O "muricybol" andava sumido. Priorizando um time de toque de bola, o
técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, já não vinha insistindo tanto num
estilo de jogo que era muito criticado, mas foi a base para o
tricampeonato brasileiro de 2006, 2007 e 2008: presença na área e
insistência nos chuveirinhos. Pois foi exatamente assim que o time saiu
do sufoco nesta quarta-feira, diante do San Lorenzo, pela Taça
Libertadores. Aos 44 minutos, depois de insistir muito em jogadas pelo
meio, Carlinhos fez o cruzamento pela esquerda na cabeça de Michel
Bastos: 1 a 0. Um placar magro, conquistado com sofrimento, mas que faz o
Tricolor respirar aliviado na competição.
Com o triunfo, o São Paulo vai a seis pontos e se consolida na
vice-liderança do Grupo 2, três atrás do Corinthians, líder da chave,
com nove. O San Lorenzo, com três, está em terceiro. O Tricolor ainda
teve um gol legal, de Centurión, anulado pela arbitragem.
O jogo
A bola na trave de Michel Bastos, após cruzamento de Pato,
logo no primeiro lance na partida, serviu apenas para iludir o torcedor
são-paulino. Deu a impressão de que aquele time apático dos últimos jogos havia
se transformado numa equipe dinâmica, veloz. Foi apenas um lampejo.
Pato torceu o tornozelo e foi substituído por Centurión aos
17 minutos. A essa altura, a torcida já resmungava com o excesso de passes sem
objetividade. Ganso, que começou o jogo aberto pela direita, inverteu de lado
com Michel Bastos, que começou na esquerda. Não surtiu muito efeito: canhoto, Michel
tendia a cortar para o meio, ajudando a afunilar ainda mais a partida.
Os volantes Denilson e Souza, muito adiantados, deixavam
muitos espaços às suas costas. Por ali, o San Lorenzo chegou a ameaçar. A
equipe argentina tinha uma estratégia muito clara: marcação forte com duas linhas de quatro e jogo no erro do adversário.
Quase conseguiu o gol aos 40, em cabeçada de Blanco que acertou o travessão de
Ceni.
A postura do São Paulo não mudou no segundo
tempo: o time seguia insistindo demais em jogadas pelo meio, por mais
que fosse óbvio que as jogadas pelas laterais eram as mais eficazes.
Quando investiu pelos lados, o Tricolor criou chances: Carlinhos entrou
pela esquerda e obrigou o goleiro a espalmar, no primeiro lance da etapa
final; Luis Fabiano acertou a trave em cobrança de escanteio (que
nasceu de uma jogada de fundo de Michel Bastos).
O
lance capital aconteceu aos 16 minutos - em jogada pelo lado: Luis
Fabiano cruzou da direita e achou Centurión livre na pequena área. O
argentino fez o gol, mas a arbitragem errou ao anular alegando
impedimento. O atacante estava na mesma linha. Vendo que o São Paulo
crescia, o técnico do San Lorenzo, Edgardo Bauza, colocou em campo os
jogadores titulares que começaram no banco por causa de desgaste:
Romagnoli, Mercier e Matos. O primeiro, camisa 10, acrescentou qualidade
ao meio-campo argentino, deu bons passes e chegou a colocar o Tricolor
em apuros.
Quando Souza pediu para sair, Muricy
Ramalho viu a oportunidade de pôr pressão sobre os argentinos: colocou
Kardec em campo e passou a atuar com dois jogadores enfiados na área.
Agora, o São Paulo tinha muito mais presença ofensiva, mas faltava o
detalhe, o toque que faz a diferença. Ele só veio aos 44 minutos, no
velho estilo "Muricybol". Carlinhos fez o chuveirinho e achou para
Michel Bastos, que entrava pela direita para mergulhar e fazer de
cabeça. Um gol que garantiu a vitória e tirou um enorme peso das costas
do Tricolor.
O São Paulo volta a jogar domingo,
contra o Marília, no Morumbi, pelo Paulistão. Na Libertadores, o próximo
compromisso será novamente contra o San Lorenzo, dia 1º de abril, em
Buenos Aires.
Globoesporte
==> Foto: Marcos Ribolli
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