Está sendo escrita uma história de drama entre Novak Djokovic
e Roland Garros. Depois de duas tentativas frustradas pelo nove vezes
campeão Rafael Nadal (nas decisões de 2012 e 2014), o atual número 1 do
mundo foi superado, neste domingo, pelo suíço Stan Wawrinka
na disputa pelo título deste ano do Grand Slam francês. Apesar de
carregar nas costas uma invencibilidade de 28 partidas, o sérvio
sucumbiu à própria ansiedade. De virada, com as parciais de 4/6, 6/4,
6/3 e 6/4 em 3h12 de jogo, o atual 9º do ranking da ATP acabou com o
sonho de Nole em 3 sets a 1 e conquistou seu segundo título de Grand
Slam na carreira.
Essa foi apenas a quarta vitória de Wawrinka em 21 duelos contra
Djokovic, a segunda em Grand Slams. Na campanha do título do Aberto da
Austrália em 2014, o suíço levou a melhor nas quartas de final por 3
sets a 2 (2/6, 6/4, 6/2, 3/6 e 9/7), antes de levantar o troféu ao
derrotar Nadal na final.
Apesar da derrota, Djokovic recebeu
os longos aplausos dos torcedores. Se emocionou bastante e chorou diante
do carinho do público.
- Parabéns a Stan. Não é fácil falar agora, mas devo dizer que na
vida há coisas mais importantes do que uma vitória: caráter e respeito.
Respeito muito Stan. É um grande campeão e mereceu esse título. Agradeço
a todo o público por fazer esse torneio extraordinário. Vou continuar
tentando para ganhar esse troféu no ano que vem - declarou Djokovic na
cerimônia de premiação.
Wawrinka recebeu a Copa dos Mosqueteiros, o troféu de campeão de Roland Garros, das mãos de Gustavo Kuerten, que foi à partida trajando um elegante terno azul.
A presença do ex-tenista na cerimônia foi uma homenagem ao maior ídolo
do tênis brasileiro, que completou 15 anos do segundo título
profissional no torneio (de três levantados).
- Foi o jogo da
minha vida. É difícil de acreditar, estou tremendo ainda. Estou
realmente muito orgulhoso. Jogar contra Novak foi um dos maiores
desafios da minha carreira, porque sei o quanto ele queria este Roland
Garros - disse Wawrinka.
Dono de oito títulos de Grand Slam,
Djokovic segue sem o troféu de Roland Garros, o único que lhe falta para
completar o “Career Slam”, ou seja, ganhar todos os Grand Slams pelo
menos uma vez. Somente sete tenistas conseguiram esse feito: Fred Perry
(1935), Don Budge (1938), Rod Laver (1962, 1968), Roy Emerson (1964),
Andre Agassi (1999), Roger Federer (2009) e Rafael Nadal (2010).
O Jogo
Com a gana
de quem estava louco para conquistar apenas o segundo Grand Slam da carreira,
Wawrinka começou surpreendendo com a força nos golpes. O backhand
do suíço é sempre respeitado, mas foi com a direita que ele mandou duas
paralelas vencedoras, já dando o alerta a Djokovic de que a partida não seria
tranquila. O game também teve um ponto de 39 trocas de bola, vencido pelo
suíço. Apesar da vontade de sobra do rival, Nole não o deixou tomar conta do
set. Num sétimo game desastroso de Wawrinka, o número 1 do mundo conquistou a
quebra de zero, após dupla falta do oponente (4/3). Quando foi sacar para o
set, Nole precisou de muita potência no serviço para salvar um break point. Em
seguida, contou com uma bola do adversário para fora para fechar a parcial em
6/4.
Wawrinka
toma conta da partida
Com uma atuação mais consistente, Wawrinka pressionou o líder do ranking praticamente a todo momento. No segundo set, Djokovic só não teve ameaçado o primeiro game de saque, quando confirmou de zero o serviço. Foram quatro quebras desperdiçadas até o suíço ter o esforço recompensado. E justo quando vencia por 5/4. O quinto break point também era o set point: depois de os dois trocarem bolas, Nole se viu cada vez mais na defensiva e acabou alongando demais uma esquerda, o que estabeleceu o empate. O sérvio destruiu a raquete e foi para o banco bastante irritado com sua atuação – tinha 30-0 de frente no game.
Wawrinka
deu prosseguimento ao bom momento no terceiro set. As bolas sempre bem fundas eram
um tormento para o número 1 do mundo, que precisou salvar três break points
logo no seu primeiro game de serviço. Stan dominou o sexto game e obteve uma
quebra mais precoce que as anteriores, sem deixar Nole pontuar. Mesmo cometendo
dupla falta, salvou break point e abriu 5/2 na sequência. Com tudo dando certo
- até ponto por fora da rede marcou -, Wawrinka aplicou a virada ao fechar a
parcial em 6/3, novamente de zero.
Abatido, Djokovic contou com uma queda de
desempenho do adversário para abrir 3/0 no quarto set. No entanto, Wawrinka se
recuperou rapidamente, devolveu a quebra após longa troca de bolas no quinto
game e deixou tudo igual (3/3). Ainda sufocou o sérvio dois games depois
para sair do triplo break point e empatar de novo o set (4/4). O suíço
distribuiu paralelas e cruzadas matadoras de esquerda e se aproximou do título
ao quebrar o saque de Nole. Um game separava Wawrinka da conquista. Com direito
a match point salvo por Djokovic e break point bem defendido pelo 9º do
ranking, Stan selou a vitória com mais uma esquerda na paralela.
A campanha de Wawrinka
Primeira rodada: 3 x 0 Marsel Ilhan (TUR) - 6/3, 6/2 e 6/3
Segunda rodada: 3 x 1 Dusan Lajovic (SER) - 6/3, 6/4, 5/7 e 6/3
Terceira rodada: 3 x 0 Steve Johnson (EUA) - 6/4, 6/3 e 6/2
Oitavas de final: 3 x 0 Gilles Simon (FRA) - 6/1, 6/4 e 6/2
Quartas de final: 3 x 0 Roger Federer (SUI) - 6/4, 6/3 e 7/6(4)
Semifinais: 3 x 1 Jo-Wilfried Tsonga (FRA) - 6/3, 6/7(1), 7/6(3) e 6/4
Final: 3 x 1 Novak Djokovic (SER) - 4/6, 6/4, 6/3 e 6/4
Segunda rodada: 3 x 1 Dusan Lajovic (SER) - 6/3, 6/4, 5/7 e 6/3
Terceira rodada: 3 x 0 Steve Johnson (EUA) - 6/4, 6/3 e 6/2
Oitavas de final: 3 x 0 Gilles Simon (FRA) - 6/1, 6/4 e 6/2
Quartas de final: 3 x 0 Roger Federer (SUI) - 6/4, 6/3 e 7/6(4)
Semifinais: 3 x 1 Jo-Wilfried Tsonga (FRA) - 6/3, 6/7(1), 7/6(3) e 6/4
Final: 3 x 1 Novak Djokovic (SER) - 4/6, 6/4, 6/3 e 6/4
Globoesporte
==> Foto: AP
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