Neymar Mecânico, Carrossel do Neymar, Neymáquina, Tiki-Neymar-Taka...
Há times que entraram para a história por seus estilos de jogo. Essa
Seleção poderá entrar para a história por ter Neymar. Até onde o Brasil
chegará na Copa do Mundo? Até onde Neymar permitir. E daqui para frente,
contra adversários mais poderosos, exigir que o garoto leve um país nas
costas é demais até para sua genialidade.
Diante de Camarões e um público de 69.112 no Estádio Nacional Mané
Garrincha, em Brasília, Neymar foi suficiente. Ele venceu os africanos
por 4 a 1. Sozinho? Não. Luiz Gustavo se fez gigante, Felipão ajudou
muito ao trocar Paulinho por Fernandinho, Fred voltou a marcar... Mas na
hora da dificuldade, do sofrimento, foi o menino das mechas louras quem
resolveu.
O Chile, no sábado, no Mineirão, em Belo Horizonte, a partir de 13h (de
Brasília), será um adversário bem mais difícil. Neymar vai precisar de
companhia mais qualificada, que parece ter se desenhado no segundo tempo
com mais bola no chão, um meio mais participativo e Fred confiante. E a
torcida vai precisar se lembrar das palavras de David Luiz: saber
sofrer.
Os dois gols de Neymar o colocaram na liderança da artilharia da Copa,
com quatro, e na quinta posição da tabela de goleadores brasileiros, com
35, atrás de Pelé (77), Zico (66), Ronaldo (62) e Romário (55). E à
frente de Rivaldo (34) e Ronaldinho (33). Mais que isso, ele sambou,
driblou, passou de primeira, tocou sem olhar... Há quem se incomode com
excessos de elogios ao garoto. Se for seu caso, peço perdão, mas sugiro
que nem continue lendo.
Só Neymar salva
O futebol é uma maluquice. Aos dois minutos, a Seleção era a melhor do
mundo, lembrava a de 70, jogava por música. Aos 30, era uma porcaria que
seria eliminada por Chile ou Holanda nas oitavas. Nem 8 nem 80. O
início impressionou, com infiltrações e a zaga camaronesa impedindo gol
de Paulinho, mas o resto preocupou.
O Brasil não teve calma, não teve inteligência para passear no frágil
sistema de marcação de Camarões, não teve meio-campo, mas teve Neymar. E
bastou. Com a enorme contribuição do gigante Luiz Gustavo, justiça seja
feita. O volante roubou a bola e cruzou para o craque. No centésimo
jogo do Brasil em Copas, Neymar fez o centésimo gol da Copa no Brasil.
Sintonia: Brasil, Copa, Neymar... Que assim seja!
Mas Nyom, que já havia empurrado Neymar em direção aos fotógrafos,
passou por Daniel Alves e empurrou a bola para Matip empatar. A Seleção
jogava mal. Vivia dos lançamentos de David Luiz, enquanto Paulinho, que
deveria buscar a bola e armar o jogo, se omitia da função.
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, o Brasil tem Neymar. Em nova
bola interceptada no campo de ataque, agora por Marcelo, o camisa 10
cortou para o meio e bateu no contrapé de Itandje, que tentou adivinhar a
trajetória do chute. Alívio.
Bem-vindo, Fernandinho!
Não é exagero. Em quatro minutos, Fernandinho fez mais do que Paulinho
nos 225 do Brasil na Copa. A substituição no intervalo ajudou o Brasil a
encurralar Camarões nos primeiros minutos. O volante, candidatíssimo a
ser novo titular, deixou Hulk na cara do gol. Não foi a primeira nem a
última vez que o “incrível” se viu nessa situação e não soube
aproveitar.
Em seguida, abriu para Marcelo, daí para Fred e caixa! Don Fredón, de
bigode e tudo, finalmente "pegou" e fez o primeiro dele no Mundial. O
comentarista de arbitragem da TV Globo, Arnaldo Cezar Coelho, disse que o
centroavante estava atrás da linha da bola no cruzamento de David Luiz,
ou seja, em posição legal.
Ramires no lugar de Hulk e Willian no lugar de... Neymar. Oscar sairia,
mas um pisão na perna do craque mudou os planos de Felipão. Melhor
mesmo. Coloquem-no numa redoma, levem-no nos braços e não deixem, em
hipótese alguma, que ele leve o segundo amarelo. O artilheiro, Luiz
Gustavo, Thiago Silva e Ramires terão de suportar mais dois jogos sem
serem advertidos: até as quartas de final.
O México abriu 3 a 0 na Croácia, na Arena Castelão, e precisaria de mais
um para roubar a liderança brasileira. Sofreu um, não marcou, e
Fernandinho ampliou em Brasília. O caminho do hexa está trilhado:
Mineirão, dia 28, Castelão, dia 4, Mineirão, dia 8, e Maracanã, dia 13
de julho. Mais quatro jogos para que o Maracanazo, o Uruguai, Ghiggia e
1950 virem um capítulo difícil de uma história com final feliz.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Jefferson Bernardes / Vipcomm
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