Medeia, de Eurípides. TEATRO CALEIDOSCÓPIO, de 9/09 a 2/10

Medeia foi encenada pela primeira vez em 431 a.C, obtendo naquela ocasião o terceiro lugar no famoso concurso teatral das Grandes Dionísias, em Atenas. Numa época em que o Teatro era um dos principais responsáveis pela formação moral, ética e intelectual do homem grego. Os textos teatrais baseavam-se nos mitos daquele tempo para apontar problemas socioeconômicos, culturais e políticos, em particular do cotidiano do povo ateniense, “centro do mundo, até então”, na intenção de levantar discussões favoráveis ao desenvolvimento cívico, religioso, humano etc. de seus patriotas-espectadores.

Tendo por base o mito grego, A saga de Medeia narra a vingança da destemida Medeia contra o esposo, Jasão, depois que ele a rejeita para se casar com a filha (princesa Glauce) do rei de Corinto, Creonte. Movida por emoção, paixão e orgulho ferido, Medeia decide fazer “justiça” com as próprias mãos para fazer Jasão sofrer tanto quanto ela está sofrendo; para isso, mata os próprios filhos e foge para Atenas, onde o Rei Egeu lhe ofereceu abrigo e proteção.
A Montagem e Concepção:
A montagem é cheia de sincretismo ligado ao santo sacramento e à banalização da vida em família. A concepção cênica ganha agilidade a partir da proposta de fazer uma Medeia e Coro mais humanizados, mais próximos de suas dores, tanto carnais como espirituais. Daí, uma adaptação textual mais coloquial e sem rodeios eruditos... Uma renovação que simplifica a linguagem, mas que preserva o mito em sua essência, sem perder a estrutura narrativa e sem precisar eliminar ou acrescentar personagens. A peça, que tem duração de 50 minutos, se passa na entrada da casa de Medeia, o que fez com que a direção optasse por não usar cenário abarrotado de informação obvia, deixando tudo para o imaginário do espectador, de modo a fazer com que a plateia não desprenda a atenção da interpretação dos dez atores que representam os personagens da estória: quatro no Coro, uma Corifeia, Medeia, Jasão, Creonte, Ama e Tutor.
No atual cenário contemporâneo, trazer para o palco uma releitura dessa estupenda obra teatral é, sem sombra de dúvida, um grande desafio. A escolha por essa tragédia grega em particular não aconteceu ao acaso. O enredo do mito nunca perdeu seu curso na história da humanidade e jamais deixará de ser atual, como se vê, por exemplo, em tantos noticiários de mães, amantes ou pais que matam os próprios filhos ou os de terceiros para atingir a moral e os sentimentos de seus pares. Daí, ainda hoje, como toda grande metáfora, infinitas interpretações e analogias podem ser feitas, partindo do princípio de pôr em pauta a questão levantada por Eurípides: “Quem começou essa espiral de horrores, Medeia ou Jasão? Só os deuses sabem.”
O mote que permeia toda a montagem feita por “Os Paquidermes Cia. de Teatro” é a ideia de levantar para plateia a mesma questão do autor, só que por outro ângulo: Medeia é vítima ou culpada? Medeia ama ou odeia? Etc. Já que para Jasão, todo o seu “feito” foi para aproveitar "uma oportunidade única" (de cunho político) que se lhe apresentava na vida naquele momento.
Ficha Técnica:
Os Paquidermes Cia. de Teatro
ATORES:
Meny Vieira / Herbert Costa / Flávia Louredo / Chico Nunes / Alex Bernardo / Aline Brandão / Márcio Andrade / Paulo Gomes / Silvana Machado / Tássia Dourado

DIREÇÃO e Adaptação Livre: Júlio Cruccioli

SERVIÇO:
TEATRO CALEIDOSCÓPIO (CLSW 102 bl. C s/n lj 1, Sudoeste, DF)
9, 10, 11, 16, 17, 18, 23, 24, 25 e 30 de setembro e 01 e 02 de outubro de 2011
Sextas-feiras e sábados às 21h e domingos às 20h.
PREÇO: R$ 20,00 (inteira)
C.I.: 14 anos

==> Foto: Daniel Fama

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