Há quatro anos, o Rio de Janeiro festejava a honra de ser escolhido para
sediar a primeira edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da América
do Sul, em 2016. Agora, será a vez de a cidade brasileira descobrir para
quem entregará o bastão após realizar sua missão. Com propostas e
contextos bem diferentes, Istambul, Madri e Tóquio são as três
finalistas na disputa pelas Olimpíadas e Paralimpíadas de 2020. O último
embate está marcado para este sábado, quando será batido o martelo em
votação na 125ª Assembleia do Comitê Olímpico Internacional, em Buenos
Aires, na Argentina. O SporTV transmite a decisão ao vivo, a partir das 17h.
Em outubro de 2009, a vitória do Rio de Janeiro, considerado um azarão
quando ainda era aspirante, provou que o Comitê Olímpico Internacional
está aberto ao improvável. Por isso, é difícil prever quem tem mais
chances de sediar os próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para
dificultar mais ainda o trabalho dos eleitores, Istambul, Madri e Tóquio
têm propostas muito diferentes e interessantes. A Turquia aposta no
novo, no inusitado, com os dois continentes (Europa e Ásia) envolvidos
na competição. A Espanha usa como principal argumento os 80% das
instalações já prontas. O Japão atrai pelos equipamentos modernos e
muito próximos uns dos outros.
As três cidades finalistas fazem a última apresentação neste sábado, em
Buenos Aires. Logo depois, começa o processo de votação, que envolve os
membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), exceto os dos países
candidatos. Para ser campeã, a cidade precisa atingir a maioria absoluta
dos votos. Se isso não acontecer na primeira tentativa, a que terminar
com menos votos é eliminada, e uma nova votação é realizada.
Istambul: as Olimpíadas dos dois continentes
A maior cidade da Turquia e a quinta em todo o mundo aposta no
ineditismo para convencer os membros do Comitê Olímpico Internacional.
Misturando o antigo com o novo, Istambul apresenta a proposta inusitada
de realizar pela primeira vez os Jogos Olímpicos em dois continentes
simultaneamente. Algumas competições seriam disputadas na própria região
do estreito de Bósforo, que liga o mar Negro ao mar de Mármara e marca a
divisão entre os continentes asiático e europeu.
Esta é a quinta vez que Istambul tenta receber uma edição dos Jogos
Olímpicos. Mas nunca a cidade de quase 14 milhões de habitantes esteve
tão perto de seu objetivo. Alheia à crise financeira europeia, a Turquia
vive um momento de ascensão econômica nos últimos anos. O apoio
popular, embora o esporte não seja um hábito tradicional, também
fortalece os argumentos turcos. Em contrapartida, as zonas de competição
afastadas, o sistema de transporte considerado insuficiente, o trânsito
e as intensas manifestações populares dos últimos meses contam
negativamente.
Madri: as Olimpíadas conscientes
Em sua terceira tentativa consecutiva, Madri sonha sediar pela primeira
vez os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Depois da frustração de perder
para o Rio de Janeiro no duelo final, em 2009, a cidade espanhola
aprimorou sua proposta e voltou para a briga. Com um plano redondo e
realista, pretende convencer o COI reforçando o argumento da busca pelas
Olimpíadas conscientes, sem muitos gastos. Para isso, mostrou que 80%
das instalações já estão construídas.
Madri também ganha pontos por já apresentar uma boa infraestrutura
urbana e por ter uma relação antiga e estreita com o esporte. A grave
crise financeira que afeta a Espanha é apontada como o principal fator
negativo. Mas os líderes políticos espanhóis têm argumentado que os
Jogos poderiam ajudar no processo de recuperação econômica da cidade de
pouco mais de três milhões de habitantes. Ainda assim, o momento de
instabilidade joga contra a candidata, além do baixo orçamento para a
segurança e a concentração dos investimentos apenas na área principal de
Madri.
Para chamar a atenção do público e do COI para a candidatura, Madri
investiu em campanhas com grandes nomes do esporte espanhol e mundial,
caso do tenista Rafael Nadal
e do jogador de basquete Pau Gasol. A organização, no entanto, passou
por um impasse ao convidar o craque argentino Lionel Messi, que "adotou"
o país após se tornar ídolo do Barcelona. O melhor jogador de futebol
do mundo recusou a proposta, mas depois, um tanto a contragosto, aceitou vestir a camisa de Madri 2020.
Tóquio: as Olimpíadas futuristas
Das três finalistas, Tóquio é a única que já foi palco de uma edição
dos Jogos Olímpicos, em 1964. Na época, a competição marcou o
ressurgimento do Japão no pós-guerra. A proposta da cidade de mais de 13
milhões de habitantes para 2020 pretende utilizar uma parte das
instalações da experiência anterior, mas aposta mesmo é na modernidade.
Com equipamentos esportivos inovadores e abusando da tecnologia em todos
os setores, a capital japonesa promete realizar Olimpíadas futuristas e
seguras. O projeto compacto também agrada ao COI. Dos 33 equipamentos
esportivos do plano, 28 estão em um raio de apenas 8km de distância.
Capital da terceira maior economia do mundo, Tóquio também sai na
frente com o seu sistema de transporte público eficiente e a garantia de
estabilidade financeira necessária para tamanho investimento. Os
japoneses ainda se destacam pela capacidade de organização. Mas a
resistência de boa parte da população, que não quer os Jogos no país, a
eminência de desastres naturais e a questão do meio ambiente são os
pontos negativos. Na semana passada, uma notícia sobre a alta
radioatividade encontrada na região de Fukushima preocupou o Japão. O
problema na usina nuclear pode atrapalhar os planos para 2020.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Editoria de Arte Globoesporte / Divulgação
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