O Cinema de Naomi Kawase

A obra da premiada cineasta japonesa Naomi Kawase é pouco conhecida no Brasil. Por isso, o Centro Cultural Banco do Brasil traz a Brasília a mostra O cinema de Naomi Kawase, que entre 31 de maio e 12 de junho, exibirá 30 filmes assinados por Kawase. A retrospectiva chega à capital federal depois de ter passado pelo CCBB do Rio de Janeiro, onde esteve em cartaz de 17 a 29 de maio.

No dia 28 de maio, haverá uma avant premiére da mostra com a exibição do longa Hanezu, que Kawase exibiu em Cannes este ano. Neste filme, Kawase mostra as transformações de Azuka, antigo centro político e cultural do Japão, antes da transferência da capital para Nara. A cineasta estará presente na sessão e participará de uma conversa com o público logo após a projeção do filme. No dia 9 de junho, a sessão do filme Shara será seguida por uma mesa redonda com mediação de Carla Maia e participação de Luiz Carlos Oliveira Jr. e Ana Carvalho.

O cinema de Naomi Kawase apresentará 30 filmes da cineasta japonesa, entre curtas, longas e médias metragens. As obras serão exibidas em 35mm, em 16mm e em vídeo. A curadoria é de Patrícia Mourão e Carla Maia. Os filmes de Kawase baseiam-se na simplicidade - são histórias familiares, cotidianas, que abordam temas como vida, morte, família, amor, solidão. “O que interessa em seus filmes não é tanto o que se conta e sim o como se conta. Detentora de um olhar sensível e particular, Kawase cria um estilo próprio, marcado pela experimentação formal que convida, a um só tempo, à contemplação e à experiência do mundo”, afirma Patrícia Mourão.

Alguns fatos da vida de Naomi Kawase aparecem em seus filmes. “Meus filmes frequentemente atravessam a barreira que existe entre o documentário e a ficção. E é isso que me proporciona o encontro com a magia do cinema”, afirma Kawase, acrescentando que filmar a realidade é como um milagre. “A motivação autobiográfica de Kawase parece coerente com seu estilo ao fazer filmes - se ela declara que a vida é o que lhe interessa em particular, que ela tomasse sua própria vida como ponto de partida e inspiração era no mínimo de se esperar. O tom pessoal, com traços ensaísticos, que Kawase confere a seus filmes vem sublinhar a força subjetiva de suas imagens”, afirma a curadora Carla Maia, citando como exemplos dessa relação temas marcantes da biografia de Kawase como a busca pelo pai (Em seus braços e Céu, Vento, Fogo, Água e Terra), a relação com sua mãe de criação (O sol poente, Caracol, e Tarachime), a transformação na região onde foi criada (Suzaku, História de gente da montanha).

A programação de O cinema de Naomi Kawase tem como destaques filmes como os curtas Em seus braços e Caracol, premiados no Yamagata International Documentary Film Festival; o seu primeiro longa-metragem, Suzaku, que levou Kawase a ser a mais jovem cineasta a vencer o Camera d’Or no festival de Cannes de 1997; e a Floresta dos lamentos, vencedor do Grande Prêmio em Cannes 2007. Além disso, Kawase terá os curtas da época da escola, filmados em 8mm e 16mm, exibidos na mostra. Em 2009, a cineasta foi premiada em Cannes pelo conjunto de sua obra com o Carrose d’Or.

O cinema de Naomi Kawase – Mostra de cinema com filmes da cineasta japonesa Naomi Kawase. De 31 de maio a 12 de junho. Entrada franca.

Informações: 3310-7087.

Assessoria de imprensa: Tátika Comunicação e Produção – 3349-3100/ 3274-2190.

Programação

Sábado, 28 de maio

19h Hanezu, seguido de bate papo com Naomi Kawase.

Terça-feira, 31 de maio

19h Gente da Montanha (73 min)

20h30 Suzaku (95 min)

Quarta-feira, 01 de junho

19h Céu, vento, fogo, água, terra + Nascimento / Maternidade (100min)

20h30 Nanayo (100 min)

Quinta-feira, 02 de junho

17h30 Caleidoscópio (90 min)

19h30 Viu o céu? + Em seus braços + Sombra (76 min)

20h30 Hotaru (117 min)

Sexta-feira, 03 de junho

17h30 Como a felicidade + Lua Branca (75 min)

19h Memória do vento + Este Mundo (60 min)

20h30 A Floresta dos Lamentos (117 min)

Sábado, 04 de junho

16h30 Caracol + sol poente (85min)

18h30 Cartas de uma cerejeira amarela em flor (65 min)

20h Shara (99 min)

Domingo, 05 de junho

16h In Between days + Koma (90 min)

18h Suzaku (95 min)

20h Genpin (92 min)

Terça-feira 07 de junho

19h Primeiros curtas* (75 min)

20h30 Memória do vento + Este Mundo (60 min)

Quarta-feira, 08 de junho

19h Como a Felicidade + Lua Branca (75 min)

20h30 Caleidoscópio (90 min)

Quinta-feira, 09 de junho

17h Genpin (92 min)

19h Shara (99 min), sessão seguida de mesa redonda com Luiz Carlos Oliveira Jr., Ana Carvalho. Mediação de Carla Maia

Sexta-feira, 10 de junho

17h30 Primeiros curtas* (75 min)

19h Caracol + Sol Poente (85 min)

20h30 Cartas de uma cerejeira em flor (65min)

Sábado, 11 de junho

17h Gente da montanha (73 min)

18h30 Viu o céu? + Em seus braços + Sombra (76 min)

20h A Floresta dos Lamentos (117 min)

Domingo, 12 de junho

14h In Between days + Koma (90 min)

16h Nanayo

18h Céu, vento, fogo, água, terra + Nascimento / Maternidade (100min)

20h Hotaru (117 min)

*O programa Primeiros Curtas inclui os filmes A concretização das coisas com as quais tento me relacionar de múltiplas maneiras; Agora; Chiisana ôkisa Uma pequena grandeza; Eu foco aquilo que me interessa; Meu P-Q-V; Minha família, uma única pessoa; O pão de cada dia da menina; e O Sorvete do Papai.

Sinopses

A concretização das coisas com as quais tento me relacionar de múltiplas maneiras (The concretization of these things flying around me. Japão, 1988, 8mm, 5min, exibição em vídeo. Livre) – Percurso para um futuro passeio imaginário por entre um depósito de recordações. Dias 7 e 10 de junho.

A floresta dos lamentos (The mourning Forest. Japão/França, 2007, 35 mm, 97 min. Elenco: Shigeki Uda, Machiko Ono, Makiko Watanabe, Kanako Masuda, Yachiro Saito. 12 anos) – Durante 33 anos, Shigeki escreveu cartas para sua falecida esposa. Agora, é tempo de redigir a última. Mogari no mori é o período dedicado ao luto, a honrar aqueles que morreram. A origem da palavra “mogari” significa o “final do luto”. Grande Prêmio no Festival de Cannes 2007. Dias 3 e 11 de junho.

Agora, (Presently. Japão, 1989, 8mm, 5min, exibição em vídeo. Livre) – Agora, vírgula: breve pausa no tempo para contemplar o sol, a pele, as nuvens, as barcas luminosas, as impressões sucessivas de uma realidade fragmentada. Dias 7 e 10 de junho.

Caleidoscópio (Kaleidoscope. Japão, 1999, 16mm, 90 min, exibição em vídeo. Elenco: Shinya Arimoto, Machiko Ono, Mika Mifune. Livre) – Em 1990, Kawase propôs ao fotógrafo Arimoto Shinya que fizesse um ensaio fotográfico com duas jovens japonesas – uma do campo, outra da cidade. Dois ensaios: o de Shinya e o de Kawase, que contempla e desestabiliza o do fotógrafo e amigo. Dias 2 e 8 de junho.

Caracol (Katatsumori. Japão, 1994, 8mm ampliado para 16mm, 40 min, exibição em vídeo. Livre) – A evocação da avó, o reencontro com o passado e uma lista das coisas que fazem “o coração bater mais forte”. Dias 4 e 10 de junho.

Cartas de uma cerejeira amarela em flor (Letter from a Yellow Cherry Blossom. Japão/França, 2002, vídeo, 65 min. Elenco: Nishii Kazuo, Nishii Chizuko, Naomi Kawase. 14 anos) – No outono de 2001, Naomi Kawase recebe um telefonema de Nishii Kazuo, um crítico de fotografia: "Eu tenho menos de dois meses de vida. Você me filmaria até meu último suspiro? Conto com você, Kawase”. Dias 4 e 10 e junho.

Céu, vento, fogo, água, terra (Sky, Wind, Fire, Water, Earth. Japão/França, 2001, 8mm/16mm finalizado em vídeo, 55 min. Elenco: Naomi Kawase, Uno Kawase, Yamashiro Kiyonobu, Emiko Ikegami 12 anos) – Homenagem póstuma ao pai recém-falecido com quem entrou em contato pela primeira vez quando realizou Em seus braços. O título é um termo budista, kya - céu, ka - vento, ra - fogo, ba - água e a - terra, a sua reunião significa o mundo composto por todos esses elementos. Dias 1º e 12 de junho.

Chiisana ôkisa Uma pequena grandeza (A Small Largeness. Japão, 1990, 16mm, 13 min, exibição em vídeo. Direção e montagem: Naomi Kawase; Fotografia: Naomi Kawase, Onozawa Katsufumi, Wakamatsu Daisuke; Elenco: Tanaka Shin’ichi, Onozawa Misao, Asako Keiichi. Livre) – O ritmo do cotidiano de um menino que vai à escola todos os dias começa a se alterar a partir de uma série de repetições. Dias 7 e 10 de junho.

Como a felicidade (Like Happiness. Japão, 1991, 8mm, 20 min, exibição em vídeo. Livre) – Viagem de autoconhecimento de uma jovem que se considera feliz entre família e amigos. Dias 3 e 8 de junho.

Em seus braços (Embracing. Japão, 1992, 8mm ampliado para 16mm, 40 min, exibição em vídeo. Livre) – O início de uma odisseia íntima (ou um road movie doméstico) em busca do pai biológico que nunca conheceu, tendo como pistas apenas o registro familiar e uma foto. Dias 2 e 11 de junho.

Este mundo (This world. Japão, 1996, 8mm, 60 min, exibição em vídeo. Livre) – Depois de se encontrarem no festival de cinema internacional de Yagamata, Kawase e seu colega japonês Hirozaku Kore-eda iniciam uma correspondência filmada com uma câmera 8mm. Dias 3 e 7 de junho.

Eu foco aquilo que me interessa (I focus on that which interests me. Japão, 1988, 8mm, 5min, exibição em vídeo. Direção e produção Naomi Kawase. Livre) – Primeira experiência com uma câmera 8mm: um exercício de escola. Inventário visual de objetos, rostos e lugares cheios de significados e afetos. Dias 7 e 10 de junho.

Genpin (Japão, 2010, 35mm, 92min, exibição em vídeo. 14 anos) – Em sua clínica, o obstetra Yoshimura Tadashi, dedicado há 40 anos à prática do parto natural, reflete sobre a relação entre o nascimento e o fim da vida. Para ele, “negar a vida é negar a morte”. Dias 5 e 9 de junho.

Gente da montanha (The weald. Japão, 1997,16mm, 73 min, exibição em vídeo. Livre) – Logo após finalizar Suzaku, Kawase retorno ao vilarejo de Nishi Yoshini para encontrar as histórias e vozes das pessoas da região. Dias 31 de maio e 11 de maio.

Hanezu (Hanezu ne Tsuki. Japão, 2011, 35mm, 91 min. Com: Tohta Komizy, Hako Oshima e Tetsuya Akikawa) – As transformações de Azuka, antigo centro político e cultural do Japão, antes que a capital fosse transferida para Nara.

Hotaru (Horatu. Japão, 2000, 35 mm, 117min. Elenco: Yuko Nakamura, Toshiya Nagasawa, Miako Yamaguchi, Toshiyuki Kitami. 16 anos) – Ayako, striper, e Daiji, ceramista, querem aprender como recomeçar a vida após difíceis perdas. Hotaru, em japonês, significa Vagalume. Os vagalumes se iluminam para atrair os seus parceiros. Por outro lado, nas cidades modernas há tantas luzes confundindo os vagalumes, que eles acabam tomando-as por outros vagalumes. O filme, originalmente com 164 minutos, foi remontado em 2009. Prêmio FIPRESCI no Festival Internacional de Locarno em 2000. Dias 2 e 12 de junho.

In Between days (Japão/Espanha, 2009, vídeo, 40min. 12 anos) – Correspondência audiovisual entre Naomi Kawase e o cineasta catalão Isaki Lacuesta. Dias 5 e 12 de junho.

Koma (Japão, 2009, vídeo, 32 min. 12 anos) – Há 70 anos, um viajante coreano salvou a vida de um garoto na aldeia japonesa de Koma. Agora seu neto retorna à mesma vila para honrar o último desejo do avô antes de sua morte. Em meio a antigas superstições, surge uma nova relação. Curta-metragem integrante do filme Visitors, que inclui curtas dirigidos por Hong Sang-Soo e Lav Diaz. Dias 5 e 12 de junho.

Lua Branca (White moon. Japão, 1993, 16mm, 55 min, exibição em vídeo. Livre) –Tempos atrás, Nara era a capital do Japão antigo. Nada mudou nesse lugar. Dias 3 e 8 de junho.

Memória do vento: Shibuya, 26 de dezembro de 1995 (Memory of the Wind.

Japão, 1995, vídeo, 30 min) – Em Shibuya, Tokyo, Kawase troca souvenirs com estranhos. São mais do que lembranças os objetos desta troca: frações de tempo e de vida. Dias 3 e 7 de junho.

Meu P-Q-V (My J-W-F. Japão, 1988, 8mm, 7min, exibição em vídeo. Livre) – P de pular, Q de querer, V de voar. Dias 7 e 10 de junho.

Minha família, uma única pessoa (My Sole Family, Japão, 1989, 8mm, 10min, exibição em vídeo. Livre) – A avó em primeiro plano, pela primeira vez. Dias 7 e 10 de junho.

Nanayo (Seven Nights. Japão/França, 2008, 35mm, 90 min. Elenco: Kyoko Hasegawa, Grégoire Colin, Kittipoj Mankang, Netsai Todoroki, Jun Murakami. Livre) – Em uma casa tradicional de massagens na Tailândia, encontram-se quatro pessoas com línguas e passados diferentes, cada uma com sua ausência, unindo-as há o corpo e uma nova ausência. Primeiro filme de Kawase rodado fora do Japão e de Nara. Dias 1º e 12 de junho.

Nascimento / Maternidade (birth / mother. Japão/França, 2006, vídeo, 43 min. 12 anos) – Tarachime começa em 24 de Abril de 2004, quando Naomi Kawase teve seu filho, Mitsuki. Assim que o cordão umbilical foi cortado, a cineasta pegou na câmara para começar a filmar a sua criança e a sua avó de noventa e dois anos. Dia 12 de junho.

O pão de cada dia da menina (The Girl's Daily Bread. Japão, 1990, 16mm, 25min, exibição em vídeo. Livre) – Depois da leitura de um artigo questionando as relações de causa e efeito entre o trabalho duro e os resultados e do encontro com uma menina de espírito livre, uma dedicada estudante repensa seu cotidiano. Trabalho de conclusão de curso da Escola de Fotografia de Osaka. Dias 7 e 10 de junho.

O sorvete do papai (Papa's Icecream. Japão, 1988, 16mm, 5 min, exibição em vídeo. Livre) – Uma filha vai visitar o pai, a quem não conhece. Em um café, e sem se apresentar, eles conversam sobre sorvetes. Primeiro trabalho em 16mm da diretora, então com 18 anos. Dias 7 e 10 de junho.

Shara (Sharasôju. Japão, 2003, 35mm, 100 min. Elenco: Kohei Fukunaga, Yuka Hyodo, Naomi Kawase, Kanako Higuchi, Namase Katsuhisa. 12 anos) – Em Nara, durante um festival de verão, Kei desaparece. Ao redor dessa ausência, o filme se organiza. Sharasôju é o nome do jardim onde, segundo a tradução budista, Buda teria morrido ao pé de duas árvores gêmeas. Dias 4 e 9 de junho.

Sol poente (Setting Sun. Japão, 1996, 8mm ampliado para 16mm, 45 min, exibição em vídeo. Livre) – Última parte da trilogia com a avó, depois de Caracol e Viu o céu?. Dias 4 e 10 de junho.

Sombra (Shadow. Japão, 2004, vídeo, 26 min. Livre) – Não é uma filha em busca do pai, mas um pai em busca da filha. A experiência intima e a representação de um acontecimento ficcionalizado. Dias 2 e 11 de junho.

Suzaku (Moe no Suzaku. Japão, 1997, 35mm, 95 min. Elenco: Jun Kunimura, Machiko Ono, Sayaka Yamaguchi, Sachiko Izumi, Kotaro Shibata, Kazufumi Mikohira, Yasuyo Kamimura; Livre) – A construção de um túnel para uma estrada ferroviária no pequeno Vilarejo de Yoshino, em Nara, coincide com a desintegração de uma família. Suzaku é um Deus protetor. Na região de Nara existem quatro deuses, um para cada ponto cardeal. Suzaku é o Deus do Sul e se manifesta no sopro do vento. Premiado com o "Camera d'Or" para melhor diretor estreante no Festival de Cannes de 1997 e com o Prêmio FIPRESCI no Festival Internacional de Rotterdam de 1997. Dias 31 de maio e 5 de junho.

Viu o céu? (Seen the heaven. Japão, 1995, 16mm, 10 min, exibição em vídeo. 12 anos) – Kawase, sua avó; o vínculo entre as duas mulheres. Segundo filme da trilogia com a avó. Dias 2 e 11 de junho.

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