Não poderia haver choque de realidade mais cruel para o Fluminense do
que jogar em Presidente Prudente, no mesmo estádio onde, pouco mais de
um ano atrás, a equipe conquistou o título brasileiro. Foi a única
semelhança com a partida desde domingo. Agora, o estádio estava vazio, o
adversário, ao contrário do Palmeiras, que brigava para não cair, não
tinha grande motivação, e, mesmo assim, o Tricolor carioca foi
totalmente dominado.
O Santos poderia ter vencido por 3, 4, 5... Venceu só por 1 a 0,
graças, principalmente, a Diego Cavalieri. Sem aspirações no campeonato,
com um técnico que já sabe que não ficará em 2014, o Peixe passeou.
Tabelou, driblou, correu... Como se não houvesse adversário.
O clube tantas vezes campeão, atual campeão, ficou só na memória de
quem esteve em Prudente no ano passado. E sofre. Com 42 pontos, precisa
que o Bahia perca da Portuguesa e o Coritiba não vença o Internacional,
às 19h30, para não terminar a antepenúltima rodada na zona do
rebaixamento. Uma realidade que parecia ter ficado para trás, lá nos
anos 90, mas se agiganta a cada semana nas Laranjeiras.
Antes da partida, os jogadores se sentaram no gramado de braços
cruzados, em mais um protesto do Bom Senso F.C., que pede mudanças no
futebol brasileiro, principalmente em relação ao calendário e à
responsabilidade financeira dos clubes. A torcida aplaudiu.
Nas duas últimas rodadas, o Fluminense dará sequência à luta contra o
rebaixamento. Enfrenta o Atlético-MG, no próximo sábado, no Maracanã, e
fecha sua participação diante do Bahia, no dia 8, na Arena Fonte Nova.
Já o Peixe, sem chance de se classificar para a Libertadores e também
livre de qualquer possibilidade de queda, vai cumprir tabela contra
Atlético-PR, em casa, e Goiás, fora. Ambos os adversários brigam no
topo, por uma vaga na competição sul-americana.
Sinceridade de Sóbis
- Foi péssimo o primeiro tempo, sorte que eles não fizeram o gol.
A sinceridade de Rafael Sóbis explica perfeitamente a atuação do
Fluminense. No lance mais perigoso da equipe, a bola nem chegou às mãos
do goleiro-espectador Aranha. Samuel não alcançou cruzamento feito por
Rhayner, da direita. Pouquíssimo para quem briga pela permanência na
primeira divisão.
Os tricolores pareciam derretidos pelo calor de Presidente Prudente.
Perderam as divididas como se fossem garotos enfrentando gigantes do
basquete da NBA. As laterais, com Igor Julião na direita, e
principalmente Digão na esquerda, foram o caminho do ouro para o Santos,
que se aproveitou mal da fragilidade do rival.
Como disse Sóbis, sorte que "eles" não fizeram o gol. Sorte e mérito de
Diego Cavalieri, que aos 25 minutos já havia feito três boas defesas:
duas em chutes de Montillo, cada um com um pé, e outra espetacular na
finalização do volante Alison. Thiago Ribeiro também teve duas
oportunidades, sempre arrastando os frágeis marcadores. O atacante
acertou a rede por fora, e teve chute interceptado por Anderson.
Quase no fim, Cicinho caiu na área e pediu pênalti. O árbitro Francisco
Carlos do Nascimento não deu, e expulsou o técnico Claudinei Oliveira
por reclamação. Marcelo Fernandes comandou o Peixe no segundo tempo. Mas
quem realmente teve motivos para reclamar foi a torcida do Flu,
esperançosa por um segundo tempo melhor.
Justiça no pé de Thiago
Com 56 minutos de futebol, Aranha fez a primeira defesa. Foi em
cabeçada de Anderson. Fraca, em suas mãos. O Fluminense voltou para o
segundo tempo com um volante no lugar do centroavante. Valencia no lugar
de Samuel. Aparentemente estranho para quem precisava vencer. Mas o
time esboçou melhora.
Jean ganhou mais liberdade e, com um a mais no meio-campo, os cariocas
equilibraram o jogo. Por pouco tempo... O ritmo dos times voltou a ficar
completamente diferente. E o lado esquerdo da defesa tricolor continuou
sendo um convite irrecusável aos santistas.
Primeiro, Geuvânio passou por um Anderson estático, e mais uma vez
Diego Cavalieri fez a defesa. Depois, Arouca tabelou com Geuvânio,
contou com a complascência de Rafael Sóbis, que não acompanhou a linha
de passe, e cruzou para o merecido gol de Thiago Ribeiro. Era
inacreditável, àquela altura, a igualdade no placar.
Dorival mudou. Entraram Biro Biro e Marcelinho. O jogo não mudou.
Apenas o Santos, em vantagem, diminuiu o ímpeto, mas continuou melhor. O
relógio correu muito mais rapidamente do que as pernas dos jogadores do
Fluminense podiam aguentar.
Cícero ainda acertou a trave em mais uma das fáceis tabelas do ataque.
Ao Santos, ficou a esperança de um 2014 promissor. Há uma base. Ao Flu,
restou a certeza de que será preciso jogar muito mais bola nas próximas
semanas para disputar a Série A no ano que vem.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense

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