“Tenho o direito de me considerar o primeiro filósofo trágico – quer
dizer, o extremo oposto e o antípoda exato de um filósofo pessimista.
Antes de mim, não se conhece essa transposição do dionisíaco em uma paixão
filosófica: falta a sabedoria trágica.” A filosofia de Friedrich Nietzsche
é um divisor de águas no pensamento filosófico ocidental. Ela demarca com
clareza a passagem do pensamento moderno ao pensamento contemporâneo,
pós-metafísico. Mas a recepção do pensamento de Nietzsche foi atravessada
por obstáculos variados. Um dos mais graves e difíceis foi sua associação
à ideologia nazista, patrocinada pela própria irmã de Nietzsche, Elisabeth
Förster. Entre Nietzsche e nós interpõem-se diversos parasitas: uma irmã,
duas guerras, ideologias e leituras mal-intencionadas. Tudo isso nos legou
uma imagem falsa de Nietzsche.
O célebre filósofo francês contemporâneo Michel Onfray pretende restituir um Nietzsche libertário, rigoroso e fecundo. Esta nova interpretação de Nietzsche agora está disponível para o público brasileiro em A sabedoria trágica: sobre o bom uso de Nietzsche, novo título da Coleção Filô, lançamento da Autêntica Editora.
Segundo Onfray, Nietzsche nos convida a desconfiar de tudo o que é opressor, tudo que bloqueia nossa singularidade, assim como nos incita a pensar o mundo para além do véu das ilusões. Como é possível ser nietzschiano? Sendo insubordinado: retribuímos mal a um professor se continuamos sendo apenas alunos.
Onfray sublinha o entrelaçamento indissolúvel entre experiência e pensamento promovido pelo filósofo alemão, elemento que confere uma integridade exemplar ao conjunto da sua reflexão. Articulada em torno da alegria de viver e da afirmação da existência, a filosofia nietzschiana reconstruída nestas páginas mostra-se plausível e estimulante, sem prejuízo do reconhecimento das altas qualidades poéticas da prosa de seu autor. Ao situar a leitura proposta em relação ao contexto da recepção francesa do último quarto do século XX, Onfray evidencia a força e a atualidade das ideias do filósofo, o que torna a obra um convite, tanto aos apreciadores como a seus críticos, à releitura do pensamento de Nietzsche.
A edição conta ainda com um importante apêndice em que a professora doutora Carla Rodrigues examina a recepção brasileira de Nietzsche.
Sobre o autor – Michel Onfray é um filósofo francês contemporâneo, nasceu em 1959, na cidade de Argentan, uma das mais importantes da Normandia. Foi na região que criou, a partir de 2003, três universidades populares como consequência de seu questionamento do ensino tradicional de filosofia. Seu pensamento é conhecido como uma teoria do hedonismo, do retorno ao vitalismo, do individualismo libertário, da “a-teologia” pós-cristã e da crítica à religião e seus valores opressores. São pontos a partir dos quais ele se aproxima do pensamento de Nietzsche e que fazem de A sabedoria trágica: sobre o bom uso de Nietzsche uma homenagem e uma defesa do filósofo alemão contra os discursos conservadores. É autor de mais de 60 livros, traduzido em mais de 20 países.
Sobre a tradutora – Carla Rodrigues é professora no Departamento de Filosofia da UFRJ, doutora e mestre em Filosofia (PUC-Rio), com pesquisa de pós-doutorado realizada no Instituto de Estudo da Linguagem (Unicamp). É uma das coordenadoras do Khôra – Laboratório de Filosofias da Alteridade, grupo de pesquisa UFRJ/CNPq. Atua na área de filosofia contemporânea, com ênfase no pensamento pós-estruturalista. É autora, entre outros, de Duas palavras para o feminino – hospitalidade e responsabilidade (NAU Editora/Faperj).
Título: A sabedoria trágica: sobre o bom uso de Nietzsche
Autor: Michel Onfray
Tradutora: Carla Rodrigues
Coleção: Filô – Série: FilôMargens
Número de páginas: 160
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 39,00
ISBN: 978-85-8217-381-7
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