Brasil derruba os militares dos EUA no basquete e vai brigar pelo ouro

Para quem vinha de seis jogos em seis dias, as últimas horas antes da semifinal foram ainda mais agitadas. Na noite de sexta-feira, a “cavalaria” chegou: Nezinho e Arthur deixaram os treinos da seleção principal em São Paulo, pegaram a ponte-aérea para o Rio de Janeiro e nem tiveram tempo de treinar com o grupo. Para completar, no meio da madrugada nasceu o filho do pivô titular Shilton, que passou a noite em claro acompanhando de longe a chegada do pequeno Guilherme em Joinville. Ao meio-dia de sábado, lá estava do outro lado da quadra a única seleção invicta dos Jogos Mundiais Militares. E justamente na semifinal contra os Estados Unidos, o Brasil foi buscar suas forças. Começou mal, mas reagiu, arrancou a vitória por 59 a 52 na Arena da Barra e avançou para disputar a medalha de ouro no domingo, às 11h30m, contra a Grécia.

Com uma seleção formada apenas por militares de carreira, os EUA jogam pelo bronze com a Coreia do Sul, às 9h. Os brasileiros, todos atletas do NBB, entram em quadra na sequência para encarar os gregos, que também têm profissionais no elenco e despacharam os sul-coreanos na semifinal com facilidade: 83 a 67.

Nezinho e Arthur demoraram para se encontrar, mas ajudaram o Brasil principalmente no segundo tempo. O primeiro terminou com 13 pontos, e o segundo com dez. Nos últimos minutos, no entanto, foi o armador Fred que converteu bolas decisivas, tornou-se o cestinha com 14 pontos e ajudou a garantir a vitória brasileira.

- Eu estava bem no jogo no primeiro tempo, e o Bial tentou me segurar um pouco para o fim, porque fisicamente realmente está muito puxado, estou cheio de bandagem na perna. A vinda do Arthur e do Nezinho contribuiu demais. No fim todo mundo estava confiante, o próprio Nezinho falou "Pega a bola e vai você". As bolas caíram, ainda bem - afirmou Fred.

Arthur teve um primeiro tempo ruim, mas pegou o ritmo após o intervalo e converteu cestas importantes no terceiro período, quando o Brasil tomou o controle do jogo.

- Achei até que seria um pouco pior. Chegamos de madrugada, não conhecíamos nada dos Estados Unidos. Já tínhamos esquecido a maioria das jogadas, então estávamos muito perdidos. Por isso demoramos um pouco para pegar o ritmo, mas eu nem me apavorei. No segundo tempo deu para soltar um pouco, acho que conseguimos ajudar um pouco. A pressão era para não perder, senão a gente ia chegar como pé-frio – brinca Arthur.

Com os dois reforços no banco, Bial mandou à quadra o mesmo quinteto titular das partidas anteriores: Fred, Audrei, Felipe, Estevam e Shilton. O início foi promissor. Audrei abriu o placar com uma bandeja, e o Brasil chegou a abrir 5 a 2. Dali em diante, no entanto, veio um apagão ofensivo. A equipe da casa sobrevivia com os lances livres e só conseguiu fazer outra cesta nos últimos minutos do quarto inicial. Arthur entrou a quatro minutos do fim do período, e Nezinho, a 2m37s. Não adiantou muito. Os americanos aproveitaram para reagir e tomar a liderança: 12 a 11.

Com os dois reforços errando todos os seus arremessos, a situação piorou no segundo quarto. Os EUA chegaram a abrir oito pontos, e o Brasil demorou para se encontrar. Bial manteve o mesmo time na quadra e, aos poucos, as bolas começaram a cair. Arthur continuava passando em branco, mas Nezinho enfim converteu uma bola de fora a três minutos do intervalo. Fred também acertou a mão, e a diferença caiu para dois. Os americanos ainda voltaram a abrir sete, mas a gangorra continuou em quadra, e o Brasil conseguiu reagir no fim. Na saída para o vestiário, EUA 29 a 27.

As duas equipes voltaram errando muito no início do terceiro período. Até que Arthur acordou. O ala do Brasília, que não tinha feito nenhum ponto até então, converteu uma bandeja e uma cesta de três na sequência, e o Brasil abriu cinco pontos na metade do quarto. Na virada para os últimos dez minutos, ainda conseguiu ampliar um pouco o conforto: 41 a 34.

No último quarto, a tensão se manteve no ar. As duas seleções disputavam cada bola como se valesse uma medalha - e de fato valia. Sempre com Nezinho e Arthur em quadra, o Brasil lutava para não deixar a equipe americana encostar. A missão era árdua e, mesmo sem profissionais no elenco, os americanos lutavam. Na metade do período, já tinham cortado a diferença para três, e os lances livres de Holland deixaram a vantagem verde-amarela em apenas um ponto a quatro minutos do fim. De novo nos lances livres, agora com Henke, os visitantes viraram para 48 a 47.

A resposta veio com Fred, que fez uma bandeja e ainda sofreu a falta. Levantou-se vibrando muito e atropelando as placas de publicidade. A torcida veio junto. Foi de Fred outra vez a bandeja que abriu cinco pontos a um minuto e meio do fim. Dali em diante bastou controlar a tensão para segurar a vitória e carimbar a ida à final.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: Alexandre Durão/ Photocamera

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