melhor não explicar. O
cruzamento de Ramon encontrou o meia frente a frente com as traves. Era
só fazer. Mas ele bateu por cima. Impressionante.
Nixon, pouco depois, também teve chance viva. Mas cabeceou para fora. A
entrada de Renato, ausente desde 19 de agosto por causa de cirurgia no
joelho direito, foi a cartada final em busca do empate. E quase deu
certo. Diguinho derrubou Wellington Silva na área. O juiz não deu
sequência, e o gol de Renato acabou anulado.
Mas o Flamengo pelo menos tinha um pênalti a bater. Bottinelli partiu para a cobrança, partiu em busca do empate, à caça da sobrevida. E errou! Cavalieri caiu no canto e salvou o Fluminense.
Mas o Flamengo pelo menos tinha um pênalti a bater. Bottinelli partiu para a cobrança, partiu em busca do empate, à caça da sobrevida. E errou! Cavalieri caiu no canto e salvou o Fluminense.
Era o aviso final de que o domingo não seria rubro-negro. Vagner Love,
segundos depois, mandou para a rede, mas em impedimento. Não valeu.
Passados cinco minutos de acréscimos, o Engenhão viu o alívio tricolor e
a incredulidade flamenguista. Que jogo...
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Nelson Perez / Fluminense. F.C.
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