"A princesa perdida" narra a saga da jornalista Maha Akhtar em busca de autoconhecimento

Em A princesa perdida (Planeta, 272 págs., R$ 39,90), a jornalista e escritora libanesa Maha Akhtar nos conta de uma maneira intimista, apaixonada e extremamente franca a sua busca interior, suas reflexões e emoções quando, aos 41 anos, tomou conhecimento de quem era o seu verdadeiro pai. Para a sua surpresa, um marajá indiano.

A narrativa de Maha, sempre confessional, em primeira pessoa, começa com a sua chegada ao leito de morte da mãe, Zahra, em estágio terminal de câncer, em Beirute. Além da dura missão de se despedir da matriarca, a autora vai à sua cidade natal com outro objetivo doloroso em mente: pedir a Zahra que lhe revele quem é seu verdadeiro pai.

Maha acaba descobrindo ser descendente de uma família real da Índia. Ela era, então, uma verdadeira princesa: filha de um marajá indiano e neta de Anita Delgado, a famosa bailarina espanhola que, no início do século XX, foi casada com o riquíssimo Jagatjit Singh, marajá de Kapurthala, avô de Maha. Essa famosa história de amor foi contada pelo autor espanhol Javier Moro no livro Paixão Índia, lançado em 2006 pela Planeta.

A partir dessas revelações, o leitor acompanha a trajetória de Maha em busca de um passado até então desconhecido. Ela chega a conhecer alguns de seus parentes indianos em Nova Déli e em outros locais da Índia. Nessa viagem, percebe-se que a autora e protagonista luta para resgatar o controle de sua vida – que naquele momento encontrava-se aos pedaços, profissional e afetivamente. Afinal, ela acabara de perder o emprego de que tanto gostava e estava em plena crise no seu relacionamento com o namorado de anos.

Maha também se dá conta de que passara da hora de aprender a perdoar, verdadeiramente, sua mãe (por ter escondido o segredo por tanto tempo) e também o pai que a criara, com quem tivera uma relação bastante conturbada.  Ela nos revela ainda como aprende a valorizar a família de sua mãe e todas as mulheres que sempre estiveram ao seu lado nos piores momentos, como sua tia Hafsa ou a “tia” Nilofer, uma antiga minha de sua mãe.

Em 2010, a jornalista já havia narrado a descoberta de suas origens em A neta da Maharani. A diferença agora, em A princesa perdida, é que ela fala de todas as emoções por trás dessa surpreendente história de vida. Deixa de lado a visão jornalística e objetiva para dar vazão aos seus sentimentos mais íntimos, alguns quase inconfessáveis, expondo com sinceridade seu diário de vida.

Sobre a autora:
A jornalista e escritora libanesa Maha Akhtar é colaboradora habitual da Departures, uma das publicações mais conhecidas do American Express Publishing Group of Magazines, dos Estados Unidos. Também é articulista do jornal The Times na Índia. Foi assistente da banda de rock The Cure e trabalhou para o canal de notícias CBS, sendo diretora da CBS Communications a partir de 1995. No ano 2000, tornou-se braço direito do célebre apresentador de televisão norte-americano Dan Rather. Escreveu e produziu seus comentários radiofônicos, colaborou com ele em muitos de seus livros e redigiu seus discursos.

Maha Akhtar divide seu tempo entre Nova York, Sevilha e Nova Déli. É, ainda, uma grande bailarina profissional de flamenco, tendo criado coreografias com a Companhia Manuela Carrasco, na Espanha.

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