Coube a um velho conhecido a tarefa de praticamente mandar o Palmeiras
para a Série B do Campeonato Brasileiro. Não teve vaia ou jejum que
intimidasse Vagner Love, autor do gol de empate do Flamengo em 1 a 1 com
o Verdão, neste domingo, em Volta Redonda. O artilheiro quebrou uma
sequência de oito jogos sem gols e aumentou o drama do clube que o
revelou. Só uma derrota da Portuguesa para o Grêmio, em jogo ainda neste
domingo, é que mantém a equipe alviverde viva na elite do futebol
brasileiro.
Love disse que iria comemorar um eventual gol contra a equipe que
ajudou a levar à Série A, em 2003. E cumpriu a promessa. Aos 45 minutos
do segundo tempo, quando o Verdão já estava quase aliviado, o artilheiro
arrancou pelo lado esquerdo, invadiu a área, chutou, e viu a bola
desviar em Román antes de entrar. As vaias viraram aplausos, o atacante
foi para a torcida rubro-negra e celebrou como se o Palmeiras nem
estivesse brigando para fugir da degola.
O gol derrubou o Palmeiras. Sob os gritos de “segunda divisão”, quase
todos choraram. Juninho não aguentou a pressão, Barcos levou as mãos ao
rosto, Maurício Ramos ajeitou a faixa de capitão... E não houve mais
forças para reagir. A Série B é um cenário cada vez mais real.
Tensão no início
O cumprimento cordial de Dorival Júnior a Gilson Kleina anunciava qual postura o Flamengo teria na partida.
- Espero que vocês saiam dessa. Mas não hoje... - disse Dorival.
No início, parecia que o Flamengo era o desesperado, e o Palmeiras o
aliviado. A equipe rubro-negra ganhou todas as divididas, mostrou
“sangue nos olhos” e não deixou o rival tomar conta do jogo. Muito disso
ocorreu porque a torcida flamenguista queria ver o adversário ainda
mais no fundo do poço. Os gritos de “segunda divisão” ecoaram pelas
arquibancadas do estádio Raulino de Oliveira, que também eram decoradas
com caixões alviverdes. Em campo, alguns sentiram o baque.
O Flamengo percebeu isso e apostou nas jogadas pelo lado esquerdo da
defesa palmeirense, justamente onde estava o jogador mais assustado de
todo o elenco: Juninho. O Rubro-negro sempre buscou por ali, com
Wellington Silva, Ibson e Amaral – pelo setor, o volante criou a melhor
chance dos cariocas, em chute que passou raspando a trave direita de
Bruno. Sem muito interesse, o Fla ia cozinhando a partida. Futebol,
mesmo, pouco se viu.
O Palmeiras teve flashes, sempre com seus nomes mais lúcidos. Um chute
de Tiago Real quase encontrou o ângulo de Paulo Victor. Barcos tentou
buscar o jogo, já que não tinha companhia no ataque. O Pirata reclamou
demais com seus companheiros, pois a bola não chegava e os volantes e
laterais pouco ajudavam. O argentino também pediu pênalti num lance em
que cabeceou e a bola bateu em Renato Santos. O palmeirense queria toque
de mão.
Para proteger um pouco mais a defesa, Gilson Kleina recuou Artur e fez
uma linha de três zagueiros, com Maurício Ramos na sobra. Mesmo assim,
Vagner Love encontrou espaços e quase abriu o placar aos 45 minutos,
após receber um passe de Hernane e chutar sozinho, de pé esquerdo, por
cima do gol. Parecia até que Love não queria castigar o time que o
revelou para o futebol.
Gols só no segundo tempo
O Flamengo mandou nos 15 primeiros minutos do segundo tempo,
aproveitando o nervosismo que assolou o Palmeiras. Mais uma vez
empurrado pela torcida, o time de Dorival Júnior encurralou o rival em
seu campo de defesa. O gol rubro-negro parecia questão de tempo, ainda
mais depois que Tiago Real lesionou o ombro e teve de ser substituído
pelo garoto Vinícius. O Verdão acabava de perder seu único articulador.
E foi Vinícius, atacante com poucos recursos, mas muita vontade, que
acendeu o Verdão no jogo. A correria promovida pelo garoto de 19 anos
confundiu a defesa do Fla, que deixou mais espaços para Barcos. Na
primeira escapada que teve, o Pirata caiu na área e reclamou de mais um
suposto pênalti sofrido.
Com Vinícius, o Palmeiras fez o que não havia conseguido no primeiro
tempo: arriscar. Aos 17 minutos, o atacante foi premiado pela
persistência. Em jogada individual pelo lado esquerdo, ele avançou,
olhou para o gol e acertou um chute seco, bem no canto direito de Paulo
Victor, que falhou e deixou a bola passar: 1 a 0 Verdão.
A comemoração foi intensa. Emocionado, Vinícius se dirigiu até o espaço
destinado à torcida visitante e gritou muito, contagiando o time todo,
que se abraçou e ganhou sobrevida na partida – ainda mais com o empate
parcial do Bahia com a Ponte Preta.
Dorival Júnior tentou animar o Flamengo com as entradas de Mattheus e
Paulo Sérgio. Irritada, a maioria rubro-negra vaiou os substituídos
Ibson e Hernane, e ficou na bronca com Love, que errou quase tudo o que
tentou. Méritos para Román, que fez boa marcação em cima do artilheiro
adversário. O paraguaio foi tão bem que até irritou Paulo Sérgio – uma
cotovelada desnecessária causou a expulsão do atacante. Pouco antes, o
mesmo Paulo quase empatou em cabeçada defendida por Bruno.
No contra-ataque, o Verdão quase marcou o segundo, com Maikon Leite
perdendo oportunidade inacreditável, cara a cara com Paulo Victor. Ao
mesmo tempo, em Salvador, o Bahia fazia um gol em cima da Ponte Preta,
complicando ainda mais a situação palmeirense.
E veio a pá de cal. Vagner Love, revelado no Palmeiras, aos 45 minutos
aproveitou rápido contra-ataque, invadiu a área e chutou cruzado. A
bola, cruelmente, desviou em Román, tirou Bruno da jogada e foi morrer
no fundo do gol.
O Verdão só não será rebaixado neste domingo se o Grêmio vencer a
Portuguesa, em jogo que começa às 19h30 no Canindé. Se a Lusa fizer ao
menos um ponto o Palmeiras estará na Série B.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte
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