Nomeado um dos dez melhores romances de 1999 pela prestigiosa revista
canadense Quill & Quire, Minha
Paris, de Gail Scott, chega ao Brasil pelas editoras
Autêntica e A Bolha, na coleção Just a Bubble, que apresenta ao leitor
brasileiro obras de literatura de vanguarda. Aqui, Paris é mostrada de
maneira peculiar, em um mergulho no cotidiano da vida comum levada entre
esquinas, vielas e boulevards.
A narradora é uma escritora canadense que mantém um extraordinário diário sobre sua estadia em um estúdio parisiense. Longe de ser uma típica turista, ela prefere ambientes fechados, assistindo ao vaivém da cidade pela televisão ou observando de sua janela o fluxo contínuo de mudanças na vitrine de uma loja de moda masculina do outro lado da rua; ou então, vaga pelas ruas, presa entre a nostalgia e a concorrência do presente, entre as ricas tradições culturais de Paris e a realidade do imperialismo ocidental. Desiludida por sua incapacidade de reconciliar essas contradições ou por seu próprio papel na sua perpetuação, ela congrega nas entradas de seu diário pedaços do presente, do passado, da arte, da filosofia, de si mesma e do mundo ao seu redor.
Ao lado de personagens anônimos – e do fantasma de Walter Benjamin – ela passeia por uma Paris cheia de contrastes: da poluição dos automóveis ao dourado no Rio Sena e ao céu de que Charles Baudelaire tanto gostava. Nesse grande mosaico de frases, original e rico, temos um registro das cenas cotidianas, contadas por meio do fluxo de consciência dessa canadense que briga com a concierge e, no instante seguinte, está fazendo sexo no canapé do pequeno apartamento. E as questões sociais não ficam de fora. A todo momento sabemos sobre a Bósnia, Sarajevo e Ruanda, seja pela televisão, seja pelas notícias do Le Monde, entremeadas pelas expressões faciais daquele que está ao lado dela no metrô. Provavelmente um imigrante africano, do “sul”, cujos documentos serão exigidos indiscriminadamente pela polícia.
A crítica não poupou elogios ao livro: "Uma obra de arte extasiante” (Eileen Myles); “Não é para os que não gostam de experimentações gramaticais. Mas para aqueles que gostam de brincar com a linguagem” (Mary Soderstrom); ou, ainda, “Esse é um romance de lugar, de um lugar urbano; um romance tão sobre Paris, que, por mais que soe como um cliché, Paris se torna a principal protagonista” (Brad Hooper).
Sobre a autora – Gail Scott vive no Canadá e leciona na Universidade de Montreal. É autora de seis livros, entre eles Heroine (Coach House, 1987; Talonbooks, 1999) e o aclamado Main Brides (Coach House, 1993; Talonbooks,1997). Seu romance My Paris (Mercury Press, 1999) foi selecionado pela revista Quill & Quire como um dos dez melhores livros publicados no Canadá em 1999. Scott foi nomeada, em 2001, para o Governor General’s Award, por sua tradução para o inglês do livro The Sailor’s Disquiet, de Michael Delisle.
Título: Minha Paris
Autora: Gail Scott
Tradução: Daniel Pellizzari
Número de páginas: 192
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 37,00
ISBN: 978-85-8217-196-7
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