Memórias de um Cão narra a trajetória de ascensão e
queda de Rubião, um mestre-escola interiorano que, às vésperas da abolição da
escravatura, se muda para a Corte, após receber uma herança de seu benfeitor,
Quincas Borba, personagem da obra de mesmo nome de autoria de Machado de Assis.
Borba retrata o escravocrata típico, proprietário e rentista, que se
autodenomina filósofo e que ocupa seus dias ociosos com especulações incoerentes
sobre a natureza humana.
Como
condição para usufruir da herança, o recém endinheirado deve cuidar do cão de seu
falecido benfeitor. Essa exigência testamentária, uma variante do pacto
fáustico, traduz, na prática, as determinações do “Humanitismo”, doutrina
heterodoxa criada por Quincas Borba, cujo princípio pode ser sintetizado na
máxima “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
Tornado
capitalista da noite para o dia, Rubião passeia pelas ruas elegantes de um Rio
de Janeiro, em processo vertiginoso de modernização, buscando inserir-se num
círculo de relações de favor, marcadas pelo preconceito de classe e pela
futilidade de um mundo apartado do trabalho.
Enquanto
esbanja sua herança, Rubião experimenta uma vida de luxos e compensações
imaginárias a tal ponto de pensar ser o próprio imperador francês Napoleão III,
numa clara alusão às pretensões da elite brasileira de tornar o Brasil uma
nação do primeiro mundo, com a importação de um liberalismo fora do lugar e com
vista grossa para o tráfico de escravos.
A partir
da investigação do romance “Quincas Borba”, o Coletivo Alfenim propõe uma alegoria tragicômica da desfaçatez com
que a elite econômica e cultural brasileira tenta isentar-se de sua
responsabilidade histórica pela barbárie que marca o processo de modernização
do país.
Pautado
pela ironia de um ‘anti-romance’, Memórias
de um Cão expõe as contradições de uma sociedade que almeja a modernidade,
sem abrir mão das prerrogativas de classe como a exploração da mão de obra
escrava, da espoliação do trabalho livre e da apropriação da riqueza nacional a
partir da instrumentalização do poder público. “As semelhanças com a atualidade
não são mera coincidência”, provoca o diretor do espetáculo, Márcio Marciano.
Teaser
do espetáculo: https://www.youtube.com/watch?v=yQBdE607AcU
SERVIÇO:
Espetáculo: Memórias de um Cão
Local:
Teatro da Caixa Cultural Brasília
Endereço: SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4 – Brasília – DF
Temporada:
de 29 a 31 de julho.
Dias
e horários: Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Duração: 80 minutos.
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia entrada para estudantes, professores, maiores de 60 anos,
funcionários e clientes CAIXA e doadores de agasalho).
Bilheteria: De terça a
sexta e domingo, das 13h às 21h, e sábado, das 9h às 21h.
Os ingressos começam a
serem vendidos no sábado, dia 23 de julho, somente na bilheteria do teatro.
Pagamento a dinheiro, cheque e cartões de débito de crédito e Vale-Cultura.
Classificação indicativa: Não
recomendado para menores de 14 anos.
Capacidade: 406
lugares (8 para cadeirantes).
Informações: 3206-6456.
Patrocínio: CAIXA e
Governo Federal.
Ficha
técnica:
Direção e dramaturgia:
Márcio Marciano
Assistência
dramatúrgica: Gabriela Arruda
Elenco: Adriano Cabral; Lara
Torrezan; Paula Coelho; Ricardo Canella; Verônica Cavalcanti; Vítor Blam; e Zezita
Matos
Direção musical: Mayra
Ferreira; e Nuriey Castro
Composição musical:
Márcio Marciano; Marília Calderón; Mayra Ferreira; Nuriey Castro; Paula Coelho;
Vítor Blam; e Walter Garcia
Músicos: Mayra Ferreira;
e Nuriey Castro
Figurino: Patrícia
Brandstatter
Máscaras e
caracterização: Coletivo Alfenim
Consultoria Literária: José
Antônio Pasta; e Iná Camargo Costa
Produção Executiva:
Gabriela Arruda
Realização: Coletivo
Alfenim.
==> Foto: Arthur Chagas
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