Cine Brasília exibe mostra rara de filmes russos - de 30/11 à 08/12

Em parceria com a Embaixada da Russia, a Secretaria de Cultura do DF e o Cine Brasília apresentam uma especialíssima mostra com sete filmes da ex-União Soviética e da Rússia, restaurados em matriz digital, compondo um painel de cinco décadas da produção do país, desde os anos 1960 até o novo século. Com a exceção de Solaris, de Andrei Tarkoviski, todas as obras são inéditas no país. Para o público, é uma oportunidade única para conhecer, não os clássicos e os grandes realizadores da vanguarda russa dos anos 20, 30 e 40 do século passado (Eisenstein, Pudovkin, Vertov, entre tantos outros), mas os filmes tolerados pelo regime soviético e também aqueles que se beneficiaram do processo de abertura promovido por Mikhail Gorbachev a partir de 1985. No primeiro caso estaria Tarkovski, aceito em virtude de seu hermetismo, cujos filmes metafísicos o deixavam próximo dos experimentadores da vanguarda russa. Solaris (1972), sua ficção científica, apresenta um grupo de cientistas sob a influência de um planeta cuja energia dava a eles a ilusão de realizarem seus desejos. De alguma forma, era um comentário sobre a ausência de liberdade artística em seu país.

Desconhecidas no Brasil, as fitas exibidas em Cinema Russo – Um Percurso em Cinco Décadas são aquelas consentidas pelo regime pré-Gorbachev, assim como as do tempo da abertura, e que tinham grande apelo popular. Era o cinema visto pelas grandes plateias soviéticas e russas. De diferentes maneiras ele expressava a alma da nação. Um exemplo eloquente são as comédias de Leonid Gayday, campeãs de bilheteria, com mais de 600 milhões (!) de ingressos vendidos. A Mostra apresenta um de seus grandes clássicos, 12 Cadeiras, baseado numa história de Ilf e Petrov, que geraria mais de 20 versões cinematográficas, entre elas Banzé na Rússia, de Mel Brooks, assim como uma chanchada brasileira homônima com Oscarito no elenco. A comédia Braço de Diamante, igualmente de Gayday, escolhido para abrir a mostra, foi outro estrondoso sucesso, fazendo mais de 76 milhões de espectadores. A programação de Cinema Russo – Um Percurso em Cinco Décadas inclui estilos variados. Há filmes de época (O Conto do Czar Saltan, de Aleksander Ptushko, e Sonhos, de Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky), crônicas ambientadas em diferentes décadas no século XX, caso de Noite de Inverno em Gagra, de Karen Shakhnazarov, e finalmente tragédias bélicas, como em O Tigre Branco, também de Karen Shakhnazarov, filme que representou a Rússia na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2012.

Programação:
Dia 30/11 (quinta-feira - Abertura): 20h00 - Braço de Diamante (1969)

Dia 01/12 (sexta-feira): 20h30 – O Conto do Czar Saltan (1966)

Dia 02/12 (sábado): 20h30 – Noite de Inverno em Gagra (1985)

Dia 03/12 (domingo): 20h30 - 12 Cadeiras (1971)

Dia 06/12 (quarta-feira): 20h30 - O Tigre Branco (2012)

Dia 07/12 (quinta-feira): 20h30 – Solaris (1972)

Dia 08/12 (sexta-feira): 20h30 – Sonhos (1993)

Sinopses:

Braço de Diamante – Leonid Gayday (1968)
O cidadão soviético Semyon Gorbunkov sai a passeio num cruzeiro marítimo. Em seu retorno, acaba levando à URSS jóias escondidas por engano no gesso colocado em torno de seu braço esquerdo depois de uma queda em Istambul. Enquanto os contrabandistas realizam várias tentativas para recuperar as pedras preciosas, um tenente da polícia russa usa Gorbunkov como isca para pegar os criminosos. Mas sua esposa começa a desconfiar que ele foi recrutado pela inteligência estrangeira ou está tendo um caso. Está armado o quiprocó.

O Conto do Czar Saltan – Aleksandr Ptusko (1966)
Imortalizado na ópera de Rimsky-Korsakov, o poema de Aleksandr Pushkin sobre uma rainha traída pelas irmãs invejosas e exilada em uma ilha mágica com seu filho, recebe a adaptação do mestre dos efeitos especiais, cujas animações se integram à realidade com rara inteligência e leveza.

Noite de Inverno em Gagra – Karen Shakhnazarov (1985)
Ex-famoso dançarino de sapateado leva uma vida discreta, mas sonha em repetir o sucesso dos anos 50. A oportunidade virá quando o programa de TV “Nomes Esquecidos” informa que ele não está mais vivo!

12 Cadeiras – Leonid Gayday (1971)
Com a economia arrasada após o fim da Guerra Civil, a URSS adotou entre 1921 e 1928 a NEP (Nova Política Econômica), definida por Lenin como um recuo tático caracterizado pelo estímulo à pequena propriedade privada no comércio varejista, indústria e agricultura. A introdução de práticas capitalistas, naquele momento, estimulava, de fato, a produção de mercadorias, mas trazia em sua esteira desigualdade e egoísmo. É neste cenário que um ex-aristocrata procura uma fortuna em diamantes escondidos pela sogra, antes de morrer, no forro de uma cadeira. Seu rival é o padre que conhecera o segredo na condição de confessor da piedosa senhora. Seu braço direito, o eloquente e ardiloso Ostap Bender, um vigarista tão típico daqueles tempos que entrou para sempre no folclore russo. Adaptação de Leonid Gayday do clássico "12 Cadeiras" (1971), de Ilya Ilf e Evgueny Petrov.

Tigre Branco – Karen Shakhnazarov (2012)
Encontrado quase morto entre os destroços fumegantes no campo de batalha, o tanquista Ivan Naidionov tem uma recuperação surpreendente que desafia a capacidade de compreensão dos médicos. Mais misteriosa se torna a história quando ele revela que foi atingido pelo Tigre Branco, indestrutível tanque alemão que surge e desaparece por encanto, deixando um rastro de destruição e morte. Ligados por um elo sobrenatural, o homem e a máquina se empenham numa batalha que se projeta para além daqueles tempos.

Solaris – Andrey Tarkovsky (1972)
Cientista enviado para investigar estranhos fenômenos ocorridos na estação espacial que orbita Solaris, reencontra ali a esposa que se matara há 10 anos. Depois de ser bombardeado com raios-x, o enigmático oceano que cobre o planeta parece dotado de alguma forma de razão com poderes para penetrar no íntimo dos seres humanos e materializar suas memórias, tornando-as reais através da criação dos "visitantes". O filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 1972.

Sonhos – Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky (1993)
Na década de 90 do século 19, a condessa Prizorova sonha que é Masha Stepanova, faxineira de um bar em Moscou, no ano de 1993. Em suas incursões ao futuro a aristocrata vê o marido vender fotos dela nua na rua, a fim de ganhar o dinheiro necessário para comprar comida pelos preços altamente inflacionados – com Yeltsin chegaram a 2000%. Mais tarde, os funcionários do governo a intimam a servir de atração sexual para convencer um representante do FMI a liberar os créditos prometidos, mas não concedidos à Rússia. Ácida reflexão de Shakhnazarov sobre o vazio moral e a imitação das piores práticas ocidentais produzidas na Rússia pela restauração capitalista.


S E R V I Ç O:

Mostra do Cinema Russo
Ingressos: R$ 12,00 (inteira) R$ 6,00 (meia entrada)
Programador responsável: Sergio Moriconi

==> Foto: Divulgação

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