Brasília,
julho de 2015 – O Ciclo de
Arte – um projeto com curadoria de Ralph
Gehre – reúne em sua terceira
mostra o trabalho de Renato Rios e
Rodrigo Cruz. As obras de RIOS+CRUZ=MAPA
refletem o dinamismo, o ímpeto e a espontaneidade de criações construídas a
quatro mãos. Os dois artistas plásticos compartilharam plataformas, tintas e
pincéis e produziram um acervo que agora pode ser visto na coletânea que fica em
cartaz na cúpula sul do Brasília Shopping,
entre os dias 30 de julho e 28 de agosto. Para Gehre, a proposta da dupla integra o panorama da
arte candanga e não poderia estar fora do Ciclo, que expôs no primeiro semestre
deste ano a arte de Lêda Watson e a seleção
de Felipe Cavalcante e Pedro Ivo Verçosa na série Sem/Registro. “O acervo
de RIOS+CRUZ=MAPA, de caráter muito
peculiar, tem por título a equação que assume os significados de seus
sobrenomes e associa tal sentido à construção de uma geografia da amizade”, instiga
o curador.
Sim, a
amizade foi fundamental para se produzir de forma mais intensa o que já ocorria
espontânea e despojadamente. Rodrigo Cruz revela que ele e Renato Rios
dividiram um ateliê no passado e tinham por hábito desenhar juntos numa
atmosfera de brincadeira ou jogo. Segundo ele, as obras de RIOS+CRUZ=MAPA resultam de uma ideia muito simples: realizar
pinturas e desenhos com intervenções de ambos os artistas. “Tínhamos a
consciência de que teríamos de estar abertos aos conflitos que surgiriam. Mas
pensamos, por que não?”, indaga. “Foi uma espécie de jam, seguimos o fluxo”, diz ele, fazendo referência à improvisação
musical na qual os músicos tocam sem saber o que vem pela frente.
Ralph
Gehre não esconde o entusiasmo com a curadoria de um trabalho que abriu espaço
a uma forma de simbiose. “Ela é possível apenas entre amigos que conseguem
fazer com que desapego, interferência e contaminação escoem o processo de
pensamento em arte”, reflete. As obras de RIOS+CRUZ=MAPA
foram concebidas em dois momentos diferentes ao longo de 2014. Na
exposição, elas estarão organizadas em um conjunto completo, ampliando o
entendimento da proposta. Para o curador, sobre os desenhos e as pinturas se
alternaram as mãos de um para encontrar o pensamento do outro, diluindo autoria
para galgar sentido, em uma permissão que ultrapassa estilos e assuntos,
buscando-se a liberdade de uma grafia incomum. “Embora estes sejam aspectos
internos ao processo, os quais aparentemente se diluem no valor do trabalho
construído, são procedimentos que deixam seu traço, demonstrando a disposição
para o ‘achamento’ de um novo vocabulário”, detalha Gehre. Constituem, de
acordo com ele, aprendizados para as mãos e para o olhar. “São também
exercícios de sabedoria, necessários quando se escava o desconhecido, ainda que
se disponha da confiança e estímulo de um vínculo tão sólido’, acrescenta.
Jam de pincéis e tintas
Na
pinturas, Rios e Cruz utilizaram tinta óleo, tinta acrílica, massa asfáltica,
bastão de óleo e pastel oleoso sobre algodão ou linho. Os desenhos foram feitos
com nanquim, guache e grafite, um pouco de aquarela, carvão, pastel oleoso,
tudo sobre papel. Rodrigo Cruz pontua que, no dia a dia, ele e Renato Rios
estão sempre às voltas com um projeto novo, uma pintura nova. Daí surge uma
conversa, uma empatia, uma proximidade de pensamento, que vez por outra resulta
em trabalhos inéditos. “A diferença é que no projeto RIOS+CRUZ=MAPA passamos a provocar esse diálogo mais explicitamente
para que, assim, pudesse surgir uma imagem que não fosse nem minha, nem do
Renato, e nem dos dois, mas de um modo especifico de conversa entre os dois”,
pondera o artista.
Cruz
enfatiza que estabelecer um espaço e uma situação para que a arte ocorra é tão
importante quanto a criação da obra. “Permitir que algo aconteça envolve certa
disposição para o acidente e para uma escuta também, certa atenção, consciência
do processo de trabalho”, detalha. “Parafraseando Deleuze e Guattari, na
primeira página do Mil Platôs, eu
diria que fizemos o RIOS+CRUZ=MAPA a
dois. E como cada um de nós era vários, já era muita gente”, brinca. E por que RIOS+CRUZ=MAPA?
Onde, afinal, está esse MAPA? “Talvez aí esteja esse mapa, nos muitos outros
que foram surgindo no processo de trabalho, a cada acidente na topografia desse
processo”, sugere.
RIOS+CRUZ=MAPA no Ciclo de Arte
Ao propor
a mostra RIOS+CRUZ=MAPA para o Ciclo de Arte do Brasília Shopping, a
equipe que idealizou o projeto quis mostrar as formas como a produção mais
espontânea alicerça a construção do vocabulário autoral, ao tempo que a própria
autoria se dilui entre os trabalhos partilhados. As obras foram construídas a
quatro mãos ou sofreram a interferência de ambos os artistas em diferentes
momentos, alterando-se aquilo que um iniciava, pela aposição das interferências
do outro. Surge, então, um conjunto inédito, gerado em duas ocasiões de imersão
absoluta, uma vez que os artistas viveram nos ateliês/galerias ao longo da
semanas de trabalho. “Nesse conjunto de obras avistam-se qualidades só
possíveis na espontaneidade da situação, confirmando o valor inerente ao labor
artístico, independente de projetos preliminares ou intenções”, revela a
publicitária Cláudia Pereira, idealizadora do Ciclo de Arte.
Segundo
Maíra Garcia, gerente de marketing do Brasília Shopping, mais do que expor e divulgar
o trabalho dos artistas que vivem e atuam na capital do País, o Ciclo de Arte proporciona um encontro dos
autores das obras e curadores da exposição com os brasilienses. “Renato Rios e
Rodrigo Cruz fazem um talk show no
teatro do próprio shopping no dia 10 de
agosto. O tema é Espaços Alternativos e Relações de
Trabalho. A
conversa com o público terá a
participação de expoentes da cena artística em Brasília. Quem gosta de arte
está mais que convidado”, sugere.
Entendendo
o Ciclo de Arte
O Ciclo
de Arte é um projeto que vem fazendo um retrato da arte contemporânea de
Brasília a partir de quatro diferentes referências. É um painel da vigorosa
produção cultural da cidade que envolve mais de trinta artistas e
profissionais, distinguindo a excelência de suas expressões, a dinâmica dos
ateliês e a forma como representam nossa cultura. “Selecionamos dois artistas
renomados e dois coletivos com produção jovem da cidade. As obras serão
expostas sob o céu de Brasília”, diz Ralph Gehre referindo-se ao local no qual
os brasilienses terão acesso livre para apreciar os trabalhos: uma praça com
teto de vidro. Lêda Watson abriu o projeto no dia 22 de abril com uma exposição
que marcou o mês das mães. Pedro Ivo Verçosa, Felipe Cavalcante deram
continuidade e marcaram o Dia dos Namorados com a série Sem/Registro. Elder
Rocha encerra a coletânea em outubro, depois do público conhecer o trabalho de
Renato Rios e Rodrigo Cruz, novos expoentes das artes plásticas na capital do
País.
SERVIÇO:
CICLO
DE ARTE BRASÍLIA SHOPPING 2015
RIOS+CRUZ=MAPA
Data da Exposição:
30 de julho à 28 de agosto
Horário: 10h
às 22h
Local: Brasília
Shopping – praça em frente à Caixa Econômica
TALK SHOW
– 10 DE AGOSTO, 19H (*SUJEITO A LOTAÇÃO)
Local:
Teatro Brasília Shopping
Tema: Espaços Alternativos e Relações
de Trabalho
Convidado:
Galeria Objeto Encontrado + Elefante Centro Cultural
Classificação indicativa: LIVRE
ELDER
ROCHA
Data da Exposição:
24 de setembro à 25 de outubro
Horário: 10h
às 22h
Local: Brasília
Shopping – praça em frente à Caixa Econômica
TALK SHOW
– 28 DE SETEMBRO, 19H (*SUJEITO A
LOTAÇÃO)
Local:
Teatro Brasília Shopping
Tema: Formação e Consolidação de Nomes
no Mercado da Arte
Classificação indicativa: LIVRE
Classificação indicativa
das exposições: livre
Mais
informações para o público:
Brasília Shopping – (61) 2109-2122
Os
artistas da RIOS+CRUZ=MAPA
Renato
Rios é Bacharel em Artes Plásticas pela
Universidade de Brasília UnB.
Principais exposições: 2014: Pintura e
Pictorialidade em Brasília 2000 - 2014, Espaço Cultural Marcantonio Vilaça,
curadoria Matias Monteiro; Pela Superfície das Páginas, Espaço Cultural Marcantonio
Vilaça, curadoria Júlio Martins; Rios + Cruz = Mapa, Galeria Objeto Encontrado;
Rios + Cruz = Mapa, Galeria Ponto, curadoria Ralph Gehre. 2013: TRIANGULAÇÕES -
Circuito das Artes 2013, no Museu Nacional da República, em Brasília, no Museu
de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife, e no Museu Carlos Costa Pinto e
Galeria Paulo Darzé, em Salvador, com curadoria geral de Alejandra Hernández
Muñoz. O Charivari dos Garis, Galeria CAL - Casa da Cultura da América Latina,
curadoria do grupo Corpos Informáticos – DF. 2012: - Individual, Foyer da Sala
Martins Pena, Teatro Nacional; Possível Utopia Contemporânea, Galeria Anexo IV,
Câmara dos Deputados, curadoria Suzana Magalhães e Moisés Crivelaro; coletiva
Centerfolder, Referência Galeria de Arte, curadoria Ralph Gehre - ocasião na
qual teve oito trabalhos incorporados ao acervo da galeria.
Rodrigo
Cruz - é Bacharel em
Artes Plásticas e Mestre em Poéticas Contemporâneas pela UnB.
Principais exposições: 2014 Coletiva 20
- pintura & pictorialismo em Brasília 2000 - 2014, Espaço Cultural Marco
Antonio Vilaça - TCU, curadoria de Matias Monteiro. Coletiva Setemais, Casa da
Cultura da America Latina: assistência de curadoria e artista. Curadoria geral
Vicente Martinez. Realiza em parceria com o artista plástico Renato Rios a
segunda edição do projeto RIOS+CRUZ=MAPA, na Galeria Objeto Encontrado. Realiza
em parceria com o artista plástico Renato Rios a primeira edição do projeto
RIOS+CRUZ=MAPA, na Galeria Ponto. 2013 -Participou da publicação Sem Registro
“C”, revista de gravura, curadoria editorial de Felipe Cavalcante e Pedro Ivo
Verçosa. Participou da exposição Charivari dos Garis (Proposta Corpos
Informáticos), CAL, Casa de Cultura da América Latina. Participou da exposição
Novas Linguagens, na Referência Galeria de Arte, curadoria Onice de Oliveira.
2012 - Participou da exposição Habitação/Residência, Hill House, com curadoria
de Matias Monteiro. Participou da exposição Center Folder, Referência Galeria
de Arte, curadoria Ralph Gehre.
==> Foto: Divulgação
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