
A exposição BRASSAÏ é uma realização da Aliança Francesa de Brasília e reúne 98 fotografias em branco e preto, feitas no período entre guerras. São 89 imagens em 60,5 x 50 cm e outras nove de 73 x 60 cm , que revelam um olhar curioso do fotógrafo para com a Paris noturna e contraventora da década de 1930. Através da lente sutil de Brassaï, o espectador do século XXI pode caminhar pelos ambientes sombrios que o fotógrafo revela como se lançasse sobre eles um halo de poste de luz.
Com o fotógrafo, é possível perambular por Montparnasse, Les Halles, pelo canal de L’Ourcq, canal Saint-Martin, Place d’Italie, Belleville. Penetrar nos cafés e conhecer de perto figuras pitorescas da noite parisiense. Observar a solidão de prostitutas que esperam por clientes sozinhas nas ruas. Conhecer ângulos inusitados da bela cidade, descobrindo o traçado artístico presente até em tampas de bueiros. Brassaï transcende o real com tons surrealistas. Revela aos observadores uma Paris até então desconhecida, desprezada. Dá visibilidade a senhoritas de vida fácil, jovens delinqüentes, trabalhadores noturnos. Privilegia lugares até o momento ignorados pela sociedade, como a casa da Madame Suzy, com seus ritos, grandes figuras e o perfume de proibição, bares freqüentados por transexuais, cafés que recebem intelectuais e artistas e muito mais.
Segundo Yann Lorvo, delegado geral da Aliança Francesa no Brasil, Brassaï “soube com gênio e poesia captar e desvendar o segredo da luz e da noite”. Para Lorvo, ele encarna, com perfeição “a França cosmopolita, curiosa e aberta ao mundo”.
O ARTISTA
Gyula Halász, conhecido mundialmente como Brassaï, nasceu em 1899 em Brasso, na Transilvânia, filho de um professor de literatura francesa. Aos três anos de idade, mudou-se com a família para Paris, onde o pai foi ser palestrante, por um ano, na Sorbonne. Pode ser que Brassaï não se recordasse de muito daquele período – ele deixou Paris com quatro anos de idade –, mas a cidade permaneceu como uma fantasia romântica em sua vida.
Já estudante, quis mudar-se para a capital francesa, mas foi impedido pela guerra. Romênia e França estavam em lados opostos. Passou então por Budapeste e Berlim (1920-1923), conhecendo e tornando-se amigo de artistas como Lázló Moholy-Nagy, Kandinsky e Kokoschka. Voltou a Paris em 1924 e ali se instalou definitivamente.
No início, Brassaï pensa em se tornar artista plástico. Enquanto trabalha artisticamente em desenhos e gravuras, faz charges e caricaturas para jornais franceses e alemães e colabora, com colunas, para revistas austríacas, húngaras ou romenas. Seus escritos versam sobre tudo, de crítica a exposições a partidas de rúgbi (esporte do qual ele não entende nada). É a partir da sugestão de editores, que pedem fotografias para ilustrar suas colunas, que Brassaï começa a fotografar.
As primeiras fotografias foram tiradas em 1929, com uma máquina emprestada e, pouco depois, o fotógrafo adquiriu a sua famosa Voightlander, a câmara fotográfica que o acompanharia por muitos anos. Da sua vivência noturna resultou o livro Paris de Nuit. Em 1932 Brassaï fotografou os grafitti nas paredes de Paris, um trabalho fortemente divulgado na revista surrealista Minotaure. Seus ensaios sobre personagens e artistas enriqueceram a revista Harper´s Bazaar onde começou a trabalhar em 1937.
Brassaï escreveu 17 livros e numerosos artigos, incluindo Histoire de Marie, que tem introdução de seu grande amigo, Henry Miller, e Conversas com Picasso (1965), outro grande amigo, livro que foi traduzido para 12 idiomas. Brassaï abandona a fotografia em 1961, depois da morte de Carmel Snow, editor da revista Harper's Bazaar. Em 1970, recebeu o prêmio nacional da França por sua contribuição artística e especialmente por sua fotografia. Faleceu em 1984, em Nice, na França.
SERVIÇO
Local: Museu Nacional da República
Data: 2 de setembro a 2 de outubro de 2011
Horário: de terça a domingo, das 9h00 às 18h30
ENTRADA FRANCA
Informações: (61) 3325. 5220
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