Um garoto, um violino e uma bala perdida

Francisco é um garoto que desde pequeno gosta de fazer rir. Sua vocação para palhaço já era demonstrada no primeiro dia da aula de música, quando tropeçou, rasgou a calça e seu violino foi parar bem no lugar da gravata. Ao perceber que o pessoal da rua onde morava também se divertia com suas brincadeiras, Francisco resolve se autodenominar “Cisco Alegria”, e, de frente a um espelho, pintar o nariz de vermelho e vestir uma calça toda remendada.

A família do garoto virava sua melhor plateia durante o jantar, momento ideal para Cisco tocar as músicas ensaiadas na aula daquele dia: um pouco de Vivaldi, Villa-Lobos, Pixinguinha... só pérolas!

No dia de sua primeira apresentação musical no Circo Pimenta Malagueta, quando executaria a sua composição mais recente, Piruetas sobre uma lata de massa de tomate, Cisco Alegria e seu violino têm um encontro inesperado. Presa dentro de um revólver, do outro lado da calçada, uma bala (não era de doce, era de metal) está prestes a obedecer ao dono da arma que a aloja e assim sair em disparada.

É neste momento que acompanhamos o clímax da história escrita por Regina Gulla, A bala perdida e o violino (Planeta Infantil, 40 pp., R$ 24,90), ricamente ilustrada por Andrea Ebert.

É na hora do disparo da bala metálica, quando o violino de Cisco é estraçalhado, que as colagens de Ebert ganham tonalidades de prata e ouro, ao mesmo tempo em que as cordas do instrumento são representadas por fitas de tecido esticadas e brilhantes, carregadas de notas musicais.

Versando sobre a espontaneidade e a alegria das crianças ao mesmo tempo em que aborda a violência das tão comuns balas perdidas do nosso cotidiano, o novo livro da psicóloga e escritora Regina Gulla é poético e afiado, musical e agressivo como o barulho arrepiante da bala de revólver ao raspar as cordas e o corpo do violino do menino Cisco, criando assim uma música inesperada e assustadora.

Sobre a autora:

Regina Gulla foi psicóloga infantil por alguns anos e é idealizadora da oficina de escrita criativa Gato de Máscaras. Começou a publicar seus próprios livros não faz muito tempo (hoje conta com cinco títulos), e tem tido ótima recepção da crítica literária e, principalmente, dos professores. Desenvolveu uma técnica que é utilizada por muitos de seus alunos para ajudar a formar novos escritores. “Para mim, escrever é um jeito de empinar pipa, então eu escrevo empinando palavras”, afirma.

Sobre a ilustradora:

Andrea Ebert é brasileira e atualmente vive em Portugal. Para as ilustrações de A bala perdida e o violino, que quando leu pela primeira vez sentiu como se estivesse ouvindo música, usou materiais como madeira, papel e metal, pois sentiu que o texto pedia um contraste entre esses elementos. Depois seguiu ilustrando como se continuasse ouvindo a mesma música. Saiba mais sobre a artista em seu site oficial: http://www.andreaebert.com.br/.

A bala perdida e o violino
Autor: Regina Gulla
Ilustração: Andrea Ebert
Editora: Planeta / selo Planeta Infantil
Páginas: 40
Preço: R$ 24,90

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