“A literatura é sempre uma expedição à verdade.” A frase é de autoria
do notável escritor tcheco Franz Kafka. E para compreender o funcionamento
e a relação da “literatura menor” em suas obras, os filósofos Gilles
Deleuze e Félix Guattari apresentam em Kafka: por
uma literatura menor, lançamento da Autêntica Editora,
uma nova interpretação da obra do escritor ao desmontar e remontar a sua
literatura com o intento de evidenciar sua real performance. Os filósofos
franceses propiciam, assim, uma visão diferente e singular ao fazerem uma
expedição ao universo kafkiano.
A mais importante dupla de filósofos já formada, autora de textos
célebres como O Anti-Édipo, Mil Platôs e O que é a Filosofia?,
analisa a obra de Kafka, propondo, a partir dela, o conceito de literatura
menor. “‘Menor’ não qualifica mais certas literaturas, mas as condições
revolucionárias de toda literatura no seio daquela que se chama grande (ou
estabelecida)”, esclarecem. Os autores consideram como suas principais
características a desterritorialização da língua, a ligação do individual
no imediato-político e o agenciamento coletivo da enunciação.
No que concerne a desterritorialização da língua, Deleuze e Guattari
mostram que Kafka “faz de sua literatura algo impossível”. Judeu
nascido em Praga, optou por escrever em alemão, tornando-se uma espécie de
estrangeiro em sua própria língua. “Em suma, o alemão de Praga é uma
língua desterritorializada, própria a estranhos usos menores (cf., em
outro contexto hoje, o que os negros podem fazer com o inglês
norte-americano)”.
Em Kafka: por uma literatura menor, segundo Anne
Sauvagnargues, professora da Universidade de Paris X, Deleuze e Guattari
demonstram que “a literatura não tem nada de um lazer inofensivo, mas é
uma máquina de guerra, uma experimentação política”. A literatura é um
lugar privilegiado para a experimentação de novas linguagens e de novas
subjetividades, para além do sentido e do significado, para além do Édipo
e da psicologia do autor. Leitura imprescindível para os leitores de Kafka
e/ou de Deleuze e Guattari.
Sobre os autores – Gilles Deleuze (1925-1995) foi um
dos mais influentes filósofos franceses do século XX. Depois de ensinar
filosofia na Sorbonne e na Universidade de Lyon, foram os cursos de
Vincennes que o tornaram célebre. Pensador da imanência, escreveu livros
que marcaram época, como Lógica do sentido e Diferença e
repetição; publicou diversos estudos sobre filósofos, como Hume,
Espinosa, Nietzsche e Bergson; e sobre artistas, como Proust e Francis
Bacon.
Félix Guattari (1930-1992) foi um filósofo, militante político e
psicanalista francês, tendo sido aluno e paciente de Jacques Lacan, antes
de romper com ele. Inventor da esquizoanálise, clinicou durante muitos
anos na famosa clínica La Borde. Publicou notadamente Revolução
molecular: pulsações políticas do desejo e O inconsciente
maquínico: ensaios de esquizoanálise.
Sobre a tradutora – Cíntia Vieira da Silva é
professora adjunta no Departamento de Filosofia e no Programa de
Mestradoem Estética e Filosofia da Arte da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP). Doutora em Filosofia pela Unicamp, com estágio de pesquisa
na École Normale Supérieure, em Lyon (França), é coeditora da revista
Alegrar e autora de Corpo e pensamento: alianças conceituais
entre Deleuze e Espinosa (2007).
Título: Kafka: por
uma literatura menor
Autores: Gilles Deleuze e Félix Guattari
Tradutora: Cíntia Vieira da Silva
Coleção: Filô – Série: FilôMargens
Número de páginas: 160
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 38,00
ISBN: 978-85-8217-312-1
Autores: Gilles Deleuze e Félix Guattari
Tradutora: Cíntia Vieira da Silva
Coleção: Filô – Série: FilôMargens
Número de páginas: 160
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 38,00
ISBN: 978-85-8217-312-1

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