Socioeducandos do DF vão fazer cursos preparatórios para vestibular e concursos

Os jovens da Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire) vão formar a primeira turma de alunos que irá se preparar para vestibulares, concursos públicos, e exames como o Enem e o PAS na entidade. É o que prevê o programa Um Futuro Melhor: Vencendo pela Educação, lançado nesta quarta-feira (2) pela Secretaria de Criança, em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil seção do Distrito Federal (OAB-DF), a Defensoria Pública e o Grancursos.

"Vai acontecer em duas modalidades. Em um primeiro momento, a turma será subdividida em grupos menores que participarão de aulas a distância. Posteriormente, os professores virão à Unire para uma atividade presencial, onde os estudantes irão tirar dúvidas e fazer exercícios", explicou a subsecretaria do Sistema Socioeducativo do DF, Maria Yvelônia Barbosa.

Essa primeira turma piloto, agendada para começar em agosto, terá 38 jovens em cumprimento de medida socioeducativa. A seleção desse grupo levou três fatores em consideração: idade entre 18 e 20 anos, cursar ou ter finalizado o ensino médio e ser interno da Unire. Quando essa turma finalizar o curso, que poderá durar até seis meses, a meta é alcançar socioeducandos de outras unidades de internação.

Segundo a responsável técnica e uma das idealizadoras do projeto, Cleiane Freires, o objetivo é assegurar aos internos a mesma oportunidade de capacitação, em comparação aos jovens do meio aberto ou semiaberto. "Um desses meninos me sugeriu que fosse criado um cursinho aqui dentro. Eu levei essa proposta para a secretaria e, a partir daí, começamos a buscar parceiros e viabilizar a devida infraestrutura".

O interno em questão estava presente no evento acompanhado dos pais. L.F.S.*, de 18 anos, pretende ser professor de Educação Física e inclusive já fez vestibular na área. "Estamos aguardando o resultado, mas mesmo se for aprovado ainda não temos as devidas liberações para que ele possa ir à faculdade. Porém, o mais importante é que ele siga estudando aqui dentro e não desista de seus objetivos", enfatizou o pai do garoto, um militar do Exército de 40 anos.

Tanto o Grancursos quanto a OAB-DF disponibilizarão professores e materiais para as aulas. A Defensoria também pretende contribuir com material de suporte para estudo. "Vamos oferecer mais do que conhecimento técnico. Queremos que eles conheçam questões referentes a cidadania. Saber sobre seus direitos e respeitar seus deveres para que possam se estabelecer em seu espaço na sociedade", disse o defensor público Ricardo Batista.

*A identificação do jovem foi suprimida de acordo com o estabelecido no Artigo 247 da Lei nº 8.069 do Estatuto da Criança e Adolescente para preservar sua identidade.

Ádamo Araujo, da Agência Brasília

==> Foto: Mariana Raphael

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