Autêntica lança livro com as ficções de Mil platôs, de Deleuze e Guattari

O filósofo francês Gilles Deleuze era um apaixonado pela literatura, à qual dedicou muitas e instigantes páginas de sua extensa obra. Entre os diversos autores sobre os quais se debruçou estão Samuel Beckett, Marcel Proust, Herman Melville, Virginia Woolf e Franz Kafka.

No livro Mil platôs, escrito em parceria com Félix Guattari, publicado em 1980, há um capítulo dedicado ao desenvolvimento da diferença conceitual entre os gêneros literários conto e novela. Essencialmente, para eles, o conto se estrutura em torno da pergunta “o que aconteceu?”, enquanto a novela gira em torno do eixo “o que vai acontecer?”.

Para ilustrar essa diferença, eles se utilizam, para a novela, dos exemplos de “Na gaiola” (Henry James), “O colapso” (F. Scott Fitzgerald), “História do abismo e da luneta” (Pierrette Fleutiaux) e “A cortina carmesim” (Barbey d’Aurevilly) e, para o conto, de “Um jeitinho” (Guy de Maupassant).

São essas ficções que estão reunidas no livro Quatro novelas e um conto: as ficções do platô 8 de Mil platôs, de Deleuze e Guattari, em tradução de Tomaz Tadeu, enriquecendo a coleção Mimo, coordenada por esse tradutor.

Em “Na gaiola”, Henry James narra, em seu peculiar estilo, as aventuras e desventuras de uma anônima telegrafista da era vitoriana ao tentar desvendar o que está por detrás das trocas de telegramas entre um importante cavalheiro e uma nobre dama já casada.

F. Scott Fitzgerald, em “O colapso”, conta, num texto situado entre a ficção e a autobiografia, as dificuldades existenciais de um jovem escritor da América dos anos vinte, ao tentar atravessar uma época de profunda depressão.

“História do abismo e da luneta” é uma espécie de fábula sobre o aparato de vigilância da era moderna. Não se pode deixar de pensar, ao ler esta pequena joia da francesa Pierrette Fleutiaux, no panóptico de Bentham e na análise que dele fez Michel Foucault em Vigiar e punir.

“Cortina carmesim” é uma deliciosa novela à moda antiga. Nesta que é, talvez, a melhor ilustração da pergunta que, na definição de Deleuze e Guattari, define a novela (“o que vai se passar?”), Barbey d’Aurevilly narra a fantástica aventura de um jovem oficial francês do século XIX, estacionado numa cidadezinha de província, ao se apaixonar pela filha do casal que o alberga como pensionista.

Finalmente, “Um jeitinho”, de Guy Maupassant, ilustra a pergunta definidora do conto (“o que se passou?”). Numa história muito breve, mas surpreendente, nos fala do estranho constrangimento sofrido por uma jovem senhora ao receber o amante em sua casa, enquanto o marido estava fora.

Filosofia e literatura. É o que nos brindam Deleuze e Guattari no platô 8 de uma de suas mais importantes obras. Filosofia e literatura. É o que nos brindam as ficções reunidas no livro Quatro novelas e um conto. Ao leitor, o prazer de pensar e se deliciar. 

Título: Quatro novelas e um conto: as ficções do platô 8 de Mil platôs, de Deleuze e Guattari 
Autores: F. Scott Fitzgerald, Guy de Maupassant, Henry James, Jules Barbey d’Aurevilly, Pierrette Fleutiaux
Tradução: Tomaz Tadeu
Número de páginas: 256
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 42,00
ISBN: 978-85-8217-393-0

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