O Corinthians é um time organizado, sólido, com bons e milionários
jogadores, apoio da torcida, estrutura, etc, etc, etc. Mas falta alguma
coisa em 2013. Falta fome. Faltou fome, de novo, no Pacaembu. E não pode
faltar fome contra o Goiás do faminto Walter. O atacante não custou R$
40 milhões como Pato nem fez gol de título mundial como Guerrero, mas
incomodou demais e participou das melhores jogadas da equipe, como o gol
de Hugo. No fim, comemoração dos goianos: 2 a 1, com Corinthians em
sexto com 30 pontos e Goiás em oitavo com 29.
É verdade que o Timão criou muito mais. Perdeu gols num repertório
invejável, mas não se pode dizer que a vitória do Goiás foi injusta. O
time atuou com mais concentração, inteligência, e de acordo com suas
limitações. Zagueiros bem posicionados, marcadores dedicados, e um
ataque todo baseado na proteção de bola e nos bons passes de Walter.
E o Corinthians? Com Alexandre Pato, de R$ 40 milhões, Paolo Guerrero,
autor de gol de título mundial, Romarinho e Sheik, que marcaram em
finais de Libertadores... E só conseguiu um gol chorado, dado para Pato,
mas com um toque valioso de Ramon. Que o ataque não funciona, já era
sabido, é um dos piores do Campeonato Brasileiro. Mas dessa vez até a
defesa, melhor da competição, falhou feio. Todos ficaram olhando Amaral
subir após cobrança de escanteio, no fim do jogo, e definir a vitória.
Foi a primeira vez que o Timão sofreu dois gols na mesma partida neste
Brasileiro. No meio da semana, as duas equipes vão atuar fora de casa.
Na quarta-feira, às 21h50, o Timão encara a Ponte Preta, desesperada na
penúltima colocação do Campeonato Brasileiro, no estádio Moisés
Lucarelli. Já o Goiás visitará o Coritiba um pouco mais cedo, às 21h, no
Couto Pereira.
Pra fora!
Tite falou antes do jogo começar. Disse que sua equipe tem 61% de
aproveitamento quando atua com um pivô, e 29% sem esse jogador. Dessa
vez Guerrero estava no ataque, e o lado de Pato. O que deve ter
aumentado ainda mais a decepção do treinador. Pode ser pelo calor, mas a
verdade é que o Corinthians só jogou verticalmente, objetivamente, nos
primeiros cinco minutos, e em mais alguns outros perto do fim da
primeira etapa.
Juntos, Guerrero e Pato finalizaram quatro vezes, quase sempre em
jogada construída pelos dois. Os três chutes e a cabeçada do peruano,
porém, foram para fora. O único que deu uma esquentadinha nas mãos do
goleiro Renan foi Romarinho, em chute de longe.
O Goiás abusou dos bicões para Walter. Tudo bem que sua barriga
saliente virou atrativo no Brasileirão, mas seria difícil que, nessas
condições, e isolado, o atacante conseguisse algo contra a melhor defesa
da competição. A boa movimentação do meio-campo deixou a partida aberta
em alguns instantes, mas os visitantes abusaram dos erros de passe.
A estratégia alvinegra sofreu um baque logo no início quando Alessandro
sentiu lesão na panturrilha direita, e deu lugar a Ibson. Edenilson
saiu do meio para a lateral, e a torcida perdeu a paciência. A cada erro
do ex-flamenguista, muitos chiados nas arquibancadas. Além de não estar
bem, Ibson sofre a absurdamente cruel comparação com seu antecessor, o
craque Paulinho, que agora exibe seu talento na Inglaterra.
Apesar de ter criado mais, o Corinthians saiu do primeiro tempo com uma
atuação bem longe de ser considerada do nível do atual campeão do
mundo.
Justo castigo
No intervalo, Tite precisou mexer na outra lateral. Fábio Santos, um
dos poucos que mostravam fome, sentiu a lesão no púbis, e deu lugar a
Igor. E o ritmo corintiano seguiu brando, morno, quase parando. Pior:
deixou espaços para o Goiás. E se Walter não encontrou facilidades para
fazer gols, sempre conseguiu clarear as jogadas.
Inteligente, o atacante ajeitou para Renan Oliveira, que deu um tapa
para Hugo. Aquele mesmo Hugo, que parece sumido em campo, mas de
repente... Era assim no Grêmio, no São Paulo, e foi assim no Goiás. Ele
ganhou de Paulo André no corpo, e bateu de pé direito, que nem é o
melhor: 1 a 0 para o time mais concentrado em campo.
Atacante no lugar do zagueiro. Substituição incomum, mas o Corinthians
precisava sair do marasmo. Paulo André saiu, Sheik entrou. E o time
passou a criar, ainda que sem brilho. Em bom cruzamento, Gil bateu na
saída do goleiro, mas o zagueiro Rodrigo, em boa atuação, salvou quase
em cima da linha.
Em seguida, Romarinho parou no goleiro Renan, e Sheik em uma incrível
furada. Os dois que fizeram os gols do Corinthians nas finais da
Libertadores em 2012. Alguém explica? Como também ficou difícil de
explicar o gol de empate. Gil, em posição irregular, cabeceou em direção
à pequena área. Pato desviou, a bola girou, girou, tocou em Ramon, e
entrou.
Esperança de virada! A torcida se inflamou. A zaga só não podia falhar.
E falhou... Com um zagueiro a menos, todos se confundiram na cobrança
de escanteio do Goiás. Ralf marcou a trave, Igor marcou Gil, que não
marcou ninguém. E de tantos goianos livres, foi Amaral quem cabeceou e
definiu o jogo.
Um duro golpe ao Timão, que já fala abertamente em "vaga na
Libertadores", e ouviu vaias de seus torcedores. Pouco para quem é dono
do mundo até dezembro. Um grande resultado para o Goiás, que pode lutar
pelo mesmo objetivo, por que não?
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Marcos Ribolli
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