O Rexona-Ades é o campeão da Superliga feminina de vôlei 2014/2015. O
time carioca faturou o título neste domingo (26.04), diante de um
público de 14.991 pessoas, na Arena da Barra, no Rio de Janeiro (RJ), ao
levar a melhor sobre o Molico/Nestlé na grande decisão. O grupo
comandado pelo técnico Bernardinho venceu por 3 sets a 0, com parciais
de 25/21, 25/23 e 25/19, em 1h32 de partida, e conquistou o
decacampeonato.
Com a vitória, o Rexona-Ades segue em vantagem no histórico dos
confrontos diretos em decisões da Superliga, com sete títulos, contra
três do Molico/Nestlé. Na retrospectiva entre os times, foram 75
partidas, com 42 resultados positivos para o time do Rio de Janeiro e 33
para a equipe de Osasco.
No jogo que marcou sua despedida das quadras em solo brasileiro, a
levantadora do Rexona-Ades, Fofão, foi eleita a melhor jogadora da
partida e ficou com o Troféu VivaVôlei. A ponteira Natália, também do
time carioca, foi a maior pontuadora do confronto, com 16 acertos. A
atacante Gabi teve boa pontuação, com 12 acertos. Pelo lado do
Molico/Nestlé, a central Adenízia foi quem mais marcou, com 12.
O treinador campeão, Bernardinho, fez uma análise da partida e
parabenizou a equipe carioca pela postura ao longo da competição e no
jogo decisivo.
"Não esperava (o placar de 3 a 0), mas é aquela história. O segundo set
foi decidido por dois pontos, o terceiro estávamos atrás e abrimos no
final. Algumas jogadoras que cresceram na reta final, a Ivna, a Gabi,
que foram excelentes nas semifinais, principalmente, mas conseguimos
controlá-las e acabaram sendo substituídas. E conseguimos controlar a
Thaísa, que na nossa opinião, junto com a Dani Lins, é a jogadora mais
importante do Osasco, a válvula de escape", disse Bernardinho, que ainda
chamou a atenção para o início do duelo.
"A parte inicial foi muito importante, para mostrar que brigaríamos de
igual para igual e a coisa começou a dar certo, jogamos taticamente de
forma correta. O equilíbrio no segundo e terceiro set foram enormes.
Acho que foi fundamental termos jogado muito bem taticamente. Não vi
quantos pontos a Thaísa fez, mas para quem tinha feito na casa dos 20
pontos no último jogo, hoje foram muito poucos pontos (sete pontos) para
uma jogadora no nível dela. Jogamos bem e fomos comprimindo o bloqueio
em cima dela e isso foi deixando a Dani Lins sem opções em certos
momentos. Mas independentemente do placar o importante é a vitória, o
título e a Fofão encerrar aqui em casa de maneira tão bonita, tão
brilhante. Ninguém merecia um desfecho tão bonito e de ouro como ocorreu
com ela", garantiu Bernardinho.
No Molico/Nestlé, o técnico Luizomar não conseguiu esconder a tristeza
pela resultado, mas enalteceu o espírito de luta de sua equipe ao longo
da Superliga.
"Nós tivemos problemas, conseguimos nos ajustar a tempo de lutar pelo
título. Hoje, infelizmente, não fizemos uma boa partida e contra um time
como o Rexona, que foi o mais regular da competição, não se pode
desperdiçar nenhuma chance", disse o treinador, que completou: "A equipe
continua trabalhando. É um time que envolve a cidade, e a gente fica
frustrado, pois queria dar essa alegria aos torcedores. A Nestlé é um
grande patrocinador e marca mais uma vez sua história no esporte com
esta final", garantiu Luizomar de Moura
Uma carreira histórica
A 21ª final da Superliga feminina de vôlei ficou marcada pela despedida
das quadras brasileiras de um dos grandes nomes da história do voleibol
verde e amarelo. Aos 45 anos, a levantadora Fofão fez, neste domingo, o
seu último jogo em território brasileiro. E a despedida foi em grande
estilo. A jogadora conquistou o seu quinto título da competição - 98/99
pelo Uniban/São Bernardo (SP), 01/02, pelo MRV/Minas (MG), e, 12/13,
13/14 e 14/15 pelo Rexona-Ades - brilhou em quadra, foi eleita a melhor
da partida e se manteve como a alma de uma equipe que teve a melhor
campanha de todos os 13 times que participaram da competição.
A levantadora Fofão comentou sobre os momentos que antecederam a partida
e garantiu que o jogo ficará marcado para sempre em sua memória.
"A hora que eu chorei mesmo foi quando tocou o hino, mas foi muito
rápido, espero que ninguém tenha visto. Por mais que fosse um momento
difícil, não era a hora de demonstrar qualquer fraqueza. Olhei para as
arquibancadas procurando todo mundo que veio, procurando mãe, procurando
família, que é o único momento que eu reparo no que está ao meu redor,
pois quando começa o jogo eu me fecho ali e não vejo mais nada. Na hora
do hino fiquei refletindo e fiquei emocionada por uns segundos, mas
consegui controlar a emoção", disse Fofão, que ainda falou sobre a
oportunidade de ter passado por diferentes gerações do voleibol
brasileiros e a convivência com o treinador Bernardinho e com a ponteira
Gabi.
"Ter passado por três gerações foi uma experiência incrível. De repente
eu cheguei, era a mais nova, depois fiquei com a mesma idade e depois
virei a mais velha. Foi uma experiência de vida que nunca esquecerei.
Tive jogadoras que me ensinaram, eram craques e me deram referências
para eu virar capitã, mas ao mesmo tempo, jogadoras de gerações mais
jovens, como a Gabi, queria até falar para ela que ela de como ela me
ajudou neste ano. Eu acho que ela é especial, e acordar todo dia e olhar
para ela, não sabe como isso me fez bem. A alegria dela contagia todo
mundo, serve de motivação, eu precisava disso, virei moleca do lado
dela. Fazia coisas que eu me travei a vida inteira de fazer porque
achava que tinha muita responsabilidade. Ela me fez voltar no tempo e
ser feliz de novo. Ela nunca terá noção de quanto ela me fez bem",
afirmou Fofão, que ainda guardou palavras especiais para o treinador
Bernardinho.
"Aproveito o gancho para agradecer também ao Bernardo. Eu não poderia
estar em outro lugar, tinha que estar aqui para esse momento. Pois por
mais experiência que eu tenha, ele nunca me tratou como a Fofão, ele
sempre cobrou de mim, e era disso que eu precisava, não queria ninguém
passando a mão na minha cabeça. Se eu estivesse mal eu saía, senão dava
uma chance para ver se a coisa ia. Me tratava igual a todo mundo, pois
era isso que eu precisava, não queria estar aqui só porque sou a Fofão,
então esse respeito que ele teve comigo, a vontade que ele tem de vencer
me ajudaram. Ainda temos o Mundial que vamos buscar antes de eu fechar
esse ciclo, mas eu queria deixar registrado este agradecimento", disse
Fofão.
O treinador Bernardinho fez questão de elogiar Fofão pela dedicação e a
postura dentro e fora de quadra ao longo de uma carreira marcada por
títulos e uma incrível longevidade.
"O diferencial não tem muito a ver com um detalhe técnico ou tático, que
a gente respeita e faz, claro. Elas cumprem muito bem. Mas existe a
postura, a pessoa. E digo que a Fofão é um exemplo por isso. Não apenas
porque é uma grande jogadora, se transformou ao longos dos anos na maior
levantadora do país e do mundo, mas é a pessoa. Esse sorriso. Uma
preocupação que tenho apenas com a aposentadoria dela é quanto ela
sentirá falta disso. Ela não está irritada no hotel, na concentração,
está feliz de estar com as meninas. Uma paixão muito longa, bacana. É
uma menina de 45 anos, jogou mal e saiu chorando um dia, nas quartas de
final. Você vê a importância daquilo, do esporte, para ela. Com essa
idade, chorou porque não foi bem em uma partida. A gente busca pessoas
com esse tipo de postura, de atitude, paixão pelo que faz. E temos dois
exemplos aqui, uma jovem que já tem esse perfil, a Gabi, e está
construindo e uma que está se aposentando. Precisamos que as jovens se
inspirem nisso", ressaltou Bernardinho.
O nome de Fofão se tornou sinônimo de voleibol de qualidade. Campeã
olímpica em Pequim, 2008, a levantadora participou de cinco Olimpíadas
em sequência, de Barcelona, em 1992 a Pequim, em 2008, nas quais foi
ainda duas vezes medalhista de bronze, em Atlanta (1996), e Sydney
(2000). Foram ainda seis títulos do Grand Prix (94/96/98/04/06 e 08),
uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 1999, dois
vice-campeonatos mundiais, 1994 e 2006, além de outras conquistas com a
seleção brasileira.
A temporada da Gabi
Aos 20 anos, a ponteira Gabi, do Rexona-Ades (RJ), foi um dos destaques
na campanha da equipe carioca na Superliga feminina de vôlei 14/15. A
jovem jogadora terminou a competição como a maior pontuadora, com 426
pontos e ainda foi a atacante mais eficiente da competição. Para corar
um ano marcante, Gabi conquistou seu terceiro título (12/13, 13/14 e
14/15) consecutivo da Superliga pela equipe carioca e ganhou elogios do
treinador Bernardinho.
"A gente sempre busca um equilíbrio. Acertamos e erramos, mas estamos
sempre pensando em melhorar. Lembro quando vimos a Gabi jogar pela
primeira vez, atuando pelo Mackenzie, e pensei ‘quero essa menina
jogando conosco daqui algum tempo’. Vimos ali um potencial, e mais do
que potencial, alguém que joga com um sorriso no rosto, com uma energia
positiva. Jogadoras com esse espírito, e espero que chegue na idade da
Fofão com o espírito que ela chegou, é o que buscamos. E posso falar da
Carol, da Regiane, da Amanda. A Amanda estava chorando copiosamente. E
ela entra para sacar, vai lá e faz um ponto importante, fez diversos ao
longo desses anos", analisou Bernardinho.
A ponteira Gabi agradeceu as companheiras pela conquista e garantiu que a temporada ficará marcada pela despedida de Gabi.
"São três títulos que eu tive a oportunidade de conquistar aqui neste
time, e acho que cada um teve uma emoção diferente. Com certeza o deste
ano ficará marcado na minha carreira por ter tido a honra de participar
deste momento da despedida da Fofão. Foi uma temporada muito boa, tive
altos e baixos, conseguimos mostrar a força do nosso grupo,
principalmente na final", finalizou Gabi.
O JOGO
Depois de um contra-ataque, a cubana Carcaces fez o primeiro ponto do
jogo. A ponteira Natália conseguiu dois pontos de contra-ataque, as
cariocas viraram o marcador e abriram três (4/1). Bem no bloqueio, o
Rexona-Ades foi para o primeiro tempo técnico em vantagem (8/5). Quando o
placar estava 13/7 para a equipe do Rio de Janeiro, o treinador
Luizomar de Moura, de Osasco, trocou as opostos. Entrou Mari e saiu
Ivna. Com Natália se destacando no ataque e Carol no bloqueio, as
cariocas fizeram 16/8. O saque do Rexona-Ades incomodava a recepção do
Molico/Nestlé e a diferença no placar subiu para oito (21/13). O
Rexona-Ades segurou uma reação do time de Osasco e venceu o primeiro set
por 25/21. A ponteira Natália foi a maior pontuadora da parcial, com
nove acertos.
O Rexona-Ades seguiu melhor no início do segundo set e fez 4/2. A oposto
Régis conseguiu um ace e as cariocas seguraram a vantagem (6/4). Na
sequência, o treinador Luizomar de Moura pediu tempo. Quando o placar
estava 8/5, foi a vez de Luizomar de Moura inverter o cinco e um.
Entraram Diana e Ivna e saíram Mari e Dani Lins. Mesmo com as
substituições, o Rexona-Ades continuou melhor e fez 13/9. A central
Thaísa conseguiu um ace e a diferença no marcador caiu para dois
(14/12). O contra-ataque das cariocas voltou a funcionar e o Rexona-Ades
abriu cinco com um ace da ponteira Amanda (18/13). Bem no saque, o
Molico/Nestlé encostou no marcador (19/18). O Rexona-Ades foi melhor na
parte final da parcial e venceu o segundo set por 25/23. A ponteira cubana Carcaces foi a maior pontuadora da parcial, com seis acertos.
O Molico/Nestlé voltou melhor para a terceira parcial e fez 7/4. Bem no
bloqueio, a equipe de Osasco abriu quatro (9/5). O time carioca passou a
bloquear com mais eficiência e a diferença no marcador caiu para dois
(11/9). Se aproveitando dos erros da equipe de Osasco, o Rexona-Ades
empatou (12/12). A oposto Mari cresceu de produção e o Molico/Nestlé
abriu dois (15/13). Numa boa sequência de saques da central Juciely, o
time carioca voltou a liderar o marcador e abriu quatro (19/15). O
Rexona-Ades segurou a vantagem até o final da parcial e venceu o
terceiro set por 25/19 e o jogo por 3 sets a 0.
EQUIPES
REXONA-ADES - Fofão, Natália, Juciely, Carol, Régis e Gabi. Líbero - Fabi
Entraram - Roberta, Bruna, Amanda,
Técnico: Bernardinho
MOLICO/NESTLÉ - Dani Lins, Ivna, Adenízia, Thaisa, Carcaces e Gabi. Líbero - Camila Brait
Entraram - Mari, Samara e Diana
Técnico: Luizomar de Moura
GALERIA DE FOTOS
http://superliga.cbv.com.br/index.php/imprensa-superliga/galeria-de-fotos/item/3644-rio-de-janeiro-rj-26-04-15-rexona-ades-x-molico-nestle
SUPERLIGA FEMININA 14/15
FINAL
26.04 (DOMINGO) - Rexona-Ades (RJ) 3 x 0 Molico/Nestlé (SP) (25/21, 25/23 e 25/19)
LOCAL/HORÁRIO: Arena da Barra, no Rio de Janeiro (RJ), às 10h15
TEMPO DE JOGO: 1h32
TROFÉU VIVAVÔLEI: Fofão (Rexona-Ades)
MAIOR PONTUADORA: Natália (Rexona-Ades), com 16 pontos
AS MELHORES DO CAMPEONATO
Ataque - Gabi (Rexona-Ades)
Levantamento - Macris (Pinheiros)
Bloqueio - Carol (Rexona-Ades)
Defesa - Suelle (Sesi-SP)
Recepção - Camila Brait (Molico/Nestlé)
Saque - Mimi Sosa (Rio do Sul/Equibrasil)
Maior pontuadora - Gabi (Rexona-Ades)
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º - Rexona-Ades (RJ)
2º - Molico/Nestlé (SP)
3º - Sesi-SP
4º - Camponesa/Minas (MG)
5º - Dentil/Praia Clube (MG)
6º - Pinheiros (SP)
7º - Brasília Vôlei (DF)
8º - São Cristóvão Saúde/São Caetano (SP)
9º - Rio do Sul/Equibrasil (SC)
10º - São Bernardo Vôlei (SP)
11º - Maranhão/Cemar (MA)
12º - Uniara/Afav (SP)
13º - São José dos Campos (SP)
PÚBLICO TOTAL
Pagante: 7.348
Público total: 14.991
Renda total: R$ 264.445,00
==> Foto: Alexandre Arruda / CBV
0 comments:
Postar um comentário