Apesar de voltar ao Rio com um ponto na bagagem, o time de Joel Santana ficou devendo na estreia. O tempo livre, sem um joguinho sequer no período de quase um mês, não foi suficiente para corrigir erros cometidos no primeiro semestre. A falta de criatividade e a desorganização em campo persistem. A primeira impressão deixa claro: há muito trabalho a fazer.
Na segunda rodada, o Flamengo recebe o Inter, sábado, às 18h30m, no Engenhão. No dia seguinte, o Sport visita o Santos na Vila Belmiro, às 16h.
Se não fosse Paulo Victor...
Um ano que teima em não terminar para Sport e Flamengo. É 1987. Seja no Recife, seja no Rio, sempre que os rubro-negros se enfrentam a polêmica dá as caras. Neste sábado, a chance de provocar foi dos torcedores do Leão. Durante o aquecimento da equipe carioca, o locutor do sistema de som da Ilha do Retiro berrou repetidas vezes que o clube pernambucano é o campeão brasileiro daquela temporada, como reconhece a CBF. Na entrada do time em campo, uma das torcidas organizadas exibiu uma faixa com números e letras garrafais: ‘87 é nosso’.
O primeiro tempo foi do Sport. Não chegou a ser uma superioridade gritante, mas os donos da casa fizeram mais pressão, chutaram mais vezes (sete finalizações contra três do adversário), se apresentaram mais dispostos. Foram pelo menos cinco ótimas oportunidades a partir dos 20 minutos. Não fosse Paulo Victor, substituto de Felipe, o placar não teria ficado em branco. O goleiro foi seguro e fez grandes defesas. Parou, em sequência, Marquinhos, Edcarlos e Thiaguinho. Este último num lance que começou com uma cobrança de falta ruim de R10. O atacante armou um contra-ataque para o adversário e não ajudou na marcação.
A proteção dos zagueiros Welinton e Marcos González e do volante Rômulo, quase um terceiro defensor, falhou. Na esquerda, Magal não conseguiu marcar as subidas de Moacir. O Flamengo teve mais posse de bola (52% contra 48%), mas na maioria do tempo não soube o que fazer com ela. Um meio-campo sem criatividade, lento e pouco objetivo travou as jogadas ofensivas. Bottinelli e Kleberson não foram bem. Na frente, Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love se movimentaram, mas foram marcados sem dificuldades por Bruno Aguiar e Edcarlos. Love se enroscou tanto com os defensores que chegou a acertar uma cotovelada em Tobi, que sofreu um corte no rosto.
Antes da pressão do Sport, o time de Joel Santana só havia levado perigo aos 14 minutos, numa cobrança de falta de longe de R10 que passou perto do ângulo esquerdo de Magrão. Depois disso, só voltou a assustar no fim da primeira etapa. Após rápida cobrança de falta, Kleberson ficou livre para marcar, mas o goleiro fez bela defesa.
Leão abre vantegem, mas Fla responde
Reencontrar o torcedor na Primeira Divisão depois de dois longos anos fez bem ao Sport. Empurrado por uma Ilha do Retiro empolgada, o Leão foi à caça. Voltou para o segundo tempo pronto para decidir, tomar conta do campo e do jogo. O problema era vencer Paulo Victor. Em grande forma, o goleiro impediu que Marquinhos Gabriel marcasse. Aos nove, a cobrança de falta saiu forte e rasteira, mas PV caiu no cantinho esquerdo para espalmar. Pouco depois, aos 12, não houve chance. Moacir recebeu lançamento pela direita, passou por Magal sem dificuldades e chutou cruzado. A bola bateu em Léo Moura e voltou para o meio da área. Livre, Marquinhos Gabriel acertou o ângulo direito de Paulo Victor. Ilha do Retiro aos pulos: 1 a 0.
Os técnicos mexeram nas equipes. O interino Gustavo Bueno - Vagner Mancini assume nesta segunda-feira, tirou Thiaguinho e Naldinho para as entradas de Renê e Diogo. Joel, que já havia trocado Rômulo pelo estreante Amaral no intervalo, lançou Deivid no lugar de Bottinelli. O Sport seguiu na pressão e assustou na bola parada, mas por pouco não sofreu o empate, aos 20. Acionado por Deivid, Vagner Love ficou de frente para Magrão, mas tirou do goleiro e do gol. Chance incrível desperdiçada.
O erro do Artilheiro do Amor marcou o despertar do Flamengo. O time passou a ser mais agressivo, Léo Moura e Magal subiram para apoiar, e Deivid deu mais volume ao ataque. Aos 28, Kleberson encontrou Love entre Edcarlos e Tobi e conseguiu uma assistência precisa. O goleador não jogou a segunda chance fora. Toque na saída de Magrão, empate do Flamengo: 1 a 1.
Algumas boas investidas ainda deram esperança aos flamenguistas que foram à Ilha de ver uma vitória na estreia, mas a zaga leonina soube se defender. A última grande chance, no entanto, foi do Sport, aos 44 minutos. Renê recebeu pela esquerda e cruzou na área. A bola passou por todo mundo e caiu nos pés de Moacir. O lateral cruzou, Welinton tentou afastar e bateu de joelho na bola, que tocou no travessão. As férias forçadas acabaram, mas o Deus-nos-acuda do Fla continua. Para o Leão, uma volta com disposição à elite.
==> Fonte: Globoesporte
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