Do ciberbullying à pornografia infantil: a necessidade da segurança na internet

Pesquisa divulgada pela AVG no começo de 2014 revela que 97% das crianças entre seis e nove anos de idade já usaram a web no Brasil e 54% delas já estão no Facebook, apesar da idade mínima da adesão ao site ser 13 anos. Essa realidade exige atenção de pais e educadores para orientá-las para o uso ético, seguro e legal da tecnologia, em especial a internet. Por isso, a Escola Santi vem promovendo encontros, como 19º FormaSanti Pais, realizado no final do primeiro semestre. Além da palestra com especialista em segurança digital, a oportunidade configurou-se como um momento para refletir, debater e, principalmente, esclarecer dúvidas e informar as famílias sobre estas questões, visando a prevenção de riscos e a formação de uma geração consciente.

O evento, realizado em conjunto com a iStart Ética Digital, por meio do Movimento Família Mais Segura, teve como a palestrante a advogada especialista em Direito Digital, Patrícia Peck Pinheiro. Ela, com sua experiência na área, possibilitou aos pais presentes a capacitação para a utilização correta da internet e das novas tecnologias. 

“Hoje a maioria dos pais acaba não se dando conta de todas as situações que seu filho dos oito aos 18 anos pode estar exposto no uso da internet, celular e mídias sociais. Muitas das recomendações não foram transmitidas pela geração anterior, porque estas tecnologias não faziam parte da realidade deles na época”, elucida a advogada. “Então, os pais de hoje, que possuem filhos nativos digitais, estão tendo que aprender sobre o tema para poder ensinar em casa, para dar o exemplo, exercer autoridade e exigir obediência.”

Para se ter uma ideia, o estudo da AVG revela que 76% das crianças entre três e cinco anos sabem desligar e ligar um tablet ou computador e 73% já utilizam algum game virtual. Esses números exemplificam a necessidade do cuidado de pais e de profissionais da área de educação com a orientação.

Patrícia abordou temas como, por exemplo, os direitos e a conduta em redes sociais como Instagram e Facebook presentes cada vez mais cedo no cotidiano infantil. Segundo a palestrante, a primeira dica para uso de redes sociais é respeitar a idade mínima indicada pelo serviço. “Estes ambientes envolvem interações com pessoas em qualquer lugar do mundo, logo, não é adequado deixar uma criança ou um jovem sozinho, no meio de tantos adultos com tantos tipos de intenções, sem que tenha um mínimo de maturidade para saber se proteger”, explica. 

Outra dica é que os responsáveis legais devem acompanhar os menores de perto para saber quem são seus amigos virtuais e orientar sobre a necessidade de proteger as informações sobre a família. “Não se deve publicar de forma aberta o número do celular, a rotina, os trajetos, os horários, o endereço onde mora, fotos do quarto e dos bens da casa e nem comentar quanto os pais ganham.”

Contudo, ainda há um desleixo quanto à preocupação com a formação das crianças no uso da internet, mesmo em países considerados mais desenvolvidos. De acordo com a Anscombe, aproximadamente 66% dos pais estadunidenses alegam que estão fazendo algo para proteger crianças e jovens de conteúdos impróprios na internet, mas na prática, apenas um em cada cinco realmente o fazem.

Para evitar isso, a palestra na Escola Santi dirigiu-se a pais de alunos que estão matriculados entre o 4º e o 9º anos. Eles tiraram suas dúvidas com a profissional e agora estão melhor preparados para a prevenção diante dos riscos do uso da internet por seus filhos e o seu próprio. Uma inquietação social diante de riscos alarmantes como pedofilia, divulgação de conteúdo sensual e prejuízo moral, como no caso do ciberbullying, que pode danificar o desenvolvimento da criança e do adolescente em casa e em seu meio social. 

A palestrante explica que na faixa até oito anos de idade o mais comum é a criança ser exposta a conteúdo não apropriado para idade. “Dos nove aos 12 anos, ocorrem mais situações relacionadas ao uso de celular e câmeras, com eventual compartilhamento de fotos mais íntimas e a criação de perfil em mídias sociais mentindo a idade”, conta Peck. “Entre 13 e 15 anos, o assédio aumenta e ocorre mais situações de pornografia infantil e pedofilia, até porque nesta idade já podem estar legitimamente nas mídias sociais e começa o ciberbullying e as ofensas digitais em geral.

De acordo com Patrícia, “a maioria dos pais ficou espantada com a quantidade de melhores práticas que ainda precisam ser implementadas em suas casas para a proteção dos filhos na internet”.

No site da Campanha Família Mais Segura [ www.familiamaissegura.com.br ], é possível conhecer de maneira gratuita materiais pedagógicos como um guia de postura nas redes sociais, e as infrações mais frequentes na vida dos usuários, discriminação, ato obsceno, ameaça, injúria, dentre outras, com suas respectivas leis, legislação e como são cometidas. Ainda há o passo a passo de como realizar compras on-line com segurança, além de uma lista de site úteis para instruir e reclamar e a aversão sobre os direitos legais do consumidor, assim como ler o livro A Internet Segura do Menino Maluquinho, que ensina de maneira divertida o uso seguro da internet. 

Sobre a palestrante – Patrícia Peck Pinheiro é advogada especialista em Direito Digital formada pela Universidade de São Paulo, com especialização em negócios pela Harvard Business School, MBA em marketing pela Madia Marketing School, formada pela Escola de Inteligência do Exército e Sócia Fundadora do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados. Árbitra do Conselho Arbitral do Estado de São Paulo – CAESP. Idealizadora do Movimento “Família mais Segura na Internet". Recebeu os prêmios “Security Leaders” em 2012, Advogada Mais Admirada em Propriedade Intelectual em 2010, 2011, 2012 e 2013; “A Nata dos Profissionais Segurança Informação” em 2006 e 2008.

==> Foto: Divulgação

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