Talvez pelo regulamento da Sul-Americana, talvez pelo respeito à
tradição do Vélez Sarsfield, talvez por reconhecer que, tecnicamente,
era inferior ao adversário. Talvez até por simplesmente esbarrar nas
próprias limitações. As teses são diversas para se concluir que a Ponte
Preta entrou no campo do Estádio Moisés Lucarelli na noite desta
quinta-feira mais preocupada em não tomar gols do que em fazê-los. Entre
a empolgação da torcida com outro jogo histórico e a frieza dos
números, prezou pela segunda opção. Com muita cautela, a Macaca ‘cumpriu
a missão’, mas perdeu a chance de, em casa, com o apoio de mais de 10
mil pessoas, tentar encaminhar a vaga ao empatar por 0 a 0, pelas
quartas de final. O melhor entre os piores resultados para quem faz o
jogo de ida como mandante.
Tudo depende do ponto de vista. É a história do copo meio cheio ou meio
vazio. O pessimista vê a Ponte em condições pouco favoráveis. O
otimista pode e tem motivos para encontrar pontos positivos no placar.
Se a vantagem do Vélez é definir a classificação diante da torcida,
quinta-feira que vem, às 20h45 (de Brasília), no José Amalfitani, a
Ponte pode dizer que leva para a Argentina a vantagem de jogar pelo
empate com gols. Quem vencer, avança. Um novo 0 a 0 leva a definição
para os pênaltis.
O adversário de Ponte ou Vélez nas semifinais depende dos outros
cruzamentos. Se Ponte e São Paulo passarem, fazem uma semifinal
brasileira. Com Ponte dentro e São Paulo fora, mais um argentino entra
no caminho da Macaca (Lanús ou River Plate - o mesmo vale caso o Vélez
avance).
Desde o início, a Ponte adotou uma postura defensiva, sem se arriscar, e
se garantiu na base da disposição. O sistema defensivo, criticado nas
últimas partidas, deu conta do recado. Faltou o ataque funcionar para o
time ir além do básico. Os 12.506 pagantes que foram ao Majestoso
reconheceram a entrega da Ponte a aplaudiram ao fim da partida. Um
incentivo extra para a próxima batalha, desta vez pelo Brasileirão.
Domingo, às 19h30, a equipe enfrentará o Criciúma, fora de casa, em
duelo direto contra o rebaixamento.
Vélez impõe ritmo com toque de bola
A casa era da Ponte, a atmosfera, toda alvinegra, mas quem tomou a
iniciativa no primeiro tempo foi o Vélez Sarsfield. Manter a posse de
bola era o principal objetivo dos argentinos, que assim fizeram com
autonomia, para tentar cansar a Macaca o quanto antes. Nem mesmo a perda
de Zárate, seu principal atacante, logo aos oito minutos, mudou o
cenário.
Apesar do controle territorial, os sustos a Roberto foram raros. Os
espaços para tocar a bola diminuíam a partir da intermediária. Se estava
com dificuldade para neutralizar o meio do Vélez, a Ponte mostrou
competência para impedir a entrada dos argentinos na área do goleiro.
Apenas em chutes de longe de Romero, um no começo e outro no fim, os
argentinos chegaram a ameaçar.
Em chances criadas, a Ponte não ficou atrás. Leonardo, em finalização
colocada, e Ratão, em cabeçada após contra-ataque, colocaram Sosa para
trabalhar. Foi o máximo que a Macaca conseguiu fazer do meio para a
frente. A forte marcação argentina e a falta de movimentação,
principalmente de Rafael Ratão, deixavam o ataque alvinegro inofensivo.
Sem William, a ligação direta facilitava a vida dos argentinos.
Como em todo duelo Brasil x Argentina, a arbitragem do uruguaio Dario
Ubriaco foi alvo de reclamação. Do lado da Ponte, Jorginho se irritou
com as faltas não marcadas a favor da Ponte. O Vélez, por sua vez, pediu
pênalti em uma dividida entre Baraka e Cáceres.
Torcida pede Adrianinho, que não ajuda
Um chute colocado de Leonardo que passou perto da trave esquerda de
Sosa e uma batida cruzada de Allione, cara a cara com Roberto, antes dos
cinco minutos, deram a impressão que o segundo tempo seria mais aberto.
O Vélez seguia na dele, rodando a bola sem pressa para definir. A Ponte
tentava mais, porém, esbarrava nos erros de passe.
Foi o suficiente para a torcida começar a pedir Adrianinho. O coro
crescia a cada ataque malsucedido. Até que convenceu Jorginho que o meia
era a melhor opção para melhorar a criatividade ofensiva: aos 18
minutos, ele entrou no lugar de Chiquinho.
Sozinho, o meia não conseguiu fazer a Ponte crescer de produção. A
situação melhorou com a entrada da segunda aposta de Jorginho: Adailton.
Com uma arrancada que só parou quando sua bomba acertou o peito do
defensor argentino, ele levantou a torcida, até então murcha. Mas tudo
não passou de uma expectativa frustrada. Com o Vélez satisfeito com o
empate e a Ponte sem poder de fogo, o jogo se arrastou até o apito
final. Era o que tinha para hoje.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Marcos Ribolli

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