Navalha
na Carne é a obra mais encenada do dramaturgo Plínio Marcos, ao lado de
Dois perdidos numa noite suja. Censurada em 1967, a peça se passa em um
sórdido quarto de hotel de quinta classe, onde a prostituta Neusa
Sueli, o cafetão Vado e o homossexual Veludo encarnam a existência
sub-humana e marginalizada.
Tudo começa quando Vado se dá conta de que o dinheiro do programa de
Neusa Sueli, que seria gasto no jogo, não foi repassado a ele. A
suspeita do roubo cai sobre Veludo, empregado da pensão. A partir daí, o
público assiste ao embate entre os três, que traz à tona insatisfações e
sentimentos escondidos.
Como o próprio autor costumava dizer: "o texto só se tornou um clássico porque o país não muda".
Navalha na carne é uma metáfora da estrutura de poder entre as classes
sociais brasileiras, uma vez que as personagens, embora pertençam ao
mesmo extrato social, se dedicam a uma incessante disputa para dominar o
próximo.
Para Rogério Barros, o espetáculo insere o espectador no submundo
marginalizado. “O público é catapultado para aquele meio, meio que ele
normalmente prefere ignorar, assim como ignora as favelas, os presídios,
os mendigos... A sociedade constrói muros para excluir estas pessoas.
Fazer o Vado, para mim, é uma catarse. Entro nos quartos escuros de mim
mesmo para buscar a maldade dele”, afirma, para em seguida completar:
“Se o ator só faz papéis confortáveis, ele não cresce”.
“A navalha, de fato, só aparece duas vezes no espetáculo. Na verdade, o
texto é a própria navalha”, diz o diretor Rubens Camelo sobre o
espetáculo “Navalha na Carne” que faz parte da trilogia seguida por “Mão
na Luva” de Oduvaldo Vianna Filho e “Grito parado no ar”, de
Gianfrancesco Guarnieri, que traz a proposta de levar textos brasileiros
de teatro a espaços não convencionais. Navalha, que começou sua
trajetória em 2010, já realizou duas temporadas em hotéis de alta
rotatividade no Centro Rio (Paris e Nicácio).
Serviço
Navalha na Carne
Sala Plínio Marcos da Funarte - SDC, Eixo Monumental
De 10 a 13 de janeiro. De quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 20h
Entrada: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos
Local: Funarte
==> Foto: Divulgação / Setur
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