Por Copa sustentável, Brasília busca o mais alto nível de certificação verde

Na Copa do Mundo apenas um país consegue levantar a tão disputada taça. Porém, com as obras sustentáveis do evento de 2014, o mundo todo sairá vencedor. A ideia é reduzir o impacto ambiental que uma grande construção gera e melhorar a vida das cidades sedes. Pensando nisso, o estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, vai buscar o mais alto nível de certificação Leed, certificado baseado em normas americanas para o desenvolvimento de edificações sustentáveis, e pode ser o único da categoria platinum no mundo.

- Se a gente tiver sucesso, vamos ser o primeiro estádio no mundo em uma Copa do Mundo a atingir essa certificação. Existem hoje estádios que já conseguiram a certificação, mas não são estádios para futebol nem em uma Copa do Mundo. Essa é uma grande oportunidade que Brasília e o Brasil têm - explicou Vicente Castro Mello, arquiteto do estádio da capital federal.

O estádio foi planejado para reduzir ao máximo o consumo de energia. O material usado na fachada filtrará os raios solares para que não haja tanto aquecimento interno. Além disso, a arena será capaz de gerar 2,5 megawatts de energia, o que corresponde ao abastecimento de mil residências por dia. Esse projeto começou em 2007, após uma pesquisa em 30 estádios brasileiros e originou o conceito eco arena, um lugar ecológico e econômico.

- Foi constatado que o maior problema era a manutenção por que o custo era alto, a manutenção não era feita e o equipamento era mal utilizado. Então, a partir desse estudo, fui procurar uma solução que fosse um modelo de estádio ideal para o Brasil, com custo baixo de manutenção - disse Vicente.

Mas, não é só em Brasília que os empreendedores se esforçam para adequar as obras as normas ecológicas. O Castelão, em Fortaleza, também quer reduzir o consumo de recursos naturais e para isso investe em economia de água, segundo Marina Barral, coordenadora de sustentabilidade do estádio.

- Todo sistema de esgoto do estádio será a vácuo, o que reduz cerca de 90% do consumo de água, comparado aos sistemas comuns. Também usaremos mictórios com sensores e, nas outras bacias, usaremos acionamento duplo, onde a pessoa escolhe se irá acionar com três ou seis litros. No total estamos gerando uma redução de 58% (de consumo de água) em relação a um prédio normal - afirma Marina.

Além de reduzir, reutilizar é outra palavra muito utilizada no canteiro da Fonte Nova, na Bahia. O diretor de engenharia da arena, José Luiz Goés, afirma que o desperdício não é permitido.

- Desde o início da fase de demolição da antiga Fonte Nova, já começamos a aproveitar praticamente 100% do material. O concreto proveniente da demolição foi britado e reutilizado em obras de infraestrutura da cidade de Salvador e 90% dele foi usado na própria estrutura da nova Arena Fonte Nova.

O estádio Arenal Pantanal, em Cuiabá também é outro que busca a certificação Leed. A saída encontrada foi compensar a emissão de gases poluentes que a obra gera.

- O projeto visa a compensação ambiental dos impactos da Arena Pantanal. Para fazer essa compensação, é necessário um inventário das emissões da obra e posteriormente, a gente levanta a quantidade de carbono emitida durante a construção para saber quantas árvores precisam ser plantadas para compensar essas emissões - disse Gabriela Berrocal, coordenadora de sustentabilidade.

Tanta novidade, entretanto, tem preço. O valor da construção de um estádio sustentável é mais alto e varia entre 1% e 7% do normal, mas a recompensa aparece depois, quando eles estiverem prontos, como afirma Felipe Faria, diretor de relações institucionais do Green Building Council Brasil, empresa responsável por monitorar as obras do Mundial.

- A redução pode gerar 10% do custo operacional durante toda a vida útil do empreendimento, que é 75% do custo total do empreendimento durante seus 50 anos. Aí, você tem um grande ganho operacional e um grande retorno financeiro para os estádios e seus proprietários - analisou Felipe.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: Divulgação / Arena

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